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Waldyr Senna
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Por Waldyr Senna - 7/6/2013 17:00:36 |
Com o bicho caminho foi assim Waldyr Senna Batista No h demrito na afirmativa de que o traado irregular das ruas de Montes Claros relaciona-se com o tipo de transporte de trao animal predominante no ado remoto. No havia outro modelo. Trata-se de constatao de fato histrico. O historiador Hermes de Paula deixou registrado que a chegada cidade do primeiro veculo movido a combustvel provocou alvoroo no entorno da igreja da Matriz, poca o grande centro de convergncia da cidade. Apelidado de bicho caminho, de se imaginar a dificuldade encontrada para a locomoo do veculo de tamanho desproporcional. Foi assim, certamente, na maioria das cidades brasileiras. A diferena que, em muitas outras, a expanso se deu de forma controlada, com preservao do centro histrico. Em Montes Claros, so poucos os prdios remanescentes, pois no se cuidou de manter a caracterstica original, de forma que, at hoje, h demolies que no deveriam ocorrer, se prevalecesse preocupao maior em manter a parte histrica. No entanto, no que se refere largura das ruas, os es que se sucederam se omitiram. As ruas foram se estendendo seguindo o padro vigente, o que hoje gera problemas de trnsito, numa poca em que vistosos carres de luxo circulam pelas ruas em meio a carretas pesadas e outros obstculos. J so 170 mil veculos, de todos os portes, e 65 mil motos, sem se falar de milhares de carroas e outro tanto de infernais bicicletas. A grande expanso urbana de Montes Claros comeou nos anos 1940, quando surgiram os primeiros loteamentos, que poderiam ter sido direcionados para a correo das ruas tortuosas. Mas, por falta de viso da maioria dos es, no houve esse cuidado. Comeou com a Vila Guilhermina, que estrangulou quase uma dezena de ruas. E outros bairros vieram, como o So Jos, a Vila Ip, o Todos os Santos, todos prximos ao centro. O So Luiz e o Ibituruna tambm integram a lista. Houve tentativas, frustradas, visando a correo do grande defeito da rea urbana. No incio da segunda metade do sculo ado, o prefeito Simeo Ribeiro Pires fez aprovar na Cmara lei que institua o alargamento de ruas. Mas a proposta no foi bem entendida, tendo provocado reaes contrrias no prprio partido do prefeito, onde se temia perdas eleitorais decidiu-se ento pela revogao da medida. Duas dcadas depois, o prefeito Antnio Lafet Rebello props a implantao de grandes avenidas usando as reas das ruas Dr. Santos e Presidente Vargas, que se cruzariam na Praa Dr. Carlos. A proposta foi considerada demasiadamente radical, tendo provocado reaes exacerbadas. O lder da resistncia, curiosamente, era o ex-prefeito Simeo Ribeiro Pires. No final do sculo ado, sem alarde, foi aprovada a lei de uso e ocupao do solo, em vigor, que preconiza o alargamento de ruas, nos mesmos moldes da primeira e que dever produzir efeitos mais visveis ao longo das prximas dcadas. A iniciativa foi do ento vereador Jos Corra Machado, que virou nome de avenida construda pelo prefeito Jairo Atade. Mas nem por isso a cidade deixou de praticar aberraes que comprometem seu futuro. Uma delas a construo de 700 casas populares no extremo leste da cidade, ampliando a demanda por servios urbanos e inviabilizando a expanso naquela direo, gerando algo parecido com o desastre acontecido no Rio de Janeiro, na Cidade de Deus. E a implantao de grande loteamento, no trevo da estrada para Juramento, com lotes de meros 180m2, prevendo ruas estreitas, como sempre. Nesse sentido, h um rol extenso, a esta altura sem soluo. Como a desnecessria ampliao do permetro urbano, na istrao anterior, por mera coincidncia atendendo interesses de magnata financiador de campanha eleitoral. (Waldyr Senna o decano da imprensa de Montes Claros. tambm o mais antigo e categorizado analista de poltica. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 24/5/2013 17:10:39 |
Dois por um Waldyr Senna Batista O jornal deu a notcia, h poucos dias, como se ela fosse digna de comemorao: Montes Claros acabou de completar o emplacamento de 170 mil veculos. Considerando-se que a populao, segundo o ltimo recenseamento, era de 365 mil almas, conclui-se que a cidade conta com quase dois habitantes por veculo, incluindo crianas, idosos e invlidos. E essa estatstica extravagante s tende a agravar-se, pois a frota cresce razo de 500 novos carros postos em circulao, mensalmente, com o governo at subsidiando essa expanso, mediante reduo de impostos. E ela se transforma em algo aterrador, quando se agrega a esses nmeros as endiabradas 70 mil motos, que so um lance parte nesse festival enlouquecedor. No h espao suficiente na cidade para tantos veculos em ruas estreitas, com quarteires curtos, traado em xadrez irregular e pistas tomadas por crateras que se multiplicam e se ampliam. Tudo isso levado em conta, o resultado no poderia ser outro: congestionamentos quilomtricos e acidentes sucessivos, fazendo com que a emisso de gs carbnico piore a qualidade de vida da populao. E o pior que no h nenhuma iniciativa, nem a longo prazo, que permita supor que essa situao calamitosa venha a ser superada. Ao contrrio, a tendncia de complicar-se ainda mais, pois, apesar de tudo, a cidade dinmica, progride, cresce e se fortalece economicamente. Montes Claros foi feita para carros de boi, tal como grande quantidade de cidades brasileiras. Alis, Montes Claros no foi feita, ela se faz da maneira mais inconveniente possvel, sem planejamento e sem qualquer iniciativa que leve correo dos seus defeitos congnitos. E como ela deu certo, sua maneira, os problemas foram sendo postergados, de forma que no h como consertar isso que a est. O montesclarino ama sua cidade como ela . Se o problema a falta de espaos, j real, a soluo bvia a implantao de avenidas que permitam a eliminao de pontos de estrangulamento do trnsito. H vrias delas projetadas, algumas implantadas (Esteves Rodrigues e Jos Corra Machado) e outras no concludas (Sidney Chaves). Mas a de maior efeito seria o anel rodovirio, que ainda no saiu do papel, depois de enfrentar dificuldades que obrigaram a correo do seu traado. Est h mais de dez anos espera de autorizao para ser iniciado, mas ao que consta ameaado agora por questes de natureza eleitoral. As do Pai Joo e do Bicano tiveram servios de terraplanagem executadas que se perderam porque as obras no tiveram sequncia. Enquanto essas obras projetadas no se materializam, o crescimento da frota segue em ritmo alucinante, prestes a alcanar a proporo de duas pessoas por veculo emplacado. Se no houver medidas que facilitem a movimentao desses veculos, pode-se chegar quela anedota que fala de paralisao total do trnsito, obrigando todos a deixar seus veculos na rua e concluir o trajeto a p. (Waldyr Senna o decano da imprensa de Montes Claros. tambm o mais antigo e categorizado analista de poltica. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 17/5/2013 14:12:26 |
Sempre aos domingos Waldyr Senna Batista Ultimamente, a cada domingo, pelo menos uma casa antiga vai abaixo em Montes Claros, e bom lembrar que isso, pelo menos por enquanto, nada tem a ver com terremotos. So demolies programadas, e a bvia escolha dos domingos se d por facilitar a manobra das mquinas pesadas que espalham terra e entulhos por todos os lados. Concluda a tarefa, seria de esperar que se processasse limpeza da rea conflagrada mediante o uso de jatos dgua, mas a cidade ainda no alcanou o estgio de civilizao almejado para se dar esse luxo. Seria pedir demais. De forma que a eliminao da sujeira fica a cargo dos pneus dos automveis que, mal amanhece a segunda-feira, vo transformando em p a terra solta que chega s narinas desprotegidas dos pedestres apressados. Essa sanha demolidora j livrou a cidade de pelo menos uma dezena de casares, atraentes no ado, mas j agora comprometendo a paisagem urbana. E todos se indagam qual seria o destino a ser dado aos terrenos de repente desocupados. Muitos deles esto sendo usados para estacionamento rotativo, que se tornou negcio atraente, considerando-se as crescentes necessidades dos condutores de veculos, que disputam vagas nesse trnsito infernal de ruas estreitas, quarteires curtos e pistas esburacadas. Pode ser tambm que alguns desses terrenos venham a acolher espiges, que tm sido erguidos num processo de verticalizao que demorou a chegar, mas veio para ficar. Os montesclarinos, pressionados pelas circunstncias advindas da condio de cidade grande, esto tomando gosto de morar em apartamentos. J devem ser perto de cem os grandes edifcios, e tudo indica que eles se multiplicaro, gerando problemas que j deveriam estar sendo amenizados mediante a adequao da lei de uso e ocupao do solo. Ao que parece, mais uma vez a iniciativa privada chegou primeiro, gerando problemas que, para um dia serem solucionados, exigiro investimentos mais onerosos para o errio. Por enquanto, tome-se como exemplo o que est acontecendo na avenida Cel. Prates, uma das poucas reas atraentes da cidade. Ultimamente ela tem sido submetida a processo acelerado de degradao, a partir da instalao de uma grande central de comercializao de alimentos. O local imprprio a esse tipo de atividade, e a primeira conseqncia nefasta dessa inovao foi a expulso de famlias que residiam nas proximidades e que no aram os incmodos de cargas e descargas de jamantas, sem qualquer controle de horrios e sem limites veis para rudos produzidos por veculos. As casas esto sendo transformadas em pontos de comrcio e outras esto sendo edificadas destoando do estilo predominante na rea, essencialmente residencial. No levar muito tempo e ali se ver um amontoado semelhante ao que surgiu no entorno da Praa de Esportes. Nenhum ponto da cidade est imune a esse tipo de invaso. Mas o poder pblico, quando competente, pode atuar preventivamente, de forma a evitar o surgimento de empreendimentos predatrios, que nenhum compromisso tm com a preservao da qualidade de vida das populaes, que so compelidas a bater em retirada. Esses investidores inconvenientes chegam, se apossam dos lugares e neles permanecem apenas at quando estiverem obtendo retorno pelo investimento, o que prprio da atividade empresarial. Isso est acontecendo ali, agora, na mais atraente avenida da cidade, por omisso da Prefeitura e das istraes mais recentes. A demolio continuada de casares pode indicar que outros pontos surgiro, sem que algum consiga impedir. (Waldyr Senna o decano da imprensa de Montes Claros. tambm o mais antigo e categorizado analista de poltica. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 26/4/2013 16:33:41 |
Um terreno, dois donos? Waldyr Senna Batista A Prefeitura est devendo explicaes sobre a venda que fez Copasa de terreno situado na avenida Jos Correa Machado, que seria de propriedade do Municpio e que agora se sabe que teria sido vendido duas vezes. A operao consta de relato apresentado pelo gerente da empresa em Montes Claros, Daniel Antunes Neto, publicado no montesclaros.diariomineiro.net. O texto, apesar de no fazer qualquer meno ao assunto, pe em destaque rumores que h tempos circulam na regio, segundo os quais quadrilha organizada, com a cumplicidade de cartrio de cidade vizinha, apropria-se criminosamente de imveis, que so ados adiante. Pelo volume das transaes ilcitas de que se fala, pode-se imaginar que seria o fio da meada de um dos maiores escndalos j registrados no Norte de Minas. At ento esses negcios fraudulentos tinham como vtimas pessoas fsicas, especialmente donos de loteamentos que no teriam atendido corretamente a lei federal 58, substituda pela lei 6766, que regulamenta a matria, disso se valendo os criminosos. Agora os fatos envolvem dois entes pblicos, a Prefeitura e a Copasa, o que justificaria a interveno do Ministrio Pblico, da Polcia Federal e da Corregedoria da Justia na apurao dos fatos. Consta que, h dias, em entrevista coletiva, o prefeito Ruy Muniz teria feito referncia a essa ao criminosa, declarando: Esse pessoal tem de ir para a cadeia. Curiosamente, no saiu na imprensa essa declarao do prefeito, que por sinal tambm ainda no adotou qualquer medida legal para esclarecimento do assunto. . A nota do gerente da Copasa poderia servir como ponto de partida para a apurao do crime. Nela, ele afirma que o terreno pertenceu originalmente Fundao So Norberto, tendo sido depois objeto de disputa judicial, que se arrastaria at hoje. Interessada na aquisio do imvel, a empresa dirigiu-se Prefeitura, onde ficou sabendo de processo istrativo referente ao terreno. Ele diz ter conversado com o prefeito da poca (no revela quem era) e com procurador do municpio, aos quais fez ver que o negcio s seria concretizado depois de dirimidas todas as pendncias judiciais e claramente demonstrado quem seria o legtimo proprietrio do imvel. Neste sentido, obteve certido vintenria, retificao de rea e expedio de nova matrcula, o que, diz ele, deu segurana quase absoluta ao processo.( Por que quase?) O terreno foi a leilo pblico, no tendo havido lance, provavelmente devido s informaes negativas a ele relacionadas, segundo a opinio do gerente. A partir de ento, j no havia necessidade de licitao, e o lote foi oferecido Copasa, que diz ter-se munido de todas as garantias e, conforme a nota publicada, ... s fez o pagamento depois da escritura ter sido registrada em nome da Copasa, num processo absolutamente legal. Mas, acrescenta: Registra-se que o mesmo terreno foi comprado por Wilson Cunha das pessoas que reivindicavam a titularidade. Ou seja, a Prefeitura, apesar de todas as garantias legais oferecidas, vendeu Copasa imvel que j no lhe pertencia. O texto deixa claro que a Copasa est consciente de que realizou operao legtima. Tanto assim que at instalou placa no local. Mas como isso seria possvel diante da constatao de que o imvel teria sido vendido antes? Essa pergunta s poder ser respondida aps investigao formal a cargo de rgos cuja funo seja exatamente dirimir dvidas quanto legalidade de atos que envolvam o patrimnio pblico. (Waldyr Senna o decano da imprensa de Montes Claros. tambm o mais antigo e categorizado analista de poltica. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 12/4/2013 18:15:45 |
Noventa dias depois Waldyr Senna Batista Em noventa dias no se recupera o que durante quatro anos foi dilapidado. Mas, como o prefeito Ruy Muniz estabeleceu esse prazo para mostrar servio, a data tornou-se emblemtica e, ele, alvo de cobranas mais incisivas.Por ter itido, pelo menos implicitamente, que deve a eleio ao seu antecessor, o atual prefeito se v tolhido quando precisa fazer referncias herana maldita que lhe foi transmitida. Dia desses, em entrevista a propsito dos primeiros cem dias no exerccio da funo, ele pela primeira vez itiu, cheio de dedos, ter recebido a Prefeitura em situao financeira complicada, com muitas dvidas, o que, alm de bvio, ficou bem distante da realidade, pois pblico e notrio que a situao da Prefeitura era de terra arrasada, ao ponto de, nos ltimos meses do mandato anterior, a Polcia Federal e o Ministrio Pblico terem se tornado frequentadores assduos do casaro da Avenida Cula Mangabeira, onde funciona a Municipalidade. Com algumas medidas profilticas, o novo prefeito diz ter conseguido minorar a situao, recuperando em parte a imagem positiva da Prefeitura, no que tem sido ajudado pelas circunstncias, uma vez que, nos municpios, de maneira geral, todo incio de ano bafejado por melhor arrecadao, que reflete a cobrana de ICMS sobre as vendas do Natal e a arrecadao do IPVA, da qual os municpios tm direito metade, e, nos municpios maiores, como Montes Claros, o IPTU. No segundo semestre, receitas nessas rubricas tendem ao declnio, colocando em dificuldades grande parte das prefeituras. O prefeito Ruy Muniz, alm de contar com essa receita maior, disse ter adotado medidas istrativas internas que reduziram as despesas com o pessoal. Cortou de 12mil para 7 mil o numero de funcionrios contratados, o que significou economia de R$8milhes mensais na folha de pagamento. O curioso, nessa operao, que o mercado de trabalho no se assustou, nem com maior oferta de mo de obra, nem com protestos, e, na Prefeitura, o atendimento tambm no se complicou. Quem primeiro estabeleceu os cem primeiros dias de governo como marco para deslanche foi o falecido presidente John Kenedy, dos Estados Unidos. Depois dele, o procedimento se estendeu em escala mundial, funcionando como uma espcie de anteparo aos governantes e ponto de partida para a nova etapa. Eles imaginavam que, desta forma, poderiam estar imunes a manifestaes de repdio. Assim sendo, a partir de agora o prefeito Ruy Muniz a a exercer o mandato em sua plenitude, expondo-se inclusive a vaias. A primeira delas ocorreu no incio do ms, quando ele participava de evento esportivo no ginsio coberto da Praa de Esportes. (Waldyr Senna o decano da imprensa de Montes Claros. tambm o mais antigo e categorizado analista de poltica. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 5/4/2013 16:01:35 |
Quem pode, pode Waldyr Senna Batista O noticirio pouco atrativo da Cmara Municipal deixou escapar, dia desses, que cada vereador de Montes Claros tem a sua disposio um veculo, com motorista de planto. A frota pertence a empresa sediada no Esprito Santo, contratada mediante licitao pblica. O custo dessa prebenda no foi revelado, mas fcil de imaginar. O curioso que, at ento, a operao no tenha sido de conhecimento amplo, embora tenha tido divulgao pelo edital publicado na imprensa, que, pouco atenta, no deu a devida importncia ao fato. Alis, desde algum tempo, o noticirio da imprensa local tem deixado a desejar, incorrendo em omisses imperdoveis, como nesse caso. Ele faz lembrar o rebulio causado, coisa de trinta anos atrs, quando alguns vereadores acharam por bem adquirir um veculo para uso comum dos integrantes do Legislativo. O carro foi comprado depois de acirrada discusso, e o uso dele confirmou a previso dos que se opunham ao dispndio: o veculo foi usado com objetivos meramente eleitoreiros, privilegiando os vereadores que se mostravam mais afoitos ou que desfrutavam de influncia junto direo da Cmara. Mas o assunto acabou saindo do foco, tendo o brinquedo se desgastado rapidamente pelo uso constante nas pssimas estradas rurais,que so ruins devido, em grande parte, exatamente ao descaso dos prprios vereadores. V-se agora que a mordomia no foi esquecida. Ela foi retomada sem alarde, com a agravante de se estender a todos os componentes do Legislativo, que atualmente somam 23 vereadores. Eles tm disposio carro e motorista, pagos pelo contribuinte, a fim de facilitar o contato com seus redutos eleitorais. Isso certamente ir refletir na melhoria das condies de vida nos distritos, que no mais tero como reclamar do abandono a que so relegadas as populaes rurais. Com a posse da nova Cmara Municipal, ampliada, fez-se necessria a renovao da locao de veculos para o conforto dos vereadores. Para tanto, procedeu-se a nova licitao, na forma do edital publicado discretamente na imprensa local, que mais uma vez no tugiu nem mugiu. A licitao estava prevista para o dia 15 de maro, tendo como objeto, segundo o edital, a Contratao de empresa especializada para locao de veculos de mdio conforto a serem utilizados pelos vereadores da Cmara Municipal de Montes Claros. Detalhe importante: antes de publicar o edital, a presidncia da Cmara consultou os vereadores sobre a convenincia de contratar a mordomia e, surpreendentemente, um deles manifestou-se contrrio operao. Pelo inusitado do procedimento, vale registrar para a histria o nome do dissidente: Eduardo Madureira, eleito pelo PT. Ele merece o destaque porque, com essa atitude, est contrariando at exemplo que vem de longe e de cima: a presidente Dilma Roussef, para visitar o papa Francisco, levou ao Vaticano comitiva de 52 acompanhantes, aboletados no aerolula da Presidncia da Repblica. O eio custou cerca de R$ 350 mil, sem contar o custo operacional pelo uso da aeronave. E note-se que o novo Papa assumiu prometendo uma Igreja pobre, voltada para os pob res. O que no o caso do Brasil ( e da Cmara de Montes Claros, por que no?) . Pas rico outra coisa... A propsito, um dos principais jornalistas do Brasil, lio Gaspari, em sua coluna, na Folha de S. Paulo, listou uma srie de mordomias que dirigentes do Judicirio brasileiro se atribuem em razo dos cargos que ocupam. Entre elas, o uso indevido de veculos oficiais por ex-conselheiros do CNJ ( Conselho Nacional de Justia). O jornalista, que j morou nos Estados Unidos, concluiu seu comentrio mostrando a diferena: Na Corte Suprema dos Estados Unidos s quem tem essa mordomia o presidente da Corte, no exerccio do cargo. (Waldyr Senna o decano da imprensa de Montes Claros. tambm o mais antigo e categorizado analista de poltica. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 8/3/2013 16:22:07 |
