"Copom eleva juros bsicos da economia para 14,25% ao ano. Preo dos alimentos e incertezas globais influenciaram deciso" 254m
Quarta 19/03/25 - 18h4018h39, quarta-feira, da Agencia Brasil: Copom eleva juros bsicos da economia para 14,25% ao ano Preo dos alimentos e incertezas globais influenciaram deciso WELLTON MXIMO REPRTER DA AGNCIA BRASIL A alta do preo dos alimentos e da energia e as incertezas em torno da economia global fizeram o Banco Central (BC) aumentar mais uma vez os juros. Por unanimidade, o Comit de Poltica Monetria (Copom) aumentou a taxa Selic, juros bsicos da economia, em 1 ponto percentual, para 14,25% ao ano. Em comunicado, o Copom afirmou que as incertezas externas, principalmente pela poltica comercial do pas, suscitam dvidas sobre a postura do Federal Reserve (Fed, Banco Central norte-americano). Em relao ao Brasil, o texto informa que a economia brasileira est aquecida, apesar de sinais de moderao no crescimento. Segundo o Copom, a inflao cheia e os ncleos (medida que exclui preos mais volteis, como alimentos e energia) continuam em alta. O rgo alertou que existe o risco de que a inflao de servios continue alta e informou que continuar a monitorar a poltica econmica do governo. O comit segue acompanhando com ateno como os desenvolvimentos da poltica fiscal impactam a poltica monetria e os ativos financeiros. A percepo dos agentes econmicos sobre o regime fiscal e a sustentabilidade da dvida segue impactando, de forma relevante, os preos de ativos e as expectativas dos agentes., destacou o comunicado. Em relao s prximas reunies, o Copom informou que elevar a Selic em menor magnitude na reunio de maio e no deixou pistas para o que acontecer depois disso. Para alm da prxima reunio [a partir de junho], o Comit refora que a magnitude total do ciclo de aperto monetrio ser ditada pelo firme compromisso de convergncia da inflao meta e depender da evoluo da dinmica da inflao, ressaltou. Alm de esperada pelo mercado financeiro, a elevao em 1 ponto havia sido anunciada pelo Banco Central na reunio de janeiro. Essa foi a quinta alta seguida da Selic. A taxa est no maior nvel desde outubro de 2016, quando tambm estava em 14,25% ao ano. A alta consolida um ciclo de contrao na poltica monetria. Aps chegar a 10,5% ao ano de junho a agosto do ano ado, a taxa comeou a ser elevada em setembro do ano ado, com uma alta de 0,25 ponto, uma de 0,5 ponto e duas de 1 ponto percentual. Inflao A Selic o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflao oficial, medida pelo ndice Nacional de Preos ao Consumidor Amplo (IPCA). Em fevereiro, o ndice Nacional de Preos ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflao oficial, ficou em 1,48%. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE), o fim do bnus de Itaipu sobre a conta de luz e o preo de alguns alimentos contriburam para o ndice. Com o resultado, o indicador acumula alta de 4,87% em 12 meses, acima do teto da meta do ano ado. Pelo novo sistema de meta contnua em vigor a partir deste ms, a meta de inflao que deve ser perseguida pelo BC, definida pelo Conselho Monetrio Nacional, de 3%, com intervalo de tolerncia de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior 1,5% e o superior 4,5%. No modelo de meta contnua, a meta a ser apurada ms a ms, considerando a inflao acumulada em 12 meses. Em maro de 2025, a inflao desde abril de 2024 comparada com a meta e o intervalo de tolerncia. Em abril, o procedimento se repete, com apurao a partir de maio de 2024. Dessa forma, a verificao se desloca ao longo do tempo, no ficando mais restrita ao ndice fechado de dezembro de cada ano. No ltimo Relatrio de Inflao, divulgado no fim de dezembro pelo Banco Central, a autoridade monetria manteve a previso de que o IPCA termine 2025 em 4,5%, mas a estimativa pode ser revista, dependendo do comportamento do dlar e da inflao. O prximo relatrio ser divulgado no fim de maro. As previses do mercado esto mais pessimistas. De acordo com o boletim Focus, pesquisa semanal com instituies financeiras divulgada pelo BC, a inflao oficial dever fechar o ano em 5,66%, mais de 1 ponto acima do teto da meta. H um ms, as estimativas do mercado estavam em 5,6%. O comunicado do Copom trouxe as expectativas atualizadas do Banco Central sobre a inflao. A autoridade monetria prev que o IPCA chegar a 5,1% em 2025 (acima do teto da meta) e 3,9% no acumulado em 12 meses no fim do terceiro trimestre em 2026. Isso porque o Banco Central trabalha com o que chama de horizonte ampliado, considerando o cenrio para a inflao em at 18 meses. O Banco Central aumentou as estimativas de inflao. Na reunio anterior, de janeiro, o Copom previa IPCA de 5,2% em 2025 e de 4% em 12 meses no fim do terceiro trimestre de 2026. Crdito mais caro O aumento da taxa Selic ajuda a conter a inflao. Isso porque juros mais altos encarecem o crdito e desestimulam a produo e o consumo. Por outro lado, taxas maiores dificultam o crescimento econmico. No ltimo Relatrio de Inflao, o Banco Central elevou para 2,1% a projeo de crescimento para a economia em 2025. O mercado projeta crescimento um pouco menor. Segundo a ltima edio do boletim Focus, os analistas econmicos preveem expanso de 1,99% do PIB em 2025. A taxa bsica de juros usada nas negociaes de ttulos pblicos no Sistema Especial de Liquidao e Custdia (Selic) e serve de referncia para as demais taxas de juros da economia. Ao reajust-la para cima, o Banco Central segura o excesso de demanda que pressiona os preos, porque juros mais altos encarecem o crdito e estimulam a poupana. Ao reduzir os juros bsicos, o Copom barateia o crdito e incentiva a produo e o consumo, mas enfraquece o controle da inflao. Para cortar a Selic, a autoridade monetria precisa estar segura de que os preos esto sob controle e no correm risco de subir. 5p576s