Dvida que cresce Waldyr Senna Batista A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) determina que o prefeito que sai s pode deixar restos a pagar ao seu sucessor se houver previso de receita suficiente para cobrir a dvida. Entretanto, o que se tem visto, na quase totalidade das prefeituras, o total desapreo a esse dispositivo. Na renovao dos mandatos, neste ano, elas se apresentaram em estado falimentar, com dvidas que no vo desaparecer nem com manobras contbeis e muito menos com e de mgica. Em Montes Claros, durante a campanha eleitoral, falava-se em herana maldita de R$ 80 milhes. Terminada a eleio e empossado o novo prefeito, esse dbito j era estimado em R$ 240 milhes. E agora, na prestao de contas referente ao ltimo quadrimestre do ano ado, na Cmara Municipal, conforme preceitua a LRF, o contador-geral da Prefeitura, Sandro Lobo Arajo, bateu o martelo: a dvida de R$ 290 milhes, cifra que se presume definitiva. Presente ao ato, o prefeito Ruy Muniz no pareceu nem um pouco afetado com o que poderia inviabilizar a sua istrao, o que compreensvel, porque ele mesmo disse que sabe onde est o dinheiro para realizar o programa que defendeu durante a campanha. Dvida, na istrao pblica brasileira, o de menos: elas podem ser manipuladas com aplicao de variados artifcios, como parcelamentos, prorrogao, perdo e outros. o que se chama de empurrar com a barriga. O contador da Prefeitura esclareceu que o dbito foi construdo, ao longo de dcadas, sendo R$ 93 milhes relativos ao ano ado, a que se somam R$ 44 milhes de anos anteriores e R$ 12 milhes de despesas extraoramentrias. A esses valores acrescentam-se mais R$ 142 milhes de dvidas do municpio com a Unio, incluindo INSS e o programa Cidades de Porte Mdio. Este ltimo citado por praticamente todos os prefeitos, com a inteno dissimulada de desgastar a imagem do falecido prefeito Antnio Lafet Rebello, que o implantou e com isso mudou a imagem de Montes Claros. O importante, no caso desse programa, no quem paga, porque quem paga o municpio. O que importa que o projeto foi executado, quando se sabe de outros que consumiram dinheiro pblico sem que as obras tenham sido feitas. H tambm quem se proclame o nico prefeito da histria de Montes Claros que no contratou emprstimo de qualquer natureza para a realizao de obras, no tendo, portanto, contribudo para a formao desse bolo de R$ 290 milhes da dvida. Quem assim se apresenta o ex-prefeito Jairo Atade, e verdade. Vale relembrar tambm o episdio histrico do grupo dos onze, liderado pelo vereador Ivan Lopes, j falecido, que negou aprovao para a de contrato do Projeto Soma, similar ao Cidades de Porte Mdio. Ele previa a adoo de emprstimos vultosos para realizao de obras. O grupo dos onze (11 dos 21 vereadores) entendeu que o prefeito da poca no merecia confiana para istrar dvida desse porte. Foi a nica vez, at hoje, que a Cmara adotou posio de enfrentamento ao Executivo e a levou at o final, apesar da reao do ento prefeito, Luiz Tadeu Leite. Aps dois meses de istrao, em que tem procurado sanear as finanas da Prefeitura, o prefeito Ruy Muniz ainda no deixou claro o grau de relacionamento que pretende manter com a Cmara Municipal, que veio da posio de completa subservincia em relao istrao anterior e, ampliada e renovada, ainda no marcou presena. A tendncia do prefeito, ao que tudo indica, deixar que as aes fluam, na base do cada um com seu cada qual... (Waldyr Senna o decano da imprensa de Montes Claros. tambm o mais antigo e categorizado analista de poltica. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 1/3/2013 18:05:21 |
Coisas de iluminado Waldyr Senna Batista Eu sou iluminado dizia o prefeito Ruy Muniz em conversa informal com pequeno grupo de pessoas que se formou ao redor dele aps a solenidade de posse do empresrio Edilson Torquato na presidncia da Associao Comercial. Segundo o prefeito, as coisas tm se desenvolvido to bem na Prefeitura, que os noventa dias de prazo que solicitou para por ordem na casa j no so necessrios: bastaram sessenta. E explicou como se deu o milagre: a arrecadao prpria da Prefeitura (IPTU, ITBI, ISS e taxas) surpreendeu, superando todos os limites anteriores; as transferncias do FPM (Fundo de Participao dos Municpios) bateram recordes; e o IPVA, de que a Prefeitura recebe 50%, nunca foi to expressivo. Isso, somado a medidas istrativas adotadas desde o primeiro momento, diz ele, permitiu aliviar bastante as dificuldades financeiras da Municipalidade, que praticamente ps em dia a folha de pagamento e os compromissos com fornecedores. S com a folha, graas reforma istrativa implantada, houve economia de R$ 8 milhes. Assim, ele prev que, dentro em breve, tudo estar sob controle. Dizendo-se otimista inveterado, Ruy Muniz anunciou duas notcias que surpreendero a turma da imprensa. So dois furos: 1) ele j encomendou equipamentos de grande porte para a Esurb, que, na sua istrao ele garante que ser transformada na maior empresa de engenharia do Norte de Minas. bom lembrar que a istrao anterior cogitava extinguir a empresa. Indagado como operao to vultosa no foi antecedida de licitao, ele respondeu: Estamos em regime de calamidade decretado devido s chuvas de janeiro, o que dispensa a realizao de concorrncia pblica. Detalhe: os salrios dos engenheiros da Prefeitura aram de R$ 1,5 mil para R$ 5 mil. 2) as guias de cobrana do IPTU j esto sendo confeccionadas, esperando o prefeito que a arrecadao, a partir de maro, ganhar novo impulso. Foi-lhe perguntado qual ser o ndice de reajuste. Resposta dele: Zero. No haver reajuste. O IPTU deste ano ser o mesmo que foi cobrado no ano ado. Considerando-se que, historicamente, a inadimplncia supera a casa dos 60%, o resultado da arrecadao poder no corresponder ao que o prefeito espera para cobrir a herana maldita que lhe deixou seu antecessor. Ela alcana R$240 milhes, conforme ele revelou em reunio com vereadores na ltima quinta-feira. Mas seu grande lance ainda est em gestao e no foi citado nem na ACI,nem no encontro com os vereadores . Consiste na reabertura do debate sobre a concesso do abastecimento de gua da cidade. Literalmente, o Prefeito est colocando a Copasa contra a parede, o que pode alcanar repercusso na mdia estadual. Basicamente, o debate envolve a ETE (estao de tratamento de esgotos), que ainda no entrou em funcionamento, embora a empresa cobre pelo servio valor equivalente ao da gua tratada. A Prefeitura pleiteia da Copasa somas de recursos que viabilizaro as obras prometidas pelo prefeito durante a campanha. Ela ameaa rescindir o contrato. (Waldyr Senna o decano da imprensa de Montes Claros. tambm o mais antigo e categorizado analista de poltica. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 22/2/2013 12:54:55 |
Fico e realidade Waldyr Senna Batista Na novela da televiso, o personagem de Dias Gomes o prefeito Odorico Pagagua, de Sucupira baixou decreto obrigando os burros da cidade a usar fraldas, para evitar o emporcalhamento das ruas. Aqui, ainda no se chegou a tanto, mas promete. Por enquanto, as carroas puxadas a burro devero ser emplacadas, com nmeros, e os animais nelas utilizados, marcos a ferro em brasa, com a numerao da carroa, a fim de que se identifiquem os verdadeiros culpados pelos entulhos lanados em terrenos baldios e outros locais imprprios. Uma medida coercitiva, cuja finalidade levar os donos de carroas a cumprir determinao da Prefeitura, que vai designar os locais onde os carroceiros podero lanar entulho e lixo. De certa forma, trata-se de retorno aos tempos buclicos, em que carroas e bicicletas eram emplacadas mediante o pagamento de taxa. Desde ento, a cidade evoluiu, o municpio criou outras fontes de receita, o que invalidou o discurso usado por polticos espertos para condenar as medidas com fins eleitoreiros. Nas urnas, o sucesso foi imediato, sob a alegao de que ciclistas e carroceiros no deveriam ser taxados pelo poder pblico, que, ao faz-lo, estava tirando o po da boca de pessoas pauprrimas. No caso dos ciclistas, com a agravante de que, periodicamente, as magrelas no emplacadas eram apreendidas e lanadas, aos montes, em carrocerias de caminhes da Prefeitura. Uma desnecessria exibio de fora. Com a reedio do emplacamento das carroas, agora, a inteno alegada de carter esttico e sanitrio, porque no issvel que, numa cidade que se apresenta como evoluda e civilizada, restos de construo continuem sendo lanados a esmo. O emplacamento dos veculos e a marca a fogo do animal, segundo se alega na Prefeitura, tem apenas o propsito de facilitar a identificao do dono do animal, para aconselhamento e solicitao(ao dono do animal, e no ao animal, claro) no sentido de colaborar com a cidade. Apesar das boas intenes e dos esclarecimentos, dificilmente a medida alcanar os objetivos almejados. A experincia ensina que medidas coercitivas que no sejam acompanhadas de penalidades dificilmente obtm xito. No incio da vigncia delas, talvez sim, mas, com o ar do tempo, tudo tender ao retrocesso. Mas no custa tentar. mais ou menos como no caso dos mototaxistas. No h como controlar o exerccio dessa atividade, que surgiu como consequncia do desemprego e j envolveu na cidade segmento estimado em cinco mil pessoas, que prestam servio de utilidade, principalmente quando se refere ao transporte de pequenos volumes. No tocante conduo de ageiros, h restries, devido ao elevado risco, que faz encher os consultrios dos ortopedistas e as enfermarias dos hospitais. Essa talvez seja a distncia entre fico e realidade, que Dias Gomes soube manipular como ningum, com personagens que ficaram no imaginrio, entre eles o Pagador de Promessas. (Waldyr Senna o decano da imprensa de Montes Claros. tambm o mais antigo e categorizado analista de poltica. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 15/2/2013 18:56:33 |
A seca que no terminou Waldyr Senna Batista Choveu. Mas choveu to pouco que, na prtica, a seca no terminou. A do ano ado estendeu-se ao ano em curso, redundando at em certa confuso na cabea de quem trabalha ligado ao instvel regime chuvoso. Desta vez houve inverso: em dezembro praticamente no choveu e, tambm, no aconteceu o tradicional veranico de janeiro, porque no perodo choveu como nunca, inclusive com pancadas de derrubar barraces e destruir avenidas mal construdas. Em compensao, fevereiro tem sido marcado pela escassez, com chuvas espordicas, delineando-se panorama preocupante, ao final do perodo, porque haver pastagem de menos e gado de mais. Prevendo catstrofe a partir de agosto/setembro, os proprietrios rurais esto adotando medida de cautela, pondo venda seus rebanhos, a fim de evitar que as reses venham a morrer por inanio. E porque todos pensaram igual e procederam da mesma forma, est se dando o chamado efeito manada, com o mercado tornando-se vendedor, derrubando os preos, sem que haja compradores. Se ocorrer chuva em maro ou abril, ser insuficiente para a recuperao dos danos, e pode ser at prejudicial, porque far brotar capim, que ser consumido pelo gado, deixando tudo em estado de terra-arrasada . A seca do ano ado, que era classificada como a mais rigorosa dos ltimos tempos, ser superada pela deste ano, que na verdade mero prolongamento da seca anterior. Dito assim, sem meias palavras, parece excesso de pessimismo. E . Mas pessimismo fcil de ser avaliado diante do que se viu at agora. Os pecuaristas esto apavorados, muitos falando at que deveria ser cancelada a prxima exposio agropecuria, cujos preparativos j foram iniciados. Para esses fazendeiros, a mostra, sempre alardeada como a grande festa da agropecuria regional, tende desta vez a ser contaminada pelo desnimo. Eles temem que, diante da seca que no terminou, poder no haver o que comemorar. As notcias que vm do extremo Norte de Minas no so animadoras. Por incrvel que parea, j est faltando gua em vrios municpios. Caso de Espinosa, Mamonas e adjacncias, a mesma regio em que, no ano ado, faltou gua at para o consumo humano. O abastecimento, naquelas cidades, foi garantido por carros-pipa que, no auge da crise, chegaram a quinze por dia. Eles esto em vias de ser novamente acionados, mal iniciado o ano. A barragem de Estreito, no rio Verde Pequeno, divisa com a Bahia, que secou no ano ado, no se recuperou e vai secar de novo, bem mais cedo. O Gorutuba, em Janaba, cortou, provocando reduo jamais vista no nvel da barragem de Bico da Pedra. E as notcias alarmantes esto apenas comeando. Na primeira metade do sculo ado, em que a economia norte-mineira se resumia agropecuria, seca na proporo da atual condenava a regio ao caos. Os prejuzos eram principalmente de ordem social, devido fome que lanava nas estradas poeirantas os retirantes em direo s cidades de maior porte, como Montes Claros, que tinha como resposta apenas os trilhos que levavam a So Paulo. Hoje, a agropecuria a quarta componente do novo perfil econmico da regio, superada pela indstria, pelo comrcio e pelos servios. Essa diversificao faz com que a regio possa melhor absorver os danos provocados pelas sucessivas estiagens, como certamente ir acontecer mais uma vez, apesar do rigor desta seca que no terminou. (Waldyr Senna o decano da imprensa de Montes Claros. tambm o mais antigo e categorizado analista de poltica. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 18/1/2013 15:51:18 |
Fumac de volta Waldyr Senna Batista O retorno do fumac e a retomada regular da coleta de lixo, que seriam atos de rotina, acabaram sendo usados pelo prefeito Ruy Muniz como medidas de efeito para mostrar que a cidade voltou a ter comando. Em nenhum momento ele disse isso, mas, para bom entendedor... O fumac esteve ausente das ruas nos ltimos tempos, enquanto o surto da dengue ia se transformando em epidemia. Atualmente, na cidade, em cada casa, haver ao menos uma pessoa que j teve a doena ou que esteja apresentando sintomas dela. Alis, o prprio prefeito pode atestar isso na pele... As vtimas contam-se aos milhares, sem que a Prefeitura tenha acionado o sistema preventivo ou adotado ao profiltica para deter a doena, embora tenha contado com recursos do governo federal. Essa a razo pela qual o retorno do fumac transformou-se em festa. O lixo, acumulado nas ruas, nas caladas e nos terrenos baldios, no apenas envergonhava a populao, como mostrava o nvel de desgoverno predominante na cidade, cuja prefeitura no acionava os instrumentos necessrios para recolher os detritos que tambm incrementavam a proliferao do mosquito. A nova istrao enxergou, nos dois setores, a forma ideal de demonstrar eficincia e disposio de trabalhar. No fundo, no fundo, o propsito era de marquetagem, para marcar presena como acontece frequentemente quando da mudana de istrao. Ainda que esta tenha sido a inteno, ela ter sido oportuna, cabendo Prefeitura continuar agora atuando de forma a consolidar a imagem positiva obtida. O que no pode limitar-se a essa ao inicial em que se percebeu a improvisao, com a utilizao de veculos e ferramentas improvisados, confirmando-se as informaes de que, nesse caso como nos demais setores, os equipamentos esto sucateados. Seja como for, o que importa manter em funcionamento as duas frentes, at que se superem os obstculos que levaram a cidade a essa situao catastrfica. O novo prefeito pediu prazo de noventa dias para reverter a situao, mas teme-se que ele foi demasiado otimista e acabar tendo de ampliar esse prazo de tolerncia. Tudo se resume na existncia de recursos financeiros, havendo alguma esperana de que a tendncia favorvel, ajudada pela arrecadao do IPVA (a metade da receita do municpio) e do IPTU (a partir de abril), apesar de, quanto a este, incidir sonegao histrica superior a 60% da receita estimada. Outro ponto de desequilbrio, que a folha de salrios, cujo montante alcana assombrosos R$ 18 milhes/ ms, o prefeito, cumprindo o que anunciou, montou sistema pelo qual pretende eliminar os funcionrios fantasmas e o empreguismo desenfreado, imaginando que, por esse meio, poder reduzir em um tero a despesa. A primeira etapa do processo j foi cumprida, com a reduo do nmero de secretarias, cada uma com titulares, adjuntos, chefes e subchefes, alm de protegidos, afilhados e apaniguados de vereadores insaciveis Vale registrar, a propsito, observao contida no discurso pronunciado na solenidade de posse, pelo representante do ex-prefeito, o ex-secretrio Pedro Narciso, segundo o qual, nas ltimas dcadas, Montes Claros foi vtima do apadrinhamento poltico. Como figura de destaque no cenrio poltico do municpio desde os anos 1980, o ex-vereador e tambm ex-deputado e ex-vice-prefeito sabe do que est falando. Mas, aparentemente, sua declarao ou despercebida, no tendo sido registrada pelos operosos rapazes da imprensa presentes ao ato de transmisso do cargo. (Waldyr Senna o decano da imprensa de Montes Claros. tambm o mais antigo e categorizado analista de poltica. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 14/12/2012 15:01:23 |
Clima de enterro Waldyr Senna Batista O oramento da Prefeitura para este ano, que do ponto de vista fiscal j terminou, previa receita de R$ 663 milhes, cifra que no foi alcanada, embora os nmeros oficiais ainda no tenham sido divulgados. O do prximo exerccio, aprovado pelo Legislativo nesta semana, estima em R$ 715 milhes a arrecadao, mas isso no significa rigorosamente nada, pois o dinheiro a ser arrecadado tem destinao definida. o chamado dinheiro carimbado. Neste ano, para se ter ideia, apenas os cinco maiores setores consumiram 71,95% de toda a arrecadao: Sade, R$ 224 milhes (33,85%); Educao, R$ 110 milhes (16,67%); Obras, R$ 85 milhes; Prevmoc, R$ 29 milhes (4,38%); e Servios Urbanos, R$ 27 milhes (4,17%). Os demais, com percentuais inferiores, fizeram com que a Prefeitura s tenha tido R$ 59 milhes (9%) para gastos no contingenciados, o que representa quase nada para uma cidade do porte de Montes Claros. O prefeito eleito Ruy Muniz j tem cincia dessa limitao, razo pela qual decidiu atacar o problema via reduo de gastos. Ele anunciou reforma istrativa que reduzir o nmero de secretarias, e rgos equivalentes, de 23 para 10, que sero: Sade/ Educao/ Desenvolvimento Social/Finanas/ Infraestrutura/ istrao/ istrao Regional e Poltica/ Planejamento e Gesto/ Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentvel/ Esportes, Cultura e Juventude/ Controladoria Geral. Seu desejo era ficar com apenas sete secretarias, mas, cedendo a apelos, fixou-se em dez. Esse corte possibilitar economia de R$ 8 milhes por ms, s com folha de pagamento, que atualmente consome R$ 18 milhes. Diz o prefeito eleito que a economia poder vir a ser ainda maior, mediante a racionalizao da gesto: a exigncia do ponto eletrnico e da prestao de servio nos setores de origem dos servidores, provocaro o afastamento voluntrio de centenas de funcionrios, sem o desgaste de demisses: quem no estiver trabalhando ter o ponto cortado e acabar pedindo para sair. Esse processo j foi tentado em outras istraes, sem xito. Mas o novo prefeito afirma que nada o demover, porque no se submeter a interesses eleitoreiros. E revela, sem citar nomes, episdio ocorrido em reunio de que participava e de que se ausentou ligeiramente. Ao retornar, surpreendeu um vereador dizendo que se no acertar conosco antes, no tem acordo. Sua resposta foi de que se recusa a esse tipo de ajuste, que uma das fontes que alimentam o empreguismo na Prefeitura. Com ele no haver acordo, assegura. Na ltima quarta-feira, o prefeito Ruy Muniz falou durante trs horas a empresrios da ACI ( Associao Comercial e Industrial). Deu notcia de contatos que realizou em Braslia e Belo Horizonte a cata de verbas oramentrias para a cidade e a regio. Conseguiu alguma coisa, mas confessou ser insuficiente para resolver problemas de Montes Claros, que exigem muito mais. Ele disse ter chegado concluso de que dinheiro h em vrios setores da istrao estadual e federal, mas a liberao depende de projetos bem elaborados. Entretanto, no se mostra preocupado, demonstrando amplo conhecimento da situao e reafirmando as promessas que fez durante a campanha. A certa altura de sua palestra, fez referncia ao clima de enterro na Prefeitura, onde predomina certa desarticulao: o transporte escolar est errado, apesar de contar com recursos; a merenda escolar devolveu dinheiro ao Governo, porque a Prefeitura no se organizou; o funcionamento do restaurante popular precrio. E concluiu reafirmando que, na sua istrao, quem trabalhar vai ser mantido: A atividade- meio vai murchar, enquanto a atividade-fim vai se expandir. (Waldyr Senna o decano da imprensa de Montes Claros. tambm o mais antigo e categorizado analista de poltica. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 30/11/2012 17:30:34 |
Pato manco Waldyr Senna Batista Pato manco, no folclore poltico dos Estados Unidos, a representao do mandatrio que no se reelegeu ou est se afastando do cargo por trmino do mandato. E o Brasil, que tem os norte-americanos como modelo em tantas prticas, certamente no o faz, neste caso, porque a figura do pato manco que, l, aceita de forma divertida, produzir aqui rejeio e at retaliaes. Mas o procedimento tpico que marca a atividade poltica em todo o Pas neste momento em que grande nmero de prefeitos est se preparando para transferir o cargo a seus sucessores eleitos. Os que vo assumir ocupam-se da organizao de suas equipes, e os que sairo em menos de um ms, empenham-se em arrumar gavetas e ajustar contas, porque a legislao a ser cumprida estipula penalidades rigorosas aos que incorrem em deslizes. A LRF (lei de responsabilidade fiscal) que foi o grande legado do governo Fernando Henrique Cardoso, tem provocado dificuldades quando da transferncia de cargos. nesse perodo de transio que ocorre vcuo istrativo, com os gestores ainda em atividade praticamente paralisando suas atividades e saindo do foco, anulados pelas novas estrelas que as urnas revelaram. Assim que medidas acaso anunciadas pelos que saem perdem muito em repercusso, pois a populao est muito mais interessada em saber como os novos gestores se dispem a tornar realidade o que anunciaram no calor da refrega. Est a o prefeito de Montes Claros, Luiz Tadeu Leite, encerrando melancolicamente seu mandato com o decreto de moratria, que foi praticamente ignorado at pelos mais esclarecidos e ligados aos acontecimentos da poltica e da istrao. A medida destina-se a resguardar o prefeito de problemas futuros, sem qualquer influncia no sentido de amenizar os problemas que se agravaram ao longo dos ltimos 47 meses. Fica ento decretado que nada se fez ou se far porque no h dinheiro, por culpa do governo federal, que nos ltimos meses fez cortesia com o chapu alheio, reduzindo os rees dos municpios a fim de evitar que a atividade industrial no pas sofresse danos decorrentes da crise econmica mundial. O decreto, na prtica, abre via de escape para quando (e se) chegar o momento da prestao de contas, em que os ex-prefeitos podero vir a sofrer constrangimentos. Como grande o nmero dos que agora se queixam dos cortes praticados, o decreto funcionar como tbua de salvao. Mas o governo federal j d mostras de que ir amenizar as dificuldades dos municpios. A presidente Dilma Rosseff encaminhou ao Congresso a medida provisria 589/12, abrindo novo parcelamento para as dvidas de contribuies previdencirias dos estados e municpios. Segundo a MP, os que aderirem ao parcelamento tero abatidos dos rees o valor equivalente a 2% da mdia mensal da receita corrente lquida para quitar dbitos vencidos at 31 de outubro deste ano, ou ainda a vencer. Os dbitos parcelados tero reduo de 60% das multas, de 25% dos juros e de 100% dos encargos legais. O mais importante disso que, ao aderir ao parcelamento, estados e municpios voltam situao de adimplentes e podero obter a CND (certido negativa de dbitos) para contratar emprstimos e receber recursos do Tesouro Nacional, o que deve ser o maior anseio do prefeito eleito Ruy Muniz, porque a Prefeitura que ele vai assumir, por estar em dbito com a Previdncia Social, no poderia pleitear esses recursos. (Waldyr Senna o decano da imprensa de Montes Claros. tambm o mais antigo e categorizado analista de poltica. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 23/11/2012 14:42:28 |
A prefeitura "quebrou" Waldyr Senna Batista O decreto assinado pelo prefeito Luiz Tadeu Leite, declarando estado de emergncia no setor financeiro da Prefeitura, equivale, no setor pblico, antiga moratria da atividade privada, agora batizada de lei de recuperao de empresas. Mas, qualquer que seja a nomenclatura, a aplicao dela indica simplesmente que a Prefeitura quebrou. E isso o pior que podia acontecer em cidade do porte e da importncia de Montes Claros. Estando ela, como as demais do Pas, em pleno processo de transio istrativa, essa chamada infausta notcia deve ter sido comunicada, em primeira mo, ao prefeito eleito Ruy Muniz, que ainda outro dia mostrava-se sorridente na televiso, dizendo-se tranquilo porque o ndice de comprometimento da Prefeitura com despesas de pessoal de 40%, e a Lei de Responsabilidade Fiscal ( LRF ) permite at 54%. No se sabe se a inteno dele seria itir mais funcionrios, pois, ao contrrio de que quase todo o mundo diz, para o prefeito eleito no h excesso de pessoal na Prefeitura. O que no muda em nada o problema, que, segundo o decreto da moratria, a Prefeitura no est conseguindo pagar nem os salrios normais, muito menos o 13 que vem a. No paga tambm a previdncia social e, por isso, tem tido receitas bloqueadas, atrasando ainda mais a quitao de dvidas em geral. J foram bloqueadas duas remessas de fundos de participao, uma de R$ 452 mil e outra de R$ 1 milho 406 mil. Isso j havia motivado medidas paliativas da Prefeitura, como a suspenso de gozo de frias e o congelamento de salrios superiores a R$ 1 mil. As linhas telefnicas do casaro onde funciona a Prefeitura foram cortadas. No seu prembulo, o decreto explica que o problema se deve a atos de desoneraes tributrias ultimamente baixados pelo governo federal, o que influenciou diretamente nos rees das receitas constitucionais pertencentes s cidades, que, em outras palavras, significa que o corte de alquotas feito pelo Governo para evitar a desacelerao de indstrias no Pas, reduziu o ree para as prefeituras. No caso de Montes Claros, no verdade. Aqui, o problema vem desde o incio do mandato, por m gesto, quando a Prefeitura priorizou a revitalizao do elefante branco e o patrocnio de um time de vlei, com finalidade meramente eleitoral. Mas esse assunto pode ter pouco a ver com o bloqueio de recursos da Prefeitura de Montes Claros, que se d devido ao no recolhimento de contribuies para o INSS e a Prevmoc. Sem quitar os dbitos nessa rea, a Prefeitura no poder receber parcelas do FPM e nem obter o CRP ( Certificado de Regularidade Previdenciria), pea indispensvel para obteno de financiamentos destinados a realizao de obras. O novo prefeito, Ruy Muniz, j deve estar entendendo disso melhor do que ningum, mas desconversa, garantindo saber onde h dinheiro para bancar as obras que prometeu, e vai busc-lo. O problema que, para isso, ele ter de pagar antes as dvidas que o municpio acumulou, para o que ter de fazer novas dvidas. Neste caso, s milagre, o que ruim para a cidade e para seu novo prefeito. Politicamente, Ruy Muniz no ter condies nem mesmo de protestar contra a moratria, porque se elegeu com o apoio do prefeito que est saindo, deixando para seu sucessor uma herana maldita cujas dimenses ainda so ignoradas. A parte que ensejou o decreto do estado de emergncia pode ser apenas a ponta do iceberg. (Waldyr Senna o decano da imprensa de Montes Claros. tambm o mais antigo e categorizado analista de poltica. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 16/11/2012 17:52:02 |
De quarentena Waldyr Senna Batista O que mais impressiona no prefeito eleito Ruy Muniz, em suas aparies pblicas, a absoluta tranquilidade que demonstra a exatos 41 dias (uma quarentena) de ser confrontado com a dura realidade de istrar uma prefeitura falida e sucateada. Em longa entrevista na televiso, ele manteve o que o senador ACM apontava no presidente FHC, o sorriso de aeromoa. Esbanjou simpatia ao confirmar, por inteiro, todas as promessas de campanha e adicionando outras j extensa lista, entre elas a de inaugurar pelo menos uma obra por ms. Dinheiro, disse, no problema, soluo, e ele sabe onde encontr-lo. Mas os nmeros do oramento do exerccio corrente, colhidos no site da Prefeitura, no indicam que alguma coisa possa melhorar na istrao municipal. Plagiando folclrico deputado paulista, o que pssimo, ainda pode piorar. A receita estimada de R$643 milhes dificilmente ser alcanada, levando-se em conta a histrica sonegao em torno de 60% nos tributos municipais e o corte nos rees do Governo federal aos municpios devido crise europeia e ao rigoroso controle da inflao. A citao de nmeros torna enfadonha a leitura de jornal, mas neste caso no h como evit-la. Os restos a pagar de exerccios anteriores, que somavam R$52 milhes, alcanam agora R$140 milhes (aumento de 170%). J os restos a pagar processados, que eram de R$15 milhes, subiram para R$ 33 milhes (crescimento de 112%), sendo de lembrar que, por exigncia da LRF (Lei de responsabilidade fiscal), indispensvel a existncia de dinheiro em caixa do mesmo valor. E h ainda a parte no processada, que era de R$10milhes e atinge no momento R$43 milhes (aumento de 327%). Esse o tamanho do endividamento da Prefeitura, que o novo prefeito vai herdar. Mas o maior problema que a nova istrao ter relaciona-se com a Previdncia Social (INSS e Prevmoc), em que a inadimplncia do municpio o impede de receber recursos do Governo federal. S Prevmoc, a Prefeitura deve R$ 29 milhes, representados pelo que descontado dos salrios dos funcionrios e a parte patronal, que no so recolhidos. O sistema implacvel, obrigando que a parte prejudicada (no caso a Previdncia) pelo no recolhimento das contribuies comunique de imediato a falha, acionando automaticamente o CAUC, o correspondente ao SPC no servio pblico, que bloqueia todas as contas do municpio. o que est acontecendo em Montes Claros, que conta com os rees do Governo para a quitao da folha de pessoal, paga com atraso cada vez maior. Sem esses recursos, e aproximando-se o final do exerccio, o municpio ter grande dificuldade para o fechamento das contas, pois a LRF exige que todos os compromissos das prefeituras estejam rigorosamente em dia. No caso de se registrar dbito pendente (os chamados restos a pagar), indispensvel a existncia, em caixa, dos valores equivalentes. Essa uma das fontes de constantes atritos das istraes que encerram o mandato e as que tm origem na oposio. Quando ambas so da mesma corrente poltica, h espao para contemporizao; em caso contrrio, os prefeitos que saem sofrem as consequncias. Todos esses detalhes, e muitos outros que no vem ao caso, tornaro difcil a tarefa do novo prefeito, Ruy Muniz, mesmo confirmando-se que ele sabe onde encontrar dinheiro para concretizao de promessas de palanque. Com o detalhe de que,quando de fato acontecerem liberaes para projetos da Prefeitura, haver sempre exigncia de contrapartidas dos municpios. (Waldyr Senna o decano da imprensa de Montes Claros. tambm o mais antigo e categorizado analista de poltica. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 9/11/2012 15:45:46 |
Contas que no fecham Waldyr Senna Batista De maneira geral, os atuais prefeitos esto encontrando dificuldades para fechar as contas das prefeituras a fim de entreg-las aos seus sucessores. A maioria est em atraso com a folha de pessoal, paralisou obras, deixou de quitar dbitos com fornecedores e reduziu a prestao de servios essenciais. Uma situao catica, que desafia a LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal), que h dez anos foi aprovada para coibir abusos na istrao pblica, principalmente excesso de funcionrios. Os prefeitos tm menos de sessenta dias para adequar os nmeros, sob pena de no terem aprovadas suas contas nos tribunais estaduais e serem enquadrados na lei da ficha limpa. Em Minas Gerais, a AMM (Associao Mineira dos Municpios) est sendo procurada por prefeitos, que pedem a interferncia da entidade para que pea ao Tribunal de Contas fazer vistas grossas quando do exame das contas dos municpios, especialmente nos itens que tratam de restos a pagar e do limite mximo do oramento que pode ser comprometido com o pagamento de pessoal ( 54%). Proposta indecorosa, pois eles pedem pura e simplesmente a revogao da lei, que foi aprovada exatamente para coibir esses crimes e constituiu avano sem precedentes na moralizao da istrao pblica. Essas dificuldades tm na sua origem excesso de pessoal contratado pelas prefeituras para atender compromissos eleitoreiros. O que no o caso da Prefeitura de Montes Claros, se prevalecer o que disse o prefeito eleito Ruy Muniz, no final da campanha do segundo turno, em entrevista a jornal de Belo Horizonte. Perguntado sobre o inchao da mquina, na prefeitura local, mal que acomete a quase totalidade das prefeituras, o ento candidato respondeu: Na Prefeitura de Montes Claros no tem inchao. Isso fica demonstrado pela folha de pagamento, que absorve apenas 40% das receitas correntes, quando a lei permite at 49%. O que pode ocorrer uma m distribuio dos servidores, que no chegam meta final. Na Sade tem muitos enfermeiros que esto dentro da Secretaria, quando poderiam estar no fim da linha, atendendo aos pacientes. Vou analisar e tomar uma providncia. quela altura da campanha, natural que o ento candidato errasse quanto ao percentual da lei, que de 54%, portanto, situao muito mais favorvel do que ele supunha. Mas, compulsando nmeros a serem colhidos pela sua comisso de transio, possvel que venha a mudar de opinio, pois j ter sido apresentado folha de quase 12 mil funcionrios, que consome cerca de R$ 18 milhes por ms, e a restos a pagar de volume assustador. Uma situao preocupante, que, por injunes polticas no poderia ser itida durante a campanha, at porque a coligao do candidato com o prefeito no era plenamente itida, para no oferecer munio aos adversrios, que se esforavam para colar no candidato o imenso desgaste do prefeito. Terminada a eleio, a aliana tornou-se ostensiva, com o grupo que gravita em torno do prefeito esforando-se para mostrar que a presena dele foi decisiva para a vitria. Ele prprio, em entrevista dada durante visita do prefeito eleito no seu gabinete, afirmou: Meu objetivo foi eleger um sucessor, e o casamento PMDB/PRB foi bom para os dois. Ao que Ruy Muniz ou recibo, reconhecendo que Sem o apoio do PMDB, seria apenas mais um candidato. Bem diferente do que dizia durante a campanha, que a aliana visava apenas agregar tempo para a propaganda de rdio e televiso, no envolvendo compromissos de contratar pessoal. A nica retribuio que na prxima eleio, para a Assembleia, o deputado Tadeu Filho ser reconhecido como candidato preferencial. De resto, mensagem do presidente do Conselho Nacional dos Municpios (CNM), Paulo Ziukoski, que no se aplica ao prefeito eleito Ruy Muniz, pessoa experiente, especialista em recuperar empresas endividadas, como ele no se cansou de dizer ao longo da campanha: Os novos chegam com muita vontade, mas, dez dias depois de assumir, ficam tontos sem saber que rumo iro tomar. (Waldyr Senna o decano da imprensa de Montes Claros. tambm o mais antigo e categorizado analista de poltica. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 1/11/2012 17:52:10 |
A teoria na prtica Waldyr Senna Batista O momento ainda de festejar. Por algum tempo o prefeito eleito Ruy Muniz vai se ocupar de carreatas, entrevistas, discursos, abraos, visita ao prefeito atual, audincias (provveis) com o governador do Estado e com a presidente da Repblica, e algum foguetrio. Mas ser apresentado ao lado incmodo da questo, de cuja dimenso ele apenas suspeita. To ruim que o atual prefeito, h meses, vem se empenhando em alienar imveis pertencentes ao municpio com o objetivo de fazer caixa e quitar dbitos que no podem ser ados adiante, sob pena de infringir a LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal). Alguns desses lotes foram vendidos, (a Praa de Esportes foi excluda do rol por presso da opinio pblica) em rodada recente, nova licitao tornou-se sem efeito devido a falha no edital, que est sendo renovado agora, para leilo com pagamento vista, tal a urgncia de dinheiro na Prefeitura. A situao do municpio desesperadora. A dvida, que no para de crescer, inviabiliza qualquer empreendimento, o que inclui a proposta do futuro prefeito, que diz pretender inaugurar uma obra por ms. No vai conseguir, por menor que seja o empreendimento. Se for de maior vulto, que exija aporte de recursos oficiais, estaduais ou federais, no ser viabilizado devido situao de inadimplncia da Prefeitura com o Prevmoc, a previdncia municipal, qual a Prefeitura no recolhe nem o que descontado dos funcionrios. Em uma de suas entrevistas, o futuro prefeito reafirmou todas as promessas de campanha, que incluem a construo de hospital de traumas, a continuidade de grandes avenidas, a implantao do anel rodovirio Norte, a instalao de dezenove Cemeis e at a construo do sistema de transportes sobre trilhos, o VLT, que na campanha os adversrios criticaram,apelidando-o de trem-bala. Um programa ambicioso cuja execuo depende de injunes polticas, lembrando-se que o novo prefeito foi eleito em aliana com o PMDB, que oposio no Estado, e derrotou o PT, que ocupa o Governo federal. Ruy Muniz argumenta que, ada a eleio, nada disso empecilho, pois o que importa o interesse pblico, bons projetos e boas relaes com ministrios e demais rgos oficiais em Braslia. Que ele no se iluda diante do vale- tudo que caracteriza a poltica, de maneira geral. De qualquer modo, ele no deveria abrir mo do saneamento interno da Prefeitura. Com a folha de pagamento em torno de assombrosos R$ 18/ milhes mensais e cerca de 12 mil servidores, no h como relevar o peso desse item na istrao. O novo prefeito prometeu durante a campanha, e est repetindo nas entrevistas, que no haver demisses. Jaime Lerner, urbanista de renome, ex-prefeito de Curitiba e ex governador do Paran, em bem humorada entrevista a Alexandre Garcia, na Globo News, recomenda que os prefeitos agora eleitos, no devem comear colocando como tragdia as condies de seus municpios. Para tudo existe soluo, diz ele, dependendo de boa estratgia e bons parceiros. Para ele, no h nada melhor do que ser prefeito e ser prefeito padecer no paraso. Ele condena o negativismo e aconselha solues que contribuam para melhorar a urbanidade e influa na melhoria da istrao: Se a pessoa respeitada, a tendncia natural de ela gostar da soluo adotada para o problema. Nas gavetas da Prefeitura h um projeto assinado por Jayme Lerner. Dele, apenas pequena parte foi realizada, a duras penas, resumindo-se praticamente na mudana do gramado dos jardins da praa Cel. Ribeiro. Mas esto previstas intervenes nas ruas Camilo Prates e Dr. Santos. No foi executado por falta de recursos e pela impossibilidade de financiamento da Prefeitura. O prefeito Ruy Muniz deve adot-lo, para que no fique parecendo ao urbanista paranaense que, na prtica, a teoria outra, como ensina Joelmyr Betting. (Waldyr Senna o decano da imprensa de Montes Claros. tambm o mais antigo e categorizado analista de poltica. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 26/10/2012 17:50:33 |
Influncia da pesquisa Waldyr Senna Batista Em se tratando de pesquisa eleitoral, devido a antecedentes remotos e recentes, todo cuidado pouco. Haja vista o que aconteceu na primeira fase da atual campanha, em que pesquisas encomendadas tumultuaram o ambiente, chegando ao ponto de cada um dos cinco concorrentes aparecer em primeiro lugar na pesquisa que contratou. Mas h pesquisa e pesquisa. As duas divulgadas na quinta-feira pelos jornais O Tempo e Estado de Minas, ambos de Belo Horizonte, at prova em contrrio, so confiveis. Elas tm caractersticas de trabalho jornalstico legtimo, que envolveu outros municpios. Nelas, com nmeros diferenciados, aparece em primeiro lugar o candidato Ruy Muniz, contrariando a expectativa de que Paulo Guedes estivesse liderando. Essa avaliao estaria ligada ruidosa campanha desenvolvida pelo candidato do PT, que realizou verdadeira ocupao da cidade, principalmente nas reas perifricas, ao que se diz utilizando o trabalho de mais de 2 mil pessoas, a maioria trazida de outras cidades, ao ponto de esgotar a capacidade hoteleira. Mesmo considerando-se que essas informaes sejam fruto de explorao eleitoral, no h como negar que, durante todo o tempo, a campanha do candidato do PT alcanou elevados custos para os padres locais. No ato do registro da candidatura, sua previso de gastos foi de R$6 milhes, enquanto a cifra informada por Ruy Muniz foi de R$4 milhes, seguindo-se R$2,5 milhes de Jairo Atade e R$2 milhes de Athos Avelino. evidente que esses limites, fixados para fins meramente contbeis, foram ultraados, sem contar que os gastos do segundo turno, ainda no divulgados, sero bem superiores. A campanha do PT em Montes Claros foi includa no grupo de municpios que o partido selecionou para investir pesadamente. A perda da liderana no momento final da campanha poderia ser explicada por um dos trs fatores abaixo, ou pela soma dos trs: 1) A denominada ocupao da cidade atemorizou grande parcela dos simpatizantes da campanha, no necessariamente ativistas do partido; 2) segundo o jornalista Luiz Carlos Novais , que participou do debate promovido pela TV Gerais, em Montes Claros o PT, alcanou o teto, no tendo mais como crescer; 3) o retorno do que parecia haver sido superado: o candidato Paulo Guedes no montes-clarense de nascimento. (Waldyr Senna o decano da imprensa de Montes Claros. tambm o mais antigo e categorizado analista de poltica. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 19/10/2012 17:01:12 |
Em quem votar? Waldyr Senna Batista O clima de perplexidade, diante do resultado das urnas, que ps no segundo turno os candidatos Paulo Guedes e Ruy Muniz. E agora, em quem eu vou votar?, a indagao que mais se ouve na cidade nos ltimos dias, formulada, em sua maioria, por eleitores ortodoxos, que se sentem em posio desconfortvel ao terem de optar, tendo, de um lado, um candidato pouco conhecido, e, de outro, por um candidato conhecido demais... No caso de Paulo Guedes, natural de Manga, o paliativo vem da vizinha Janaba, que acaba de eleger um japons de nascimento, com a s diferena de que ele radicou-se na cidade na condio de empresrio, criou razes e tornou-se poltico, enquanto o daqui, poltico, veio atrado pela poltica, especialmente para disputar espaos polticos. Ruy Muniz, montes-clarense de nascimento, com ado comprometedor, de que constam golpe no Banco do Brasil, processo, condenao, priso e cumprimento de pena, tornou-se empresrio, com incurses na poltica, ganhando e perdendo eleies, sempre confrontado com o seu ado. Os dois personificam o dilema de que se queixam inmeros eleitores, sendo desnecessrio ressaltar que chegaram a essa posio de forma legtima, pelo voto popular, que ser tambm o nico instrumento a ser usado para desfazer (ou no) o dilema com que se defronta o eleitor. Em meados da campanha, o candidato Jairo Atade afirmava que as classes A e B no estavam dando importncia escolha do novo prefeito. Para esse segmento, qualquer um que se elegesse estaria bem. Pois essa mesma faixa do eleitorado que agora se atormenta, por se sentir sem opo de voto. O candidato fez a advertncia certamente por j ter, quela altura, sentido o cheiro da plvora, que lhe reservaria o quarto lugar, apesar de ter dado a largada como franco favorito e tendo o apoio do governador Anastasia e do senador Acio, os grandes derrotados na temporada: eles tinham um olho aqui e outro no processo de 2014, e perderam feio. Disputando em outra faixa, o candidato Paulo Guedes usou a mesma estratgia, amparando-se nas figuras do ex-presidente Lula da Silva e da presidenta Dilma Roussef para convencer o eleitorado de que, se eleito, teria o apoio ir do governo federal para a realizao de obras que alinhava de forma genrica, como melhoria na sade, na educao, na segurana e recuperar a cidade que est destruda. Classificado para a disputa final, ele dispara contra seu adversrio: Ele um ladro de banco, foi condenado e preso cinco anos e tem processo por sonegao. O eleitor tem de saber essa histria. Como colocar na Prefeitura algum que roubou?, indaga. Ruy Muniz, que sempre tratou do assunto olimpicamente, atribuindo esse deslize imaturidade da juventude, ultimamente tem mudado o discurso, tentando vincular o episdio luta armada, de que teria participado. Diz ele: Estive na militncia estudantil na dcada de 1980 e era do PT. Na poca, fui militante radical e de esquerda, combatendo a ditadura e, assim como Dilma foi guerrilheira, tivemos atos contra o sistema. J pagamos o que devamos e nunca mais erramos. Uma verso conveniente aos tempos atuais, em que na chefia do Governo encontra-se uma ex-guerrilheira. , no mnimo, charmoso. S que no corresponde aos fatos ocorridos h trinta anos, quando a maioria dos jovens que constituem a fora eleitoral do agora candidato a prefeito no era nascida. Mas, se ele insistir na nova verso, acabar chegando Presidncia da Repblica, que, por sinal, diz ser sua meta... O significado bvio do segundo turno da eleio de que ao menos a metade do eleitorado no votou em nenhum dos dois candidatos remanescentes, e agora vai ter de escolher um deles. Ou ento votar em branco ou anular o voto, o que constitui prtica condenvel, pois no leva a nada. No entanto, na primeira fase, em que no havia motivo aparente, os votos em branco foram 5.129 e os anulados somaram 10.640. A tendncia de que esses nmeros sejam muito mais amplos no prximo dia 28, a no ser que o eleitor, at l, consiga responder a insistente indagao que est nas ruas: em quem votar?. (Waldyr Senna o decano da imprensa de Montes Claros. tambm o mais antigo e categorizado analista de poltica. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 28/9/2012 16:25:41 |
No mera coincidncia Waldyr Senna Batista No incio do ms, o senador Acio Neves esteve em Montes Claros, participou de carreata e fez comcio a favor do deputado Jairo Atade, candidato a prefeito pelo DEM, e o candidato perdeu pontos na pesquisa; nesta semana, quem aqui esteve foi o governador Anastasia, que cumpriu o mesmo ritual, incluindo acolhida no Caf Galo, e de novo o candidato sofreu baixa, com a agravante de perder tambm a liderana, que ocupava desde antes da campanha. claro que se trata de mera coincidncia essa oscilao negativa do candidato. No caso do governador, a visita dele se deu aps a coleta dos dados; e a do senador no poderia ter produzido abalo to profundo. Coincidncia no ter sido o fato de, enquanto Jairo Atade cai nas pesquisas, devido a outros fatores, seu adversrio do PT, o deputado estadual Paulo Guedes, subir em velocidade ainda maior. H a um fenmeno a ser explicado. O que estaria provocando essa mudana? Paulo Guedes no tem razes eleitorais em Montes Claros. Para aqui veio h cerca de dez anos, depois de trs mandatos de vereador em So Joo das Misses, estando agora no segundo mandato de deputado estadual, votado de forma mais significativa em cidades do vale do So Francisco. Em Montes Claros, ele chefiou o distrito do DNOCS, um rgo ameaado de extino, que utilizou politicamente, fazendo distribuio de tubos de gua em cidades da regio em que a populao era convocada mediante panfletos.E logo que se elegeu para a Assembleia, deu incio ao trabalho de divulgao do seu nome como pretendente Prefeitura de Montes Claros. Aqui ele adquiriu casa e fixou domicilio eleitoral. Praticamente desconhecido, chegava a ser ridicularizado, porque, na histria poltica de Montes Claros, o pernambucano Enas Mineiro de Souza foi, at hoje, o nico forasteiro a se eleger prefeito (1950). Mas o capito Enas foi um dos grandes empreendedores da regio, tendo sido antes prefeito de Francisco S. Homem rico, ele foi um dos maiores fornecedores de dormentespara a Estrada de Ferro Central do Brasil. A madeira era retirada em sua fazenda Burarama, em condies que, hoje, seriam classificadas como crime ambiental. Nessa rea, no lugar da madeira extrada, ele deixou implantada a cidade que hoje tem o seu nome. Paulo Guedes no fez histria pica na regio, e se apresenta como descendente de ndio xacriab e sobrevivente de queimaduras em todo o corpo, por ter cado dentro de um tacho fervente em que sua me fazia sabo. Para dar e a sua candidatura, ele utilizou amizade que dizia ter com o ex-presidente Lula e a presidente Dilma, que gravaram mensagens por ele utilizadas largamente em sua propaganda eleitoral. Essas peas teriam infludo no seu crescimento, mas no h como comprovar isso, pois, em outras regies do Pas, a participao do ex presidente e de sua sucessora no est produzindo igual efeito, como o caso de Belo Horizonte, onde tudo indica que o candidato do PT, Patrus Ananias, ser derrotado no primeiro turno. O mesmo acontece em cidades importantes em outras regies do Pas. O fato que, coincidncia ou no, o candidato Paulo Guedes o fenmeno da campanha em Montes Claros. Ele vem de uma atropelada no momento adequado, sem tempo de seus adversrios ensaiar reao eficiente. Jairo Atade foi o primeiro a perceber que o adversrio mais prximo no seria nem Ruy Muniz nem Humberto Souto, que esto praticamente estacionados. S Paulo Guedes cresce, tendo sido o beneficirio maior dos votos de Athos Avelino, que saiu da disputa. Por isso, cresceram os ataques a ele. Donde se conclui que o crescimento de Paulo Guedes no constitui mera coincidncia. Trata-se de fenmeno que s poder ser devidamente avaliado aps a apurao das urnas. |
Por Waldyr Senna - 21/9/2012 17:12:08 |
Pesquisa e palestra Waldyr Senna Batista A pesquisa publicada pelo jornal Estado de Minas na ltima quinta-feira confirmou, em parte, o que se percebia sobre a campanha sucessria de Montes Claros: Jairo Atade continua isolado na primeira posio, com 29,9%, seguido por Paulo Guedes (21,6%) e Ruy Muniz (19%), em segundo e terceiro lugares, tecnicamente empatados, enquanto Humberto Souto aparece na quarta colocao, com 10%. Entretanto, esse resultado no pode ser levado rigorosamente em conta, j que a entrada de Humberto Souto na disputa se deu quatro dias antes da realizao da consulta, no lugar de Athos Avelino. Esse fato distorce o resultado, tendo em vista que torna impossvel avaliar para quem estariam migrando os votos que seriam do candidato que saiu. Aparentemente, boa parte deles tem se destinado a Paulo Guedes, que experimentou surpreendente crescimento, mas no se pode saber em que medida essa tendncia prevalecer. Alis, a subida do candidato do PT pode ser tida como nico fato relevante da pesquisa, no momento em que, no mbito nacional, o partido dele atravessa momentos de apreenso e desgaste devido ao julgamento do escndalo do mensalo pelo STF e as possveis derrotas nas diversas capitais em que lanou candidato, entre elas Belo Horizonte. E m So Paulo, Fernando Hadad, candidato inventado por Lula, continua patinando. H tambm que se considerar que Humberto Souto, por ter longa militncia na poltica, conta com considervel eleitorado cativo, que , antes de sua entrada na disputa, certamente estava disperso entre os demais concorrentes e tenderia agora a se aglutinar. Porm, na pesquisa, h dados que podem servir de subsdio para outras avaliaes: o campeo de rejeio Humberto (51,5%) e 13,8% dos eleitores no o conhecem; o ndice de rejeio de Jairo de 39,18% e s 1,8% do eleitorado o desconhece; Ruy Muniz tem 47,3% de rejeio e 3,4% de desconhecimento; Paulo Guedes, que ou a residir em Montes Claros h pouco mais de dez anos, rejeitado por 29,3% e desconhecido por apenas 19,8%. No exato momento em que o jornal de Belo Horizonte circulava em Montes Claros com os nmeros da pesquisa, Jairo Atade falava a empresrios reunidos na sede da Associao Comercial e fez declaraes que podero ter reflexo no segundo turno da eleio, que tido como certo. Eis algumas de suas observaes: as classes A e B do eleitorado no esto preocupadas com o resultado da eleio, qualquer dos candidatos que se eleger, para elas, est bem, o que, na opinio do candidato, ajuda os menos preparados; o futuro prefeito ter de centrar suas aes nas classes menos favorecidas; vai ser preciso motivar os funcionrios da Prefeitura , que vm sendo sacrificados e desestimulados na atual istrao; no momento, a Prefeitura no consegue levantar recursos para realizao de obras, porque est inadimplente com a previdncia social e outros rgos oficiais; o processo de saneamento da Municipalidade ser longo e penoso, e para isso torna-se imprescindvel o apoio do Governo do Estado; sem citar nomes, ele distribuiu alfinetadas nos demais concorrentes: um deles se apresenta como grande , tendo ocupado a chefia do DNOCS em Montes Claros, um rgo com 30 funcionrios, falido e que pode ser fechado; outro, arrogante e destemperado, batendo na tecla da honestidade, como se fosse a nica pessoa com essa qualidade. E concluiu sua palestra anunciando istrao menos poltica, voltada para a soluo dos problemas que no momento sufocam a cidade. Para isso, dispe-se a discutir suas aes com a sociedade. (Waldyr Senna o decano da imprensa de Montes Claros. tambm o mais antigo e categorizado analista de poltica. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 14/9/2012 16:19:21 |
Nanicos roubam a cena Waldyr Senna Batista A entrada de Humberto Souto na campanha, no lugar de Athos Avelino, processou-se como se no alterasse, substancialmente, o potencial eleitoral da chapa. A mudana no mereceu destaque maior, ao ser anunciada em entrevista coletiva e entrando no programa de televiso como se fosse mero remanejamento. No entanto, trata-se de operao de alto risco, a vinte dias da eleio e faltando no mais do que cinco programas de propaganda no rdio e na televiso, alm de alguns debates para plateias diminutas. Com perdo do exemplo grosseiro, foi como trocar pneu avariado com o carro em movimento. S as urnas conseguiro dizer se deu certo. Tratou-se de emergncia, cuja adoo talvez tenha demorado mais do que o recomendvel, j que o histrico de inelegibilidade de Athos Avelino acumulou sucessivas derrotas em todos os nveis do poder judicirio. Dificilmente ele colheria resultado favorvel no derradeiro estgio, apesar de empunhar pareceres de renomados juristas. Mas pareceres so pareceres, nada mais do que pareceres. Feita a substituio, muda tambm a forma de fazer a campanha, j que o ex-deputado, com mais de quarenta anos de estrada, est tendo sua primeira eleio majoritria. O contato agora se faz no corpo a corpo, nas ruas e nas praas, e no mais junto a lideranas que dominam grandes contingentes eleitorais. Ele assumiu anunciando que dar nfase especial ao combate corrupo e defendendo a aplicao correta de recursos pblicos, que diz saber onde encontrar, graas sua ampla experincia nos principais gabinetes de Braslia. Como respaldo, destaca sua carreira poltica, que inclui o exerccio de funes importantes, sem que tenha tido de responder a qualquer tipo de processo. Em tempos de mensalo, em que o STF (Supremo Tribunal Federal) est condenando e pode mandar para a cadeia a maioria dos envolvidos no grande escndalo do governo Lula, de se imaginar que o eleitor estar sensvel a esse tipo de discurso. Outra no ter sido a razo pela qual, no debate da ltima quinta-feira, entre os candidatos Prefeitura, o grande destaque tenha sido o lance em que Humberto Souto, reagindo a provocao de Ruy Muniz, relembrou o golpe por este aplicado no Banco do Brasil, h mais de 30 anos, pelo qual foi preso, julgado e cumpriu pena. O episdio vinha sendo deixado margem em todas as campanhas, mas, na atual, o candidato Filipe Gusmo, do PSTU, quebrou o tabu ao exibir uma chave de cofre com a sutil indagao ao eleitor sobre se ele confiaria a chave da cidade a quem no teve o necessrio zelo na utilizao daquele instrumento. Alis, os partidos nanicos, que no tm a mnima possibilidade de eleger seus candidatos, vm roubando a cena com lances inusitados, a exemplo do histrinico Paulo Cason, candidato a vice na chapa do PSol de Mineirinho (Valdeir Fernandes da Silva), que usa bordes como coronel no, mame e produz estragos nas hostes adversrias. Nem o estrangeiro Paulo Guedes, do PT, escapa, quando reconhecido como um bom prefeito, mas em Manga... Assim, com tiradas de humor cortante, a campanha caminha para a reta final, com a certeza, bvia, de que haver segundo turno, e quatro candidatos com chances relativas para ocupar as duas vagas. Jairo Atade, que era tido como favorito, perdeu essa condio coincidentemente a partir do anncio de que tem o apoio de Anastasia e Acio. Humberto Souto parece ter assumido por inteiro o acervo de Athos Avelino, mas vai precisar de muito trabalho para mant-lo intacto. Ruy Muniz joga todas as suas fichas no eleitorado jovem, que uma incgnita, mas tem como contrapeso a proximidade com o prefeito Luiz Tadeu Leite, cujo desgaste pode contaminar a quem ousar anunci-lo como aliado. E Paulo Guedes, que pulou de paraquedas, est empenhado no apoio de Lula e de Dilma na esperana de que a votao deles na cidade lhe ser transferida automaticamente. (Waldyr Senna o decano da imprensa de Montes Claros. tambm o mais antigo e categorizado analista de poltica. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 6/9/2012 15:32:53 |
Efeitos especiais Waldyr Senna Batista Encerrada a terceira semana da propaganda eleitoral no rdio e na televiso, comea a fase do que os candidatos denominam de apresentao de propostas. quando eles do cordas imaginao, sonhando acordados e usando os efeitos especiais da informtica para produzir empreendimentos mirabolantes. Millr Fernandes filosofava dizendo que pensar, s pensar. A imaginao no tem limites. Produz viadutos, trincheiras, agens subterrneas, elevados, avenidas na rea hoje ocupada pela linha frrea, e at trem-bala. Tudo isso, e muito mais, surge na telinha mediante toques mgicos. Muita coisa resgatada do arquivo-morto de campanhas adas, que serviram para a eleio de candidatos de imaginao frtil, que esto de volta e que no medem consequncias ao divulgar as propostas que eles sabem que no sairo do papel, ou da tela de TV. Contam, geralmente, com a curta memria do eleitor, que se deixa impressionar com o colorido das imagens da televiso e a nfase sonora e calculada do rdio. Vitorioso, o candidato depara-se com a dura realidade, ou nem cogita de tentar viabiliz-la, consciente de que no h como dedicar o mnimo de ateno a qualquer desses itens. Afinal, o dia-a-dia de qualquer prefeitura massacrante, feito de cobranas, folhas de pagamento, atendimento do pblico impaciente, contratao de pessoal, reunies enfadonhas, justificativas para o no atendimento de promessas de campanha, cofres vazios e a rotina malcheirosa da coleta de lixo, alm do trnsito infernal e da engrenagem emperrada dos servios pblicos. Tudo isso, e muito mais, dependem de dinheiro, que as prefeituras no tm, e, quando tm, so tantas as demandas, que no h como estabelecer prioridades. Tem sido atribudo ao prefeito Luiz Tadeu Leite o comentrio de que a Prefeitura de Montes Claros no dispe de recursos nem para a quitao da folha de salrios. Para a realizao de obras, insignificantes que sejam, ela tem de conseguir emprstimo em rgos do Estado e da Unio, que, quando ( ou se ) chega, insuficiente para a execuo dos projetos. E ele sabe do que est falando, e s est falando assim porque no participa da atual disputa. Se estivesse disputando, o discurso seria diferente, como aconteceu ao longo dos ltimos 30 anos, em que adotou o mesmo procedimento dos que so candidatos agora, inclusive falando no novo, que tem sido a tnica at dos veteranos curtidos em outras campanhas. A nova etapa da disputa eleitoral, alm das propostas pouco realistas, traz tambm alguma esperana para a obteno do dinheiro de que a Prefeitura necessita. Trata-se da formalizao do apoio dos governos estadual e federal aos atuais candidatos. O que era mera pretenso, ou a ser anunciado sem rodeios. Caso dos candidatos Paulo Guedes, que tem aparecido na TV sob a proteo de Lula e Dilma, que juram de ps juntos que lhe daro e no caso de ele vir a ser eleito; e de Jairo Atade, que tem exibido imagens do governador Anastasia e do senador Acio Neves, comprometendo-se a dar e financeiro para a soluo dos problemas da cidade. Eles no se referem dvida de R$ 80 bilhes com que se defronta o Estado de Minas, mas promessa promessa. A um ms da eleio, mais coisas maravilhosas devero ser mostradas na televiso, porque os candidatos so muito criativos e tambm generosos. Mas o eleitor, humilde, contenta-se com muito menos, e no preciso nem prometer. Basta fazer, depois da eleio. (Waldyr Senna o decano da imprensa de Montes Claros. tambm o mais antigo e categorizado analista de poltica. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 31/8/2012 15:48:26 |
Livre atirador Waldyr Senna Batista O ex-presidente Lula tem tido participao na campanha sucessria de Montes Claros. Por intermdio do candidato do PT, Paulo Guedes, e graas aos recursos da informtica, ele at enviou cumprimentos aos parentes de sua primeira mulher, que nasceu na zona rural do municpio e, tendo se transferido para So Paulo, l conheceu o retirante nordestino que chegaria Presidncia da Repblica. Ela faleceu, de complicao no parto, antes de Lula tornar-se poltico. Paulo Guedes, segundo disse no programa eleitoral de rdio e televiso, esteve com o ex-presidente e trouxe mensagem dele aos familiares de sua falecida mulher, manifestando desejo de v-los quando aqui vier. H, como se v, grande empenho em dar a entender que o ex-presidente vir a Montes Claros no curso da campanha, e que ele e o candidato do seu partido so amigos ntimos. Na agenda do candidato, ontem, estavam previstos reunio e almoo com o ex-presidente em Belo Horizonte. Esses fatos servem para mostrar que a campanha do PT em Montes Claros, orada em R$ 6 milhes, est inserida em contexto mais amplo, que inclui cidades de expresso, onde o partido no consegue se impor. O diretrio nacional sabe quais so e resolveu investir maciamente nelas. Montes Claros est nesse grupo, onde o PT s tem conseguido eleger um vereador. Desta vez, quer bancada mais expressiva e a Prefeitura. Para isso, estar injetando dinheiro. Por enquanto, Lula est emprestando sua imagem, junto com a da presidente Dilma Roussef, para divulgao de seus candidatos, a prefeito e a vereador. Banners e vdeos circulam por a, idnticos aos produzidos para outras regies do Pas, mas contendo mensagens personalizadas de 25 segundos para a TV. Nada garantindo, porm, a presena de Lula em Montes Claros. Ele dificilmente se afastar de So Paulo, onde joga a grande cartada desta eleio. A imagem do PT no mbito local no das melhores, principalmente por ter seu nico representante se integrado ao grupo dos 14 que, na Cmara, prestou obedincia cega desastrada istrao que d seus ltimos suspiros. Em razo disso, ficou agora difcil ao candidato do partido mostrar que se sente vontade para praticar o discurso oposicionista que tem tentado introduzir na campanha. Na TV ele mostrou o quadro de deteriorao da cidade, com imagens chocantes; e na ACI, ao melhor estilo do livre atirador, disparou a metralhadora giratria criticando polticos do ado que no cuidaram do planejamento da cidade, e os que ultimamente esto se revezando no poder, mostrando total incompetncia e usando a Prefeitura para negociatas. E adiciona mais referncias negativas: faltou ousadia aos polticos que istraram a cidade; vai firmar parcerias e promover encontros mensais para discutir os objetivos da Prefeitura; em Montes Claros predomina a poltica do empreguismo desenfreado; com as ligaes que tem com Lula e Dilma, vai apresentar programa de governo factvel; sabe onde tem dinheiro e vai busc-lo; no tem compromisso com nada do que a est; vai fazer governo de dilogo e dedicao integral; far a requalificao do funcionalismo, valorizando os que trabalham; as istraes adas foram nocivas, no planejaram a cidade; ele vai istr-la com viso diferente; os mesmos polticos tm se revezado na gesto e nada produzem de novo; prope-se a ser prefeito em tempo integral, pois ser sua nica atividade, s faz poltica, no fazendeiro, nem empresrio; firmar parcerias com entidades de classe; o prefeito de Montes Claros tem a obrigao de liderar a regio, reunindo os outros prefeitos e se dirigindo aos governos; no far o loteamento da Prefeitura, como sempre aconteceu; sanear os quadros municipais, acabando com o empreguismo; denunciou a existncia de vereador que mantm 300 funcionrios na Prefeitura. A rigor, no se trata de discurso novo. Outros o fizeram antes. O problema a execuo dele, depois de o autor chegar l. (Waldyr Senna o decano da imprensa de Montes Claros. tambm o mais antigo e categorizado analista de poltica. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 24/8/2012 14:59:03 |
Campanha morna Waldyr Senna Batista A entrada no ar da propaganda eleitoral no operou o milagre de injetar nimo campanha, que continua morna. A 43 dias da eleio, em Montes Claros como se no houvesse seis candidatos na disputa da Prefeitura. O nico fato novo na semana foi a impugnao da candidatura de Athos Avelino pelo TRE (Tribunal Regional Eleitoral), que, na prtica, no muda nada, a no ser a transferncia da deciso para o TSE ( Tribunal Superior Eleitoral ). Se prevalecer o veto, o quadro mudar por completo vspera do pleito. A campanha prossegue, com o candidato ocupando o espao que lhe cabe no rdio e na televiso, e promovendo encontros em recintos fechados e corpo a corpo nas ruas, tnica da atual disputa, que no ter comcios, ter no mximo eatas. Tem havido esforos para a participao de personalidades de expresso nacional, entre elas Lula e Acio Neves, mas as possibilidades de isso acontecer so remotssimas, para evitar melindres com partidos que firmaram coligaes diferenciadas em outras regies do Pas. Quando de sua estada em Rio Pardo de Minas, h dias, a presidente Dilma Rousseff foi consultada e se mostrou disponvel, mas no acertou nada. Durante a pr-campanha, falou-se muito no apoio do Governo do Estado a candidatos nas 50 maiores cidades, entre elas Montes Claros. Porm, at agora no houve qualquer referncia ao assunto e nem a nomes. Essa participao ostensiva s dever acontecer no segundo turno da eleio. Jairo Atade seria o candidato do governo, mas ele prprio no se apresenta como tal. O mximo que se ouviu dele, h meses, foi que no seria candidato chapa branca, seja l o que isso significa. O principal sintoma de que o Governo no ir se envolver no processo eleitoral de Montes Claros o alheamento do secretrio Gil Pereira, que no fala sobre o assunto e nem foi visto at agora em qualquer ato da campanha. Sumiu do mapa. O PSB, do candidato Athos Avelino, integra a base de apoio do governador Antnio Anastasia, o que tambm explica, em parte, o silncio predominante. O governo teria como norma no influir na eleio nos municpios em que houver mais de um candidato de partido da sua base de apoio. Consta que at o candidato Rui Muniz, do PRB, teria pleiteado apoio do Governo, apesar de ter firmado aliana com o PMDB, partido de oposio no Estado. A coordenao da campanha dele, em contato com a imprensa da Capital, teria definido a coligao como independente, ressaltando o bom relacionamento do ex-deputado com o governador Anastasia e com o senador Acio Neves. Na mesma oportunidade, o candidato procurou mostrar distanciamento com o PMDB, ao afirmar que a coligao teve por objetivo apenas aumentar o tempo nos programas de televiso. Isso talvez explique por que, no primeiro deles, no houve referncia ao candidato a vice-prefeito, Z Vicente, cuja imagem apareceu, de raspo, duas ou trs vezes na telinha, sem que seu nome fosse citado. Quanto ao candidato do PT, Paulo Guedes, seu primeiro programa limitou-se a apresentar dados biogrficos, como de praxe, e para se dar a conhecer devido ao fato de no ter maiores ligaes polticas com a cidade. Entretanto, a campanha dele promete ser de radical oposio ao esquema predominante em Montes Claros, conforme deixou claro em entrevista de que participou na ltima quarta-feira, na Associao Comercial, para pblico de no mximo trinta pessoas. Dela se ocupar a prxima coluna. Entretanto, para que se tenha ideia, seguem-se amostras do que disse o candidato petista: a Prefeitura de Montes Claros foi desmontada para negociatas; faltam criatividade e ousadia atual istrao; ela to omissa, que dever perder a segunda parcela de verba destinada concluso da Avenida Sidney Chaves, porque no capaz de efetuar a medio do servio j realizado(o prazo termina no fim deste ms); o empreguismo predomina na Prefeitura, que tem pelo menos 4 mil contratados que no comparecem ao trabalho; o setor de engenharia no existe, porque o salrio de R$ 1,5 mil uma afronta a qualquer profissional digno. (Waldyr Senna o decano da imprensa de Montes Claros. tambm o mais antigo e categorizado analista de poltica. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 17/8/2012 15:11:17 |
Ganhando sem disputar Waldyr Senna Batista Tem sido - e dever continuar sendo - uma campanha sem oposio, porque o prefeito Luiz Tadeu Leite no est disputando a reeleio e praticamente neutralizou ou absorveu grupos que pudessem se opor ao seu. Isso pode ter ocorrido casualmente, e, se foi planejado, a operao merece a classificao de jogada de mestre. Ao se afastar da disputa por problema de ordem pessoal, o prefeito imaginou que pudesse designar um de seus correligionrios para se candidatar, mas como o escolhido recusou o encargo, o bloco situacionista ficaria deriva, com seus candidatos a vereador deixados ao sol e ao sereno, por no terem cabea de chapa majoritria. Foi ento que se buscou guarida junto ao candidato a prefeito Ruy Muniz, que desde o ano ado vinha mantendo forte oposio istrao municipal. Teoricamente, por isso mesmo, ele seria o ltimo com quem o prefeito poderia contar para aliana que abrigasse seus candidatos Cmara. Essa aproximao foi facilitada pelo fato de Ruy Muniz dispor de poucos segundos no programa eleitoral de rdio e televiso, ando a ter, com a aliana, mais de cinco minutos. Como se diz, juntou a fome com a vontade de comer, ainda que a flagrante incoerncia possa vir a ser tida como indigesta. A unio, que parecia impossvel, foi concretizada, dando origem candidatura a vice do radialista Z Vicente, que reapareceu distribuindo abraos(ham ham). Eliminou-se assim foco expressivo de oposio. Muito antes, o prefeito havia evitado que o candidato a prefeito Jairo Atade pudesse assumir a tarefa. A aproximao dos dois ento notrios adversrios funciona desde o incio do atual mandato, com os vereadores jairistas integrando a bancada do prefeito na Cmara, composta por 14 dos 15 membros. Supunha-se que, na campanha, o grupo seria desfeito, devido multiplicidade de legendas dispersas para a disputa da prxima eleio. Mas o grupo se mantm homogneo, como se viu na semana ada, quando o bloco dos 14 aprovou projeto do Executivo autorizando a alienao de ativos imobilirios do municpio. Uma operao que tem o claro objetivo de tapar buracos na situao financeira da Prefeitura. Essa unio no plenrio do Legislativo no se estende disputa eleitoral, mas, por certo, praticamente impede qualquer disposio que Jairo Atade tivesse em fazer oposio istrao. Ele at que est tentando disfarar, adotando slogan de sentido ambguo: Pra Montes Claros sorrir de novo. Se vai sorrir de novo, porque deixou de sorrir. Por culpa de quem? estar se perguntando o eleitor, com a resposta bvia, mas pouco convincente devido ao baixo grau de oposio que o candidato pratica. Mas oposio, mesmo, deveria estar desenvolvendo o candidato Athos Avelino, em quem ficaria bem o discurso, apesar de suas origens nas hostes do atual prefeito. Mas ele, que parecia eufrico com o que entendia ser a reconquista da elegibilidade, recebeu um jato de gua fria com o no registro da candidatura, que voltou a ser discutida nos tribunais. Isso complica sua situao, quando nada pelo fato de lhe tomar tempo nas discusses judiciais e no constante questionamento dos eleitores quanto possibilidade de estarem se arriscando a perder o voto. Eleitor tende sempre a votar em quem ele sente que vai ganhar e, em caso de dvida, acha melhor no se arriscar. Com isso, o prefeito neutralizou outro foco oposicionista. Restaria o candidato do PT, Paulo Guedes, que tem tentado aproveitar a ampla estrada do discurso de oposio. Mas pode no colher os resultados que esse posicionamento oferece, com base nas crticas atual istrao, que d os ltimos suspiros na condio de uma das piores de todos os tempos. Mas o candidato do PT no seria o portador ideal para a mensagem, pelo fato de no ter razes eleitorais em Montes Claros. Antes, teria de explicar as razes da escolha que fez. Tudo isso leva concluso de que, sem oposio, o vitorioso j o prefeito Luiz Tadeu Leite, que nem est disputando a eleio. (Waldyr Senna o decano da imprensa de Montes Claros. tambm o mais antigo e categorizado analista de poltica. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 7/8/2012 10:15:52 |
![]() Lembranas dos tempos artesanais Waldyr Senna Batista Flvio Pinto integrou a prodigiosa gerao reunida pelo O Jornal de Montes Claros, que, sob o comando de Oswaldo Antunes, se compunha de jovens - por vocao - destinados a brilhar no cenrio da imprensa nacional, onde alguns deles ainda pontificam. Foi um tempo em que o jornalismo em Montes Claros se exercia com destemor e idealismo, elementos que supriam as deficincias instrumentais da poca. Na atualidade, esse quadro mudou: a tecnologia se equipara s mais avanadas do mundo, mas o produto final deveria ser melhor. Nos tempos hericos, prevalecia a iluso de que, ao calor das velhas linotipos, que cuspiam chumbo derretido, seriam solucionados os problemas que emperravam a cidade. Objetivo inalcanvel, verdade, mas perseguido com tenacidade, na medida em que horizontes mais amplos se descortinavam. Foi nesse cenrio que se processou a formao do reprter Flvio Pinto, cujo aprendizado se deu no noticirio policial. Com texto limpo e criatividade, ele logo faria jus a coluna assinada, privilgio de poucos. Dela emergiram personagens curiosos como o urubu falante Asclepades, o sbio Zeca do Correio e o Batatinhas Bar, atravs dos quais ele emitia opinies e formulava crticas sempre bem humoradas. No seu primeiro livro, A Fruta Amarela, ele repetiria a receita, dando nomes fictcios a personagens reais, com os quais sustentou interessante histria. Mas, neste montesclaros.diariomineiro.net Amor que ele alcana o ponto culminante, j agora sem a preocupao de narrativa sequencial em torno de tema determinado e sem a predisposio de produzir um livro. As deliciosas crnicas aqui reunidas se apresentam em linguagem simples, quase coloquial, bem ao estilo despojado do veculo utilizado para sua divulgao, a Internet. nele que Flvio Pinto registra parte significativa da histria da cidade, ocupando-se de fatos e personagens que povoaram sua juventude, com abordagem madura e atrativa que s vezes se aproxima da poesia, deixando falar o corao e a saudade. Sem descambar para o saudosismo, o que mais importante. O ambiente o da ento buclica Avenida Coronel Prates e adjacncias, que no existem mais, atropeladas que foram pelo trnsito apressado, pelo comrcio modernoso e, principalmente, pela no-presena da histrica igrejinha do Rosrio, que acolhia as Festas de Agosto, com seus coloridos catops, caboclinhos e marujos, tudo bem diferente, atrofiado at, em que pese o esforo de grupos empenhados na preservao dessa tradio. Entretanto, este livro no esgota o que se presume ser a proposta do seu autor. Vai alm dela: impe a Flvio Pinto o desafio do lanamento do terceiro livro, agora reunindo o melhor de sua coluna no extinto JMC. At nome ele tem: A Coisa Assim, ttulo da coluna, cuja caracterstica era a forma suave, a linguagem despojada e a maneira divertida com que abordava o cotidiano da cidade. Est tudo preservado nas colees do Jornal. Asclepades e Zeca do Correio, em fortuito encontro no Batatinhas Bar, acharam por bem lanar este desafio... (Waldyr Senna o decano da imprensa de Montes Claros. tambm o mais antigo e categorizado analista de poltica. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 27/7/2012 16:21:57 |
Agenda para prefeito Waldyr Senna Batista A exatos 71 dias da eleio, so poucos os sinais visveis de que a campanha j comeou em Montes Claros. A legislao rigorosa tolhe os os de trs dos seis candidatos a prefeito e de pelo menos dois teros dos cerca de 540 pretendentes Cmara Municipal. Mas, at o dia 6 de agosto todos os pedidos de registro de candidatura estaro resolvidos. Os rejeitados podero apelar instncia superior. Sero poucos os casos. Boa parte dos candidatos a vereador que forem impedidos preferiro afastar-se da disputa sem deixar rastro e saudade. E, para os candidatos a prefeito Jairo Atade e Athos Avelino, que se diziam livres de restries legais com base em pareceres de juristas, essa ser a hora da verdade. O judicirio que ir dizer se de fato esto aptos a participar da disputa. Por enquanto, ningum sofreu prejuzos devido aparente estagnao da campanha, pois mesmo os que j foram liberados ainda no se pam em campo. Para a maioria dos que se candidataram, a campanha comear no dia 21 de agosto, que quando se inicia o horrio eleitoral no rdio e na televiso, o chamado palanque eletrnico. At l, a movimentao dos candidatos se resumir ao corpo-a-corpo e a mensagens pintadas nos vidros de veculos. Nos ltimos tempos, as campanhas eleitorais vo ganhando formas civilizadas, principalmente com a eliminao da retrgada pichao de muros que deixou marcas vergonhosas. At mesmo os comcios, tidos como vitrine, esto sendo abolidos, porque os candidatos a prefeito concluram que oneram o oramento de campanha sem resultados positivos. A prtica mostrou que o pblico que comparece aos comcios, em sua quase totalidade, j adepto do grupo patrocinador. como chover no molhado. Alm disso, o clima de violncia predominante nas grandes cidades assustador. Pelo menos nesta fase em que os grupos aguardam a deciso da Justia Eleitoral, tem sido mais promissora a realizao de debates e entrevistas em recinto fechado, onde os candidatos podem expor propostas e interagir com formadores de opinio. A ACI (Associao Comercial, Industrial e de Servios) programou uma srie de encontros com esse formato, tendo convidado todos os candidatos a prefeito. O primeiro teve a presena de Athos Avelino (PSB), que falou e ouviu durante duas horas pblico mais reduzido do que seria de desejar. O candidato exps planos e anotou sugestes, que sero avaliadas a fim de constar do seu programa. Alguns dos temas vm de outras istraes: construo de centro de convenes; empenho para construo do anel rodovirio leste, que j tem projeto e recursos federais; sugesto para implantao de outro anel, porque o que ser construdo demorou tanto, que a cidade j chegou ao limite dele; urbanizao do Feijo Semeado; reforo do sistema de segurana pblica; construo de outro distrito industrial; criao do conselho de desenvolvimento econmico, integrando outros municpios da regio; criao da Secretaria Municipal de Transparncia. Ao final do encontro, foi anunciada a presena em Montes Claros, no dia 9 de agosto, do ex-prefeito de Maring (PR) Slvio Magalhes Barros, que falar sobre experincia desenvolvida em sua cidade, que consiste na criao do conselho de ex-prefeitos para assessorar o que est no exerccio do cargo e, com isso, assegurar a continuidade istrativa. A experincia tem dado certo, e a ACI quer saber como funciona. O momento eleitoral oportuno para a abordagem desse assunto, principalmente porque continuidade istrativa no prtica usual em Montes Claros. Aqui dificilmente o prefeito que entra d andamento em obras iniciadas ou projetadas pelo antecessor. Quem sabe, depois dessa palestra e com a eleio que se aproxima essa prtica ser abolida? (Waldyr Senna o decano da imprensa de Montes Claros. tambm o mais antigo e categorizado analista de poltica. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 20/7/2012 16:23:44 |
O PT na disputa Waldyr Senna Batista O PT (Partido dos Trabalhadores) o maior do Pas, com trs mandatos de presidente da Repblica e possibilidade de conquistar mais um. Entretanto, no mbito local, sua fora se mede por cadeira nica na Cmara Municipal e uma vice-prefeitura, lembrando que ningum vota em vice. Esse perfil lhe confere a categoria de nanico em Montes Claros. Mas agora o PT decidiu jogar pesado. Lanou candidato a prefeito, que se considera competitivo, o deputado estadual Paulo Guedes, praticamente desconhecido na cidade. Ele veio de So Joo das Misses, onde foi vereador, exerceu aqui a funo de chefe do Distrito do DNOCS e est no segundo mandato na Assembleia, razoavelmente votado na regio, onde costumava distribuir tubos para captao de gua. H pouco tempo, transferiu o domiclio eleitoral e fixou residncia no condomnio das Accias, bairro Ibituruna, onde proprietrio de casa avaliada em R$500 mil. Firmou coligao com o PTN e o PC do B e se apresenta como descendente de ndio xacriab, que tem remanescente em sua regio de origem.* Quando comeou a se insinuar como pretendente Prefeitura de Montes Claros, o deputado Paulo Guedes no foi levado a srio. Seria mais um daqueles aventureiros que surgem em cada eleio. Porm, mostrou que no est para brincadeira quando requereu o registro da candidatura, informando que dispe de R$6 milhes para gastar na campanha. Isso representa uma vez e meia o que declarou o candidato Rui Muniz, conhecido como megaempresrio do ensino no Estado, que gastar R$4 milhes com a mesma finalidade; e mais do que o dobro do que declarou Jairo Atade (R$2,5 milhes), tido como o mais rico dos concorrentes, com patrimnio declarado de R$5,2 milhes, constitudo por casas e lotes em Montes Claros e Belo Horizonte, alm de fazendas e gado (1.514 cabeas de bovinos); e trs vezes mais do que informou o candidato Athos Avelino (R$2 milhes), cujo patrimnio de R$198.989,37, representado por casa em Montes Claros e apartamento na Capital. A comparao com os dois outros candidatos seria gritante: Felipe Gonalves Gusmo, do PSTU, auxiliar de escritrio, no possui bens e dispe de R$50 mil para gastar; j Waldeir Fernandes da Silva, o Mineirinho, aposentado, do PSol aliado ao PRP, proprietrio de casa na Vila Regina, que vale R$312 mil e pretende gastar R$1 milho, o que , proporcionalmente, chega a surpreender. Esses valores, constantes de declaraes de bens para fins eleitorais, tm significado relativo. Em geral, so peas de fico ou, quando muito, so valores histricos, no caso de imveis. Mas os R$6 milhes do deputado Paulo Guedes permite a concluso de que ele dispe de esquema de sustentao de seu partido, o PT, que estaria empenhado em melhorar sua performace em municpios de maior expresso. Haja vista Belo Horizonte, em que o PT rompeu coligao bem avaliada e lanou candidato prprio, por sinal, o bocaiuvense Patrus Ananias, que j foi prefeito da capital. Montes Claros, com cerca de 245 mil eleitores, constitui atrativo para teste dessa natureza que, se confirmado, poder propiciar confronto de foras: de um lado, o governo federal, apoiando o candidato do PT; de outro, o governo estadual, que tambm teria candidato aqui, conforme foi dito ao longo dos preparativos de campanha. O certo que, desta vez o PT est na disputa. (Waldyr Senna o decano da imprensa de Montes Claros. tambm o mais antigo e categorizado analista de poltica. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 13/7/2012 17:38:14 |
O velho discurso novo Waldyr Senna Batista Jairo Atade disputou quatro eleies para prefeito, ganhou a terceira e a quarta; concorreu uma vez Assembleia Legislativa e foi eleito; e outra Cmara dos Deputados, no se elegendo ( suplente no exerccio do mandato). Athos Avelino: quatro tentativas para prefeito, venceu na terceira; elegeu-se deputado federal e no foi bem sucedido quando disputou cadeira na Assembleia. Rui Muniz j disputou seis eleies: duas para prefeito (perdeu), duas para deputado estadual (perdeu uma), uma para vereador (ganhou, sendo o mais votado da histria) e uma para a Cmara dos Deputados (no se elegeu). Paulo Guedes chegou a Montes Claros depois de ser prefeito de Manga e no cumprimento do segundo mandato de deputado estadual. Os quatro, e mais dois figurantes, concorrem neste ano Prefeitura de Montes Claros. O perde e ganha do ado faz parte da rotina poltica. Mas tambm serve para inviabilizar o discurso que alguns j ensaiam, de que representam o novo, que o que o eleitorado montesclarense estaria pedindo. No mximo, eles podem centrar sua pregao de campanha tentando alegar que a experincia os capacita a realizar mais do que qualquer novato, pois levam a vantagem de conhecer os problemas da cidade. Se no os solucionaram foi por questo de tempo. Por isso, pedem nova oportunidade. Experincia por experincia, est a o prefeito Luiz Tadeu Leite, que h mais de trinta anos apresentouse como a novidade no cenrio da poltica municipal e, depois de somar quatorze anos de mandato de prefeito, dois de deputado estadual e outro federal (pela metade), est encerrando melancolicamente sua terceira agem pela Prefeitura. Se o discurso do novo tornou-se impraticvel, porque envelheceu, restaria o de oposio, que, para surtir efeito, tem como pressuposto a autenticidade, produto em falta do cenrio poltico. Neste caso, o candidato Rui Muniz vinha obtendo relativo sucesso, mas o anulou ao firmar coligao exatamente com o adversrio, o prefeito Luiz Tadeu Leite, cujo esquema se inviabilizou devido a problemas pessoais e srie de denncias de corrupo na Prefeitura. Do lado do candidato Jairo Atade, o discurso oposicionista tambm perdeu credibilidade a partir do momento em que ele se aproximou do prefeito inclusive usufruindo cargos na istrao. Isso parecia inconcebvel diante do inclemente combate que, durante muitos anos, lhe foi movido. Mas no ficaria bem mudar o discurso outra vez, em pleno andamento da campanha. O mnimo que lhe resta pegar leve, tentando desconhecer o clima predominante na Prefeitura. Ele fala em reconstruir Montes Claros. Quanto a Athos Avelino, que nos ltimos oito anos vem sofrendo sistemtica perseguio do atual prefeito, fez o caminho inverso: de aliado ou a inimigo de quem o lanou na poltica e o fez candidato a prefeito. Se optar pelo discurso agressivo, ter de calibrar a dose para colher bom resultado. Paulo Guedes ter de explicar a razo pela qual desembarcou em Montes Claros, onde pretende gastar R$6 milhes para ser prefeito. Em resumo, a campanha se coloca diante do dilema de escolha do discurso apropriado. Rui perdeu o argumento; Jairo mostra-se contraditrio porque teve sua candidatura apoiada pelo Governo do Estado, cujo objetivo seria derrotar o prefeito Luiz Tadeu Leite; e Athos precisa descobrir que, com Rui e Jairo alijados dessa rea, o campo da oposio est aberto a quem queira assumi-lo com competncia. (Waldyr Senna o decano da imprensa de Montes Claros. tambm o mais antigo e categorizado analista de poltica. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 6/7/2012 16:14:57 |
Caa ao vice Waldyr Senna Batista O folclore poltico registrou que, nos tempos do velho PSD, as decises eram aprovadas na vspera das reunies convocadas para tomar decises. Assim, elas serviam s para confraternizar, temperadas com cafezinho e po de queijo. Pelo visto, os atuais dirigentes de partidos polticos em Montes Claros no aprenderam a lio dos coronis do extinto PSD, pois usaram todos os prazos permitidos em lei para escolher seus candidatos a vice-prefeito e, at ontem, ltimo instante do derradeiro dia para apresentao das chapas que concorrero s eleies de 7 de outubro prximo, ainda estavam se esfalfando para encontrar nomes que pudessem atender seus interesses, entre eles o acrscimo de minutos nos horrios de propaganda em rdio e televiso durante a campanha. Estabeleceu-se ento o que se pode denominar de caa ao vice. A analogia com disputas futebolsticas apropriada. Nas partidas de campeonatos de futebol h o tempo regulamentar, findo o qual, no ocorrendo vencedor, a deciso vai para a prorrogao, a que se seguir a cobrana de penalidades mximas se persistir o empate. Pois em Montes Claros, neste ano, a poltica transformou-se em verdadeiro futebol. O principal partido no poder est fora da disputa devido a problemas de sade do seu principal lder, o que explicvel, e ento o grupo dele tenta associar-se a um de seus principais adversrios, mas no encontra vice para lanar. A pessoa que havia sido preparada para a tarefa, tirou o time de campo momentos antes da aprovao em conveno. Estranho ao ramo, concluiu que aquilo no era bem o que havia pedido a Deus, pelo que preferiu ficar de fora, no tendo esclarecido que tipo de inconveniente teria motivado sua deciso, embora, em se tratando de poltica e de futebol, seja fcil imaginar. O que se estranha que, tendo sido designado como reserva com relativa antecedncia para a eventual substituio do titular do time, o chamado plano B, s ltima hora lhe tenha cado a ficha. ou-se ento a procurar o substituto do substituto. Nas demais chapas, a escolha dos candidatos a vice no foi menos traumtica. Numa delas, o principal candidato a vereador, que funcionaria como puxador de votos para a eleio de bancada mais expressiva, trocou eleio praticamente certa para o legislativo para disputar vaga como vice-prefeito, cuja eleio depender da vitria do titular da chapa. Tudo faz crer que a deciso de sacrifcio se deveu falta de opo. Na chapa do candidato at agora tido como favorito, divulgava-se um nome para vice e da conveno resultou outro, que, alis, vinha fazendo campanha para prefeito, assegurando que vice ele no seria. Mas talvez tenha sido a escolha mais tranquila, itindo-se at que possibilitou relativo equilbrio na chapa. Quanto aos outros candidatos, tidos como menos qualificados em termos eleitorais, o problema no se restringiria propriamente aos vices, mas chapa como um todo. Eles esto entrando na disputa com chances mnimas. So rigorosamente desconhecidos pelo eleitorado e deveriam iniciar pelo comeo, isto , dizendo quem so, a que vieram e por que se dispam ao penoso trabalho em benefcio de Montes Claros. A populao penhorada, agradeceria. Por tudo que foi dito, verifica-se que a questo do vice no tem merecido o tratamento adequado. A rigor, ela continua sendo tida como moeda de troca, mera questo burocrtica, sem a exigncia de que haja o mnimo de sintonia com o companheiro de chapa. E no deveria ser assim, considerando-se que, nas ltimas istraes, ocorreram problemas graves exatamente devido a esse ponto. Haja vista a atual istrao, que se inviabilizou, em grande parte, devido ao pssimo relacionamento do atual prefeito com o grupo a que pertence a vice-prefeita. (Waldyr Senna o decano da imprensa de Montes Claros. tambm o mais antigo e categorizado analista de poltica. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 29/6/2012 16:08:50 |
Abrao de afogados Waldyr Senna Batista A sada do prefeito Luiz Tadeu Leite da disputa eleitoral muda o quadro que estava sendo posto, mas no ao ponto de decidir a eleio. As convenes partidrias que vinham sendo realizadas e que se encerram neste sbado, meia- noite, mostraro que o PMDB local, atualmente, representa quase nada, e pode at mesmo influir negativamente em partidos ou correntes polticas que a ele se associem. No a de 5% de intenses de voto e leva s costas o peso de 70% de rejeio. No seu retorno cidade, para cumprir exigncia legal, o prefeito praticamente anunciou o fim de sua carreira poltica, dispondo-se apenas a cumprir o restante do mandato, e assim mesmo de maneira precria, devido ao seu estado de sade. H muito ele istra a cidade por controle remoto, sem se fazer presente no prdio da Prefeitura, regularmente. Por sinal, ele retornou a Belo Horizonte, onde continuar o tratamento. Ao se despedir, o prefeito no designou substituto para manter conversaes do seu grupo sobre a prxima eleio, limitando-se a dizer que o partido se incumbiria disso, sendo que o partido sempre foi por ele personificado. Com a agravante de que, no momento, nem presidente tem, porque quem cumpria a funo de ttere, com a arrogncia dos que se julgam poderosos, era o vereador Atos Mameluque, presentemente na cadeia, acusado de envolvimento no escndalo de desvio de verbas denunciado pela Polcia Federal. At o momento em que este texto era produzido, no havia qualquer informao que indicasse tentativa de soluo para o PMDB, que estava literalmente deriva. Ao que parece, o chamado plano B, engendrado de afogadilho pelo prefeito, prevendo o lanamento do empresrio Edgar Santos como candidato, no seria posto em prtica, e se o fosse, no produziria o milagre de manter inclume o que restou do partido depois do cataclismo. O certo que, sem seu principal lder e bombardeado nos ltimos dias por intenso noticirio negativo, dificilmente o PMDB ser cortejado por grupos interessados em agregar o tempo dele para propaganda eleitoral de rdio e televiso. O desgaste produzido por aliana dessa natureza teria o efeito de autntico abrao de afogados, em que ambos perecem. Quanto roubalheira descoberta pela PF, ela vem corroendo as finanas da prefeitura h muito tempo. H mais de um ano, nesta coluna, foi feita meno lei municipal nmero 4201, de 22 de fevereiro de 2010, aprovada na Cmara pela bancada subserviente da situao (14 votos entre os 15 integrantes) com a clara finalidade de tapar o buraco nas contas da merenda escolar. Ela autorizou a venda de imvel do municpio (doado Cmara para construo de sua sede), com rea de 4909 metros quadrados, situado na Av. Jos Corra Machado, arrematado em licitao pela empresa Styllos Alimentao Ltda. por R$ 3.303.329,74, a serem pagos em seis prestaes (entrada +5 parcelas). Ao que consta, o valor efetivo do imvel seria superior a R$ 5 milhes, que foi o lance dado pela Santa Casa, que descontaria do valor o crdito que tinha na prefeitura. A proposta foi desqualificada, devido forma de pagamento oferecida. Mas agora se pode imaginar que o motivo teria sido outro. O curioso em tudo isso que a PF est revelando em rede nacional que, h dias, quando foram dados os primeiros sinais dessas escabrosas operaes, o prefeito Luiz Tadeu Leite, em entrevista imprensa de Belo Horizonte, afirmou que estava sendo vtima de perseguio poltica pela PF, pelo Ministrio Pblico e pelo Tribunal de Contas do Estado, prometendo que iria agir judicialmente para se defender. possvel que at ento ele ignorasse o problema e, por isso, armou um circocomo ironizou a imprensa da capital. S que, se de fato ignorava a falcatrua praticada por auxiliares em quem confiava, a situao dele no melhora, pois seria, no mnimo, prova de imperdovel omisso. (Waldyr Senna o decano da imprensa de Montes Claros. tambm o mais antigo e categorizado analista de poltica. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 22/6/2012 17:03:36 |
Fortes emoes Waldyr Senna Batista O prximo sbado (30) ser dia de fortes emoes. quando expira o prazo para as convenes que oficializaro candidaturas e coligaes para a eleio de outubro. Os partidos deixaram a definio para o ltimo instante do prazo final, na esperana de que assim obtero condies mais vantajosas. A lista de pretendentes j conhecida. Ela mistura candidatos a prefeito e a vice, no havendo, por enquanto, vnculo entre os grupos a que eles pertencem, liderados pelos que j ocuparam o cargo de prefeito anteriormente. Os demais, em tese, item composies, ainda que no haja afinidade entre eles. So os que juravam que no seriam vice de maneira alguma. A vaga de vice funciona como moeda de troca. Vale mais quem tem mais tempo em rdio e televiso para a propaganda eleitoral e tambm maior potencial de votos. O resto fica para depois da posse. E a que mora o perigo. A histria mostra que quase a totalidade dos vices no chega ao final do mandato em paz com o companheiro de chapa. Haja vista o atual prefeito, que em menos de dois anos entrou em rota de coliso com sua vice. Chegaram ao nvel da beligerncia, que incluiu troca de fechadura da porta da sala para evitar o ingresso da vice- prefeita. Em outros tempos, o vice que ocupava uma secretaria foi sumariamente demitido pelo ento prefeito, sob acusao de estar transformando a secretaria em comit eleitoral. Ele queria a cadeira na eleio seguinte sem respeitar o direito reeleio. E j houve vice que se aliou oposio, ostensivamente, para propor o impedimento do chefe do executivo. No conseguiu. No ado mais distante, em compensao, havia acordo entre as duas faces mais poderosas da cidade prevendo o exerccio compartilhado do mandato, cabendo dois anos a cada um. E, por incrvel que parea, o acordo era cumprido pela simples razo de que, no ado, tica e honestidade eram ingredientes da atividade poltica. No prximo sbado estaro sendo escalados, provavelmente, os protagonistas da prxima disseno poltica. Por enquanto, aparentemente reinam a paz e a concrdia. O que azeda o relacionamento, como em qualquer namoro, a ambio. Em poltica esse sentimento se acentua. No momento, Montes Claros, apesar de ter vice, est virtualmente sem prefeito, porque o titular teve de se submeter a cirurgias delicadas sem deixar o cargo, para evitar que a vice-prefeita assumisse, provavelmente temendo retaliaes ou adoo de medidas que pudessem desestruturar o esquema em vigor. Para isso, tem se valido de dispositivos legais, que lhe facultam exercer, quando muito, a rotina istrativa. E se justifica perante a populao, afirmando: Tenho mantido a rotina, frente da nossa istrao, mesmo de frias, assinando cheques, convnios e documentos e cada secretrio intensificou sua atuao para no haver qualquer prejuzo nossa cidade. A rigor a justificativa seria desnecessria, uma vez que a legislao prpria estabelece escala sucessria para emergncias semelhantes que o prefeito Luiz Tadeu Leite classifica como seu renascimento . Secretrios so meros assessores, que, por mais competentes que sejam, no podem praticar atos descritos pelo prefeito como mais densos, por serem inerentes ao cargo eletivo. (Waldyr Senna o decano da imprensa de Montes Claros. tambm o mais antigo e categorizado analista de poltica. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 15/6/2012 13:27:44 |
Negcio de risco Waldyr Senna Batista Pela terceira vez oferecida em licitao pblica, ningum se interessou em adquirir 14 mil metros quadrados do terreno onde est a Praa de Esportes, que a Prefeitura quer vender para fazer caixa. Mesmo com a reduo do preo mnimo, para R$ 29,4 milhes, no houve licitantes. Agora, a Prefeitura pode adotar a negociao direta, valendo qualquer preo. Mas dificilmente a operao ser concretizada, porque o momento no propcio, segundo afirmam empresrios do ramo. A crise internacional e as medidas econmicas preventivas adotadas pelo Governo brasileiro tm infludo negativamente nos negcios imobilirios. Ningum consegue vender nada h vrios meses. O mercado est gelado, todo o mundo quer vender, afirma destacado corretor. E, em se tratando de imvel de valor to elevado, diz ele, ao alcance de pouqussimos, as dificuldades se multiplicam at para quem est acostumado a megainvestimentos. Imobilizar quase R$ 30 milhes s com o terreno, e mais edificaes, instalaes e capital de giro, a operao aproxima-se de R$ 100 milhes. Esperar retorno a mdio prazo de negcio dessa envergadura iluso. Trata-se, portanto, de transao de altssimo risco, pois h tambm questionamentos de natureza judicial em relao legitimidade da propriedade do terreno, que seria do Estado em condomnio com o Municpio, vigente desde 1943, data da construo do MCTC. Como no foi consultado para a pretendida alienao, o Estado ingressou na Justia para contest-la, alegando que cedeu apenas o uso e o gozo do imvel, sem outorgar Prefeitura poderes para, em seu nome, dispor do imvel. A ao, segundo noticiou a imprensa, foi proposta pela Procuradoria do Estado, assinada pelo procurador Paulo Roberto Lopes Fonseca, que aponta irregularidades tambm em mandado de transcrio imobiliria, datada de 08/04/86, em que no consta o Estado como co-proprietrio. De acordo com o procurador, a Praa de Esportes bem pblico, sujeito a indisponibilidade por parte de seus proprietrios. A propsito, cabe repetir a informao de que, durante vrios anos, o Governo do Estado nomeava o presidente do MCTC, geralmente o prefeito. Quando essa funo era exercida por Simeo Ribeiro Pires ( 1958 a 1962), ele recusou a honraria, mostrando anotaes feitas em caderno escolar, de prprio punho, pelo prefeito Dr. Santos, construtor da Praa, para provar que o municpio era o dono legtimo do imvel. Pelo sim, pelo no, a partir de ento os governadores do Estado no mais se deram ao trabalho de nomear nem o presidente do MCTC e nem os gestores da entidade ( dois deles, o sargento Marinho e o tenente Pimenta, fizeram histria na cidade). Voltando atualidade: em impugnao apresentada Prefeitura, contra a realizao da licitao, o ex-secretrio municipal da Fazenda, Henrique Veloso Neto(istrao anterior) apontou falha no edital, exatamente por no citar nmero de matrcula, folhas, livro e cartrio de registro do imvel. Limita-se a dizer, genericamente, que O imvel encontra-se regularmente registrado em nome do Municpio, perante o Cartrio do Registro de Imveis competente da Comarca de Montes Claros, apto, portanto, para ser transferido ao arrematante aps homologado o certame. H outras pendncias judiciais que inviabilizam o negcio, e outras devero ser ajuizadas se vier a ser concretizada a alienao. De qualquer forma, ainda que a lei permita a livre negociao a partir de agora, de se imaginar que predomine o bom senso e que o preo no seja inferior ao constante do ltimo edital, que, alis, est bem abaixo do valor venal de terreno naquela rea da cidade, acima de R$ 3 mil por metro quadrado, que equivaleria a R$ 42 milhes. Bem acima dos R$ 29,4 milhes estipulados para a licitao que no houve. (Waldyr Senna o decano da imprensa de Montes Claros. tambm o mais antigo e categorizado analista de poltica. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 8/6/2012 15:11:35 |
Em como de espera Waldyr Senna Batista O afastamento de funes e cargos pblicos por quem pretende disputar a eleio contribuiu muito pouco para definir o quadro sucessrio em Montes Claros. Assim sendo, a previso de que essa definio s acontecer no instante final do prazo para oficializao de coligaes e candidaturas, no dia 30 de junho. A primeira etapa serviu ao menos para que se saiba quem est impedido para a disputa, o que reduz em muito a margem para especulaes, como a que envolvia o secretrio Gil Pereira. Ele no concorrer, pois preferiu continuar secretrio estadual e acompanhar de perto o desfecho de projetos de sua rea, com destaque para a barragem de Congonhas e a irrigao do Jequita, ambos prestes a entrar na fase de execuo. Carlos Pimenta, que em eleies anteriores se insinuava mas ao final do prazo recuava, desta vez deu um o concreto frente, deixando a secretaria estadual do Trabalho e se oferecendo para composies. Disputar a Prefeitura se conseguir aglutinar apoios, segundo disse. O secretrio municipal de Indstria e Comrcio, Edgar Santos, tambm deixou o cargo, ao que se diz por recomendao do prefeito Luiz Tadeu Leite, a fim de poder ser lanado como candidato no lugar dele, na hiptese de ocorrer a impossibilidade de sua participao. Essa preocupao estaria ligada ao estado de sade do prefeito e foi manifestada poucos dias antes de ele se submeter a cirurgia, que tinha carter de urgncia, mas que seria tranquila, conforme manifestou o prefeito em entrevista coletiva. Em vez de uma, ele teve de se submeter a duas intervenes delicadas, de acordo com boletim oficial, ambas de longa durao, o que exigir ps-operatrio tambm prolongado, que dever afast-lo da campanha, desgastante e a ser desenvolvida em menos de quatro meses. Seria esta a eventual emergncia que levaria ao lanamento do ex-secretrio Edgar Santos. Esse acontecimento muda o quadro que vinha sendo posto, fazendo com que o processo entre em como de espera. A inteno inicial do prefeito era continuar exercendo suas funes de qualquer maneira, conforme disse na entrevista coletiva. A inteno, no manifestada, seria no oficializar licena para evitar a transmisso do cargo vice-prefeita, Cristina Pereira, com quem ele est rompido. Essa hipottica transmisso produziria efeitos de natureza poltica e eleitoral, pois se daria em pleno curso da campanha, em que o grupo do prefeito est fragilizado devido ausncia dele. A vice-prefeita, nessa eventualidade, aria a exercer influncia poltica, emanada do prprio cargo, podendo at ser lanada na disputa com apoio do grupo ligado ao Governo do Estado, que h meses trabalha com vistas ao lanamento de candidato. So hipteses que estaro vinculadas ao estado de sade do prefeito Luiz Tadeu Leite. A enfermidade dele paralisou o processo e criou um vazio em seu grupo, cuja eliminao ser muito difcil nos poucos meses de campanha. Com o complicador adicional de que, no curso dela, tem de ser trabalhada a candidatura de um empresrio de expresso no meio empresarial, mas politicamente desconhecido, principalmente no segmento que a base de sustentao do prefeito. (Waldyr Senna o decano da imprensa de Montes Claros. tambm o mais antigo e categorizado analista de poltica. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 1/6/2012 14:24:37 |
Sem a excelncia Waldyr Senna Batista Em eleio municipal, pelo fato de a ateno do eleitor concentrar-se mais na escolha do prefeito, o voto para vereador costuma ficar em plano secundrio. essa uma das razes de, a cada pleito, declinar o nvel de qualidade do legislativo, confirmando a observao do falecido deputado Ulysses Guimares, aqui sempre repetida, de que a prxima Cmara sempre pior do que a atual. Ele se referia, obviamente, Cmara dos Deputados, mas o princpio vale para todos os nveis. E os partidos polticos so os grandes culpados, por no aplicarem o rigor necessrio quando da formao das listas de candidatos. Nesse estgio do processo, para eles valem mais o potencial de votos e a condio financeira do pretendente, do que a competncia. Nos partidos nanicos, nem isso: entra quem aparecer, j que, ao final, devido ao sistema proporcional, a soma de pequenas votaes pode ensejar a eleio de um vereador. A supervalorizao da remunerao para o exerccio do mandato tambm atrativo especial. Em Montes Claros ela j foi fixada em quase R$ 15 mil mensais, mas o custo para o contribuinte deve alcanar R$ 55 mil, considerando-se os penduricalhos que os prprios legisladores criam, com verba de gabinete, material de expediente, transporte e comunicaes, entre outros. Ser vereador em cidade do porte de Montes Claros , seguramente, um dos melhores empregos do Brasil, considerando-se que, alm da remunerao, cada membro praticamente autnomo, podendo ter presena de algumas horas em apenas dois dias da semana. Neste ano, a eleio das novas cmaras ter atrativo especial, que a ampliao do nmero de cadeiras. A de Montes Claros ar de 15 para 23, no porque a demanda de trabalho exigisse, mas devido a presso dos polticos com vistas a abrigar maior nmero de pretendentes. No h nada que 23 vereadores possam fazer que os 15 atuais j no estejam fazendo. Mas os beneficirios argumentam que o contingente maior melhora a representatividade , graas proporcionalidade em relao populao de cada municpio. Eles acrescentam que os municpios no tero gasto maior para a manuteno das cmaras infladas, pois a lei que autorizou a medida manteve em 4% sobre a receita prpria o aporte de recursos para o legislativo. O que no chega a convencer, pois logo surgir expediente legal para contornar dificuldades previsveis, sendo esse ndice rompido. Os legisladores brasileiros so muito criativos... No final da prxima semana comea o prazo para realizao de convenes para lanamento de candidatos. Para a Cmara, haver mudana de nomes, mas o baixo nvel de qualidade continuar, porque os melhores da comunidade estaro ausentes, abrindo espao para os menos qualificados. A atual Cmara no deixar saudades. Mas no ser esquecida, devido a episdios menos recomendveis, como o ocorrido na semana ada, em que a vereadora Rita Vieira recomendou ao vereador Jos Ferro que tomasse vergonha na cara. Ela o acusava de haver invadido seus domnios, assumindo a paternidade de servio efetuado em bairros pela Prefeitura, a seu pedido. E ainda o ameaou de adotar outros meios se ele insistisse. Em qualquer parlamento h o que se chama decoro parlamentar, que intocvel. Por ele, os debatedores podem at se insultar mutuamente, mas nunca abandonando o tratamento de vossa excelncia. A vereadora desobedeceu esse princpio... (Waldyr Senna o decano da imprensa de Montes Claros. tambm o mais antigo e categorizado analista de poltica. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 25/5/2012 15:54:18 |
A seca e os feudos Waldyr Senna Batista A chuva da semana ada foi pouco alm de Montes Claros. Na direo do extremo Norte de Minas, ela no chegou a Espinosa, rea que abrange Porteirinha, Mato Verde, Monte Azul e Mamonas, onde os riachos deixam de correr, mas manteem empoada alguma gua. Neste ano esses cursos dgua secaram de vez. At a barragem de Estreito, na divisa com a Bahia, est sem gua. Segundo os mais vividos, esta ser a pior seca da histria. Nesse ranking, a avaliao se torna difcil devido ao prprio desenvolvimento do Pas, que garante a assistncia aos flagelados de forma mais eficaz do que h 100 anos, quando se registraram at casos de antropofagia, no municpio de Salinas, onde quatro pessoas foram mortas para servir de alimento a famintos desesperados. O episdio comprovado porque deu origem a processo judicial, que tramitou na Comarca de Gro Mogol, que ento abrangia toda a regio, e tambm porque mereceu citao de Rui Barbosa da tribuna do Senado Federal. Ele havia sido derrotado ao disputar a Presidncia da Repblica, obtendo um nico e solitrio voto em Salinas, fato que foi ironizado por senador que o aparteava. E o grande tribuno respondeu, com a veemncia que a histria registra: Salinas de Minas? Que me importa Salinas de Minas, onde a fome impera e o homem levado aos horrores da antropofagia?. Aquela, sim, pode ter sido a pior seca da histria, embora jornal de Belo Horizonte tenha agora relacionado as de 1939, 1975, 1996 e 2008 como as mais dramticas, todas elas com testemunhas vivas, o que no o caso da que colocou o hoje progressista municpio de Salinas na berlinda. Atualmente, com cestas bsicas, aposentadoria rural, eletrificao rural, carros-pipa de prefeituras em anos eleitorais e distribuio de cisternas de plstico para armazenar gua ( quando gua houver para armazenar), os flagelados encontram o mnimo necessrio para garantir-lhes a sobrevivncia. Nem isso, contudo, bastante para eliminar os efeitos da atual estiagem, como mostrou o jornal Estado de Minas em reportagem assinada pelo reprter Luiz Ribeiro. Durante trs dias, ele percorreu a rea conflagrada no extremo Norte de Minas e trouxe imagens dramticas colhidas pelo fotgrafo Jackson Romanelli. Elas so idnticas s do Nordeste, mostrando o solo crestado no que antes havia rios e barragens, alm de depoimentos que atestam o agravamento do drama. Como o do idoso que testemunhou outras secas: Nas secas dos outros anos salvava alguma coisa. Desta vez no sobrou nada. Seria o caso ento de se perguntar ao Dnocs e Codevasf o que eles tm a declarar diante dessa nova calamidade. Do ado, h empreendimentos que atestam a operosidade desses rgos do Governo federal. A adutora do Rebento dos Ferros e a implantao dos aneis de Cross para melhorar o abastecimento de gua em Montes Claros, sem esquecer milhares de poos tubulares perfurados, foram obras da maior importncia realizadas pelo Dnocs; e a implantao do projeto Jaba e da barragem de Bico da Pedra no deixa dvidas quanto eficincia da Codevasf. Ambos, nos ltimos dez anos, foram aparelhados pelos governos petistas e transformados em feudos de parlamentares que integram a base de sustentao do Governo na Cmara dos Deputados. Em funo disso, a escolha de dirigentes desses rgos ou a ser atribuio dos deputados Fernando Diniz (falecido), Mrcio Reinaldo e Jos Saraiva Felipe, que indicam prepostos seus ou componentes de suas equipes, sem que sejam tecnicamente preparados para a funo. Bem diferente dos tcnicos como Manoel Athayde, Joaquim Costa, Luiz Antnio Medeiros, no Dnocs, e Roberto Amaral (que no devia, mas virou poltico no exerccio do cargo) e Ciraco Serpa de Menezes, na Codevasf. Em razo dessa mudana de estilo que os dois rgos, nos ltimos anos, tm se limitado distribuio de canos de gua com fins eleitoreiros. Em outras pocas, em momentos de crise como o de agora, eles se colocaram na linha de frente. Hoje, no so sequer lembrados. (Waldyr Senna o decano da imprensa de Montes Claros. tambm o mais antigo e categorizado analista de poltica em Montes Claros. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 18/5/2012 16:11:10 |
A seca no acabou Waldyr Senna Batista Aps trs meses sem chover e sob sol abrasador, Montes Claros e o Norte de Minas preparavam-se para uma das piores secas da histria. O clima era de tragdia. O desnimo predominava, os negcios de gado bovino esfriaram e esse mercado tornou-se apenas vendedor, enquanto as pastagens comeavam a perder o vio e os crregos e rios pereciam. Era o prenncio do caos. Mas bastaram trs dias de chuvas torrenciais para operar o milagre da transformao, reacendendo o nimo dos produtores rurais, com reflexos instantneos nas demais reas da atividade econmica regional. O astral voltou a subir. O que demonstra que, apesar da predominncia das grandes indstrias, a partir dos anos setenta do sculo ado, e da tradio do comrcio de pequeno e mdio portes, a pecuria no perdeu seu vigor. O empresrio, o mdico, o advogado a tm como atividade paralela. Todos desenvolvem suas profisses acadmicas, com um p no campo. Sem dvida por isso que o problema climtico afeta faixas to amplas da populao. A diferena que, enquanto a maioria dos gigantes do comrcio aqui aportam cumprindo metas de expanso, criando empregos importantes, sem dvida,mas a mente e o corao deles esto em pontos distantes, at em outros estados, e para l que se destinam os resultados operacionais obtidos. Os empregos gerados e os investimentos realizados so considerveis, mas essas empresas estariam prontas a encerrar suas atividades no exato momento em que constatarem que os resultados alcanados no corresponderam s suas expectativas. Mquinas de ganhar dinheiro, o que elas so, e nem por isso devem ser repudiadas. A pecuria, ao contrrio, tem razes implantadas, tem tradio que se formou ao longo de sculos. atvica. Ela produz aqui, obtm lucros aqui, e os redireciona para a regio. Esse vnculo to profundo que a crise climtica, que se repete com constncia, gera problemas preocupantes, mas ningum desiste. As chuvas desta semana no foram inditas, mas surpreenderam positivamente, porque chegaram quando tudo parecia perdido, alcanando 40 milmetros, muito superiores aos 14 milmetros costumeiros para o ms de maio. Elas compensaram em parte os meses ruins. Mas no significa que a seca acabou. Os trs meses de sol causticante deixaram marcas profundas. Essas chuvas iro recuperar o verde das pastagens e contribuiro para a recomposio dos mananciais. O que no nada desprezvel, diante da tragdia que se prenunciava. De qualquer forma, o quadro difere totalmente do que ocorria no ado, em que a seca produzia xodo rural, fome, desespero de flagelados esqulidos que se espalhavam pelo pas inteiro nas carrocerias dos tristemente famosos paus-de-arara, comendo farinha e calango. Hoje, felizmente, montou-se eficiente estrutura de apoio a essas populaes. Montes Claros era um dos destinos das levas de retirantes que ocupavam a estao ferroviria espera de es para seguir viagem at So Paulo. Hoje, h inmeras formas de proteo, no que se denomina de programas de transferncia de renda que, com ou sem explorao eleitoral, funcionam em carter permanente. O problema social foi amenizado. O econmico, conta com artifcios para se recompor. Programas governamentais de grande porte, como o projeto de irrigao do Jequita e a construo da barragem de Congonhas, para captao de gua, no Norte de Minas, apesar de se arrastarem h anos, um dia ganharo ritmo e traro soluo definitiva para o problema da seca. (Waldyr Senna o decano da imprensa de Montes Claros. tambm o mais antigo e categorizado analista de poltica em Montes Claros. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 11/5/2012 13:01:22 |
Circo armado Waldyr Senna Batista Acusado de improbidade istrativa, com desvio de R$ 4,6 milhes de recursos federais destinados ao setor de sade, o prefeito Luiz Tadeu Leite resolveu defender-se atacando. Reuniu a imprensa, aqui e em Belo Horizonte, para dizer que est sendo vtima de compl e tratorao de setores do Governo de Minas. Excluiu da suposta trama o governador Antonio Anastasia, a quem chamou de parceiro na ampliao do setor de industrializao de Montes Claros. Entrou em uso a velha frmula de posar de vtima, que deu certo em outras oportunidades. S que, no presente episdio, trata-se de processo formal, com indiciamento, por iniciativa do Tribunal de Contas do Estado, do Ministrio Pblico estadual e federal e da Polcia Federal. Ou seja, a ao j superou a fase de apuraes e levantamentos em que o argumento de natureza poltica poderia surtir algum efeito. Da em diante, am a valer a lei, os argumentos de ordem judicial e a prova documental. O processo, pelo que tem noticiado a imprensa, teve por base denncia da cirurgi-dentista Djany Baleeiro Rodrigues, que trabalhava na Prefeitura em cargo de chefia, foi includa no listo dos demitidos nos primeiros dias da atual istrao, h trs anos e meio, mas teve seu nome mantido na folha de pagamento do programa de sade. Algum recebeu o dinheiro, o dela e o de dezenas de outros ex-funcionrios. Em razo disso, ela apresentou a denncia que originou o procedimento policial para apurao do rombo que, segundo o inqurito, alcanou R$ 4,6 milhes. A ao tem, pois, nome, sobrenome, profisso e endereo, que so os da funcionria citada no noticirio. A Polcia e o Ministrio Pblico foram acionados, expondo a situao irregular que a est. So entidades que gozam de credibilidade, atuam com eficincia e costumam apresentar cachoeiras de fatos e imagens que ocupam pginas de jornais e telas de televiso. No consta que, em qualquer momento, tenham se prestado formao de compl para perseguio poltica de prefeitos, que, no contexto nacional, representam pouco. Um dos jornais de Belo Horizonte registrou a movimentao do prefeito na Capital com manchete carregada de ironia: Tadeu Leite arma o circo em BH. E noticia que ele protocolou ofcio na Superintendncia da Policia Federal de Minas Gerais colocando a Prefeitura disposio para qualquer tipo de investigao; fez representao ao Conselho Nacional do Ministrio Pblico contra o procurador Marclio Barenco Corra de Melo, que coordenou o exame da documentao colhida na Prefeitura, acusando-o de ter agido de forma policialesca, agressiva, mal educada e cheio de impfia; e contesta a validade das apuraes, que apontaram desvio de centenas de milhes de reais, que o prefeito considera impossvel, pois o oramento total do municpio de R$ 550 milhes. Todas elas medidas cosmticas, que no levam a nada. Mas esse apenas o incio de longo processo, que no chegar a termo antes da eleio de outubro. O prefeito, agora indiciado, poder disput-la, carregando o peso do desgaste que esses acontecimentos produziro, embora a oposio, que at agora no tugiu nem mugiu, talvez no venha a ter disposio para incluir o assunto na pauta. Diferente do que fez o prefeito Luiz Tadeu Leite com relao ao seu antecessor, Athos Avelino, quando equipe da Polcia Federal esteve realizando levantamentos na Prefeitura. Na opinio do ento oposicionista, frente dos microfones de sua emissora de rdio, a PF havia ocupado o prdio da Prefeitura. A propsito das acusaes de compl, o chefe da PF em Montes Claros, Marcelo Freitas, resumiu: A PF polcia de Estado, no de Governo. (Waldyr Senna o decano da imprensa de Montes Claros. tambm o mais antigo e categorizado analista de poltica em Montes Claros. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 4/5/2012 13:56:55 |
Comendo pelas beiradas Waldyr Senna Batista A exatos trinta dias do incio oficial da campanha, o quadro sucessrio em Montes Claros est indefinido, mas posto da seguinte forma: de um lado, o prefeito Luiz Tadeu Leite; do outro, pelo menos cinco possveis candidatos, viveis ou que apresentem algum potencial eleitoral. Est, como se diz, do jeito que o prefeito pediu a Deus. A fragmentao do lado oposto s a ele beneficia. Ainda mais levando-se em conta que esses supostos concorrentes no tm discurso oposicionista. Alis, no tm discurso algum. Cada um deles tem ficado espera de qual ser o prximo lance dos demais, e o prefeito vai comendo todos pelas beiradas, sem ser incomodado. Com a generosa verba publicitria que inseriu no oramento, ele se dedica a promover por todos os meios de comunicao uma cidade virtual, que estava melhor a cada dia e que agora ficou um pouco mais modesta, ou a apelar para a unio a fim de construir muito mais. Muito mais do quase nada que tem sido feito, resulta em conta pouco significativa. Na cidade real, o processo de decomposio se amplia a tal ponto que, decorridos trs meses sem chover, prenunciando a pior seca no municpio ( e em toda a regio) nos ltimos trinta anos, para dizer o mnimo, nem a operao tapa-buracos tem sido realizada a contento, embora a Prefeitura, no incio do ano, tenha pedido pacincia populao, alegando que no recuperava o asfalto porque as chuvas no permitiam. O que atrapalha agora deve ser a seca. O panorama calamitoso que predomina seria propcio oposio, se oposio houvesse. Jairo Atade, tido como favorito nas pesquisas, no fala como oposio, at porque no se desfez de todos os vnculos que tinha na istrao, tendo restado pelo menos a vereadora Rita Vieira como integrante da bancada situacionista na Cmara; a ao de Humberto Souto tem sido conceder entrevistas em que fala em programa e traa o perfil do prefeito ideal, que seria ele prprio, sem aluso situao calamitosa em que a cidade est mergulhada; Athos Avelino, perseguido pelo fantasma da inelegibilidade, exibe parecer em contrrio de jurista, enquanto vai perdendo fora eleitoral, porque o seu PPS ou ao domnio de Humberto Souto, levando-o a se inscrever no PSB, sem ser acompanhado por muitos de seus antigos adeptos, que continuam participando de reunies do PPS; Rui Muniz parece ter perdido o embalo: transferiu-se para um partido nanico, no qual continua embalando o sonho de ser presidente da Repblica, conquanto o objetivo imediato seja a Prefeitura; Gil Pereira uma esfinge que ningum decifra: h momentos em que se diz propenso a disputar a Prefeitura, mas em seguida nega essa pretenso, porque se afeioou funo de secretrio de Estado, na qual tem tido projeo maior do que em qualquer prefeitura. Tornou-se inapetente. Esse seria o grupo de oposio, que at agora no se ops a nada. Oposio, mesmo, quem faz o vereador Claudim da Prefeitura, ando um fardo muito superior s suas foras, mas com muita disposio. Numa Cmara de quinze integrantes, ele o nico oposicionista. Ou seja, representa exatos 0,66%, com os demais apoiando o prefeito, que, segundo pesquisas no oficiais, teria rejeio superior a 80%. Isso significa que, com essa falta de sintonia com a sociedade, a quase totalidade dos vereadores assumiu o risco de no se reeleger. Se as pesquisas estiverem certas, nas eleies de outubro prximo dever ocorrer no Legislativo a maior renovao das ltimas dcadas, desta que tida como a pior Cmara da histria. E com relao eleio de prefeito, dos cerca de dez candidatos falados, apenas trs, no mximo quatro iro disputar. A maioria deles figura na categoria de balo-de-ensaio com vistas a pleitos futuros ou de olho na posio de vice-prefeito. (Waldyr Senna o decano da imprensa de Montes Claros. tambm o mais antigo e categorizado analista de poltica em Montes Claros. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 27/4/2012 15:25:32 |
Chapa branca, no Waldyr Senna Batista No salo de espera de agncia bancria havia pelo menos cinquenta pessoas, incluindo um reprter. Ali chegando, vindo do piso superior, onde se localizam as salas dos diretores, o deputado Jairo Atade ou a cumprimentar cada um dos clientes, apertando-lhes a mo. Fez isso com indisfarvel satisfao, provocando certa agitao no normalmente circunspecto ambiente. Deliciava-se com a espontnea demonstrao de popularidade. Quando chegou sua vez, o reprter provocou: - Uai, deputado, at parece que a campanha j comeou... - No, no isso. que eu conheo esse pessoal todo, e como h muito tempo a gente no se encontrava, o que voc est vendo. - Pois , e a candidatura a prefeito, como est indo? - Ainda cedo, mas temos conversado bastante. Como lhe disse, outro dia, estou procurando viabilizar a candidatura. Se vier a ser bem sucedido, disputarei a eleio, trabalhando firme para ser eleito. - E quanto questo legal, no h pendncias? - No tenho impedimento algum, ao contrrio do que voc publicou em sua coluna. - Tem sido falada a possibilidade de apoio do Governo do Estado, que envolveria as cinquenta maiores cidades do Estado, Montes Claros entre elas. Como seria isso? - Essa uma das alternativas. Quanto ao nmero de cidades, no sei, porque em algumas delas no haveria nomes viveis. Vamos ver. - E aqui, como ficaro as coisas? - H possibilidade. O que no significa que serei candidato chapa branca. Quero ter a garantia de que poderei contar com o apoio do Governo para realizar uma boa istrao. H vrias maneiras de viabilizar isso. No seria participao ostensiva na campanha, bastaria demonstrar apoio, para conquistar a confiana do eleitorado. Nesta altura da conversa, os amigos do deputado o levaram, interrompendo o que poderia ter sido entrevista mais esclarecedora. De qualquer forma, ficou no ar a expresso candidato chapa branca, de forte significado. Referindo-se a ela, o deputado estaria tentando antecipar-se aos seus adversrios, que, nos palanques, iro atribuir-lhe sentido pejorativo. Eles sabem que o apoio do governo ser decisivo na campanha e se esforaro com o objetivo de neutraliz-lo. Outro aspecto de destaque na campanha deste ano ser o confronto direto de Jairo Atade com Luiz Tadeu Leite. Depois de anos de animosidade, na campanha anterior os dois aram a conviver pacificamente, ao ponto de pessoas ligadas ao esquema do deputado terem ocupado cargos na atual istrao. E a vereadora Rita Vieira, a ele ligada por laos de famlia, ainda integra a base de apoio do prefeito na Cmara Municipal. Com os dois disputando a Prefeitura, prevalecer a convivncia pacfica de agora ou estar de volta a animosidade do ado? Pauta para a prxima entrevista, que no seja improvisada. (Waldyr Senna o decano da imprensa de Montes Claros. tambm o mais antigo e categorizado analista de poltica em Montes Claros. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 20/4/2012 15:51:24 |
Proposta de campanha Waldyr Senna Batista Humberto Souto tem dito que pretende disputar a eleio de outubro prximo como candidato a prefeito. Mas poder no concretizar esse seu intento, porque alinha condicionantes bastante rigorosas. O partido a que pertence ( PPS) dispor de apenas cerca de um minuto nos programas de rdio e televiso, e ele considera que, sem ao menos trs minutos, no haver como desenvolver qualquer debate em torno de programa consistente de governo. Assim, ele diz que suas gestes a partir de 6 de junho, quando efetivamente comea a campanha, ser tentar aglutinar apoios de outras legendas a programa que contenha medidas para a reconstruo de Montes Claros Ele quer se apresentar como o candidato que melhor poder encaminhar solues para os graves problemas da cidade. Com vrios mandatos cumpridos na Cmara dos Deputados e o exerccio de outras funes pblicas, diz conhecer Braslia, onde dispe de amplo relacionamento no setor istrativo federal para abrir portas. Sua principal bandeira, segundo disse, o fato de, aps mais de quarenta anos de vida pblica, poder afirmar que no responde a processos de qualquer espcie, principalmente por quebra de decoro istrativo. Poucos polticos podem apresentar currculo da qualidade do seu, num meio em que a corrupo grassa e compromete biografias. Na sua opinio, nas eleies deste ano, a populao de Montes Claros ter oportunidade de redirecionar os rumos da cidade, que no pode mais limitar-se a uma prefeitura desprovida de meios at para o atendimento de medidas istrativas corriqueiras. A cidade dever optar entre candidatos que tenham competncia para planejamento de grande alcance e obteno de recursos federais para a concretizao de projetos tecnicamente bem elaborados, e os que atuem no horizonte paroquial. Humberto Souto se apresenta como o poltico que rene condies para ampliar as perspectivas da cidade, porque tem histria e se dispe a lanar mo dela para obter recursos para a realizao de grandes projetos. Cita o programa Cidades de Porte Mdio, que possibilitou grandes obras na istrao do prefeito Antnio Lafet Rebello, como resultado de trabalho seu em Braslia, e assegura que, como este, outros existem, espera de projetos bem elaborados e de prefeitos que tenham credibilidade bastante para execut-los. O ex-deputado de opinio que, se no souber votar, a populao de Montes Claros poder perder a grande oportunidade que lhe oferecida para escolher um bom prefeito na eleio deste ano. Basta que no se deixe envolver por propostas que se limitem a oferecer mais do mesmo.Isso j se viu que no d certo. O enfrentamento dos grandes problemas, que j esto a, ter de acontecer com viso de futuro e propostas corajosas e inovadoras, que a preparem para acolher populao superior a 500 mil habitantes dentro em breve. Ele diz que seu nome est sendo colocado disposio da populao. Na medida em que houver receptividade por parte de lideranas que comunguem ideias semelhantes, ampliar os contatos e detalhar suas propostas. A candidatura vir depois. (Waldyr Senna o decano da imprensa de Montes Claros. tambm o mais antigo e categorizado analista de poltica em Montes Claros. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 13/4/2012 15:17:26 |
O pai da imprensa Waldyr Senna Batista Oswaldo Alves Antunes, falecido na ltima quarta-feira, foi o pai da moderna imprensa da cidade. Em 1954, quando ele adquiriu O Jornal de Montes Claros, j se usava a composio a quente (linotipo), porm a impresso se dava com o uso da velha Alouset de quase um sculo de idade. O JMC era um jornal vibrante, opinativo e desvinculado de grupos, que buscava influir nos acontecimentos da cidade, levantando o debate em torno dos problemas que realmente interessavam comunidade. Era o que ele denominava de jornalismo de confronto. A mudana de comando deu-se pelo enxugamento do texto, do qual se eliminou a adjetivao e em que se adotou o estilo impessoal e profissional, sem o tratamento de doutor ou de prendada senhora que caracterizava os jornais da poca. O importante ou a ser a notcia, que era buscada na fonte pelo reprter, alis uma figura at ento inexistente na imprensa local. O jornal ganhou estrutura, com pginas dedicadas a cada setor: esporte, polcia, assuntos gerais, o que hoje se conhece como editorias. E adotou o editorial, que espelhava a opinio da direo do jornal, no que Oswaldo Antunes era mestre. Essa reformulao processou-se com a utilizao de recursos humanos recrutados na prpria cidade, rapazes que mostrassem pendor para a atividade e que recebiam treinamento exercendo a funo. Essa adequao profissional produziu jornalistas da melhor qualidade, muitos aproveitados em jornais de circulao nacional. Suprida essa etapa, o jornal aria a se dedicar ao debate em torno dos problemas da comunidade. Comeou pela moralizao do Tribunal do Juri, que era escandalosamente manipulado pelos chefetes polticos, que se atribuam o poder de condenar ou absolver os que se submetiam aos julgamentos. Graas insistente campanha, ou-se a fazer peridica reviso da lista de jurados, que era a mesma havia dcadas. Reformulada sem a influncia espria, o tribunal adquiriu credibilidade. O combate ao porte ilegal de armas foi outro captulo importante. Os revlveres eram exibidos como trofus ou meros brinquedos, em plena praa Dr. Carlos, luz do dia. Esse episdio custou ameaas de empastelamento das oficinas do jornal, mas ele no se calou enquanto no alcanou seu objetivo. O impacto dessas campanhas marcou a presena do JMC e mostrou que a imprensa pode muito mais do que a mera divulgao da literatice ou do anedotrio inocente da poca, aspectos que divertiam a opinio pblica, enquanto os acontecimentos que realmente importavam ficavam sem registro histrico. O debate em torno de medidas estruturais comeou pela reivindicao de servio telefnico que fosse confivel e eficiente. Isso resultou na criao de empresa local, que manteve o servio at que a legislao federal imps a unificao do sistema. Na dcada dos anos 50 do sculo ado no existia o termo apago, mas a energia eltrica em Montes Claros era desligada s 23 horas. O JMC abriu o debate, mostrando o absurdo da situao. Criou-se comisso, cuja presidncia foi confiada ao valente bispo D. Luiz Victor Sartori. Seus integrantes foram a Belo Horizonte exigir do ento governador Juscelino Kubitschek soluo para o problema. Ele mandou instalar motores a Diesel para a manuteno do servio e garantiu que Montes Claros seria das primeiras cidades a receber energia eltrica de Trs Marias, em construo. E foi. Outras campanhas vieram, com apoio do jornal e por sua iniciativa: elaborao de plano diretor para a cidade; asfaltamento da BR-135; instalao do sistema de telefone interurbano; ampliao e asfaltamento do aeroporto; incentivo s entidades de classe; criao das associaes de amigos de bairros; e, seu feito mais expressivo: a pacificao poltica, com o lanamento de candidato nico Prefeitura: o fazendeiro Antnio Lafet Rebello, indicado pelo jornal e que correspondeu expectativa. A lista longa e o espao limitado. Fica o relato como homenagem ao cidado que influiu efetivamente no desenvolvimento da cidade que amava e que, nos ltimos tempos, mostrava-se angustiado devido acelerada deteriorao que a acomete. E compreende-se sua angstia: faltava-lhe aquele poderoso instrumento que foi O Jornal de Montes Claros. (Waldyr Senna o decano da imprensa de Montes Claros. tambm o mais antigo e categorizado analista de poltica em Montes Claros. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 30/3/2012 14:42:00 |
O crime e a farda Waldyr Senna Batista A priso temporria do cabo Larcio Soares de Melo, acusado de envolvimento no desaparecimento de Francisco Santos Filho, o Chiquinho Despachante, no chegou a surpreender. Ele era tido como suspeito de participao nesse crime desde o primeiro momento, pois teria sido visto em companhia do despachante na noite em que ele sumiu. Surpresa, mesmo, a informao de que o militar em questo responderia por vinte outros homicdios(teria sido julgado e absolvido por um deles e em outros h apenas indcios que sero objetos de apurao nas delegacias). Com a milionsima frao de um pronturio desses, o cidado comum no conseguiria sequer um simples atestado de boa conduta que o habilitasse a se inscrever em concurso para ocupar vaga no servio pblico. O cabo Melo j integra esse quadro de servidor pblico, usa farda da PM e, teoricamente, ali est para manter a ordem pblica e proteger o cidado comum. Na verdade, confirmando-se as informaes que constam no processo a que responde e que figuram no amplo noticirio divulgado nos ltimos dias, trata-se de um serial killer que saltou das telas do cinema. Ningum pode ser condenado por qualquer delito enquanto no houver sentena irrecorrvel, segundo o princpio constitucional. Assim, embora tenha sido recolhido priso, em carter temporrio, o cabo Melo poder vir a ser inocentado, ao final. Mas a corporao a que pertence gerida por regimento disciplinar que contm normas rgidas para o enquadramento de seus componentes, dentre elas o afastamento temporrio para apurao de suspeitas. O militar, de qualquer especialidade, tem por obrigao impor-se conduta exemplar, mais rigorosa do que aquelas a que o cidado comum est sujeito. A punio final, em caso de culpa provada, se aplicar com base na legislao penal , que vale para todos. E, em caso de provada a inocncia do acusado, o regimento disciplinar prev a recomposio dos possveis danos que a punio provisria ter acarretado. No caso do cabo Melo, que acusado de ter praticado 21 homicdios, pouco provvel que nenhuma dessas aes tenha despertado suspeita e nem ensejado a instaurao de procedimento para a devida apurao. muito tempo decorrido, com espantosa impunidade numa organizao que se sustenta em regulamentos to rgidos. Algum errou ou muita gente errou cabendo agora PM apurar tudo, e dar a pblico as explicaes devidas. Afinal, 21 homicdios so cometidos em prazo bastante dilatado e impensvel que no tenha restado indcios e evidncias da prtica criminosa de ao menos um deles. Alis, a literatura policial ensina que o crime perfeito no existe. No caso em questo, a apurao consumiu dois anos, exigindo a convocao de delegado especial para o anncio dos possveis culpados. A demora levou at rgo da imprensa local o Jornal de Notcias a estampar em sua primeira pgina, ao longo de seis meses, apelo para que as investigaes fossem aceleradas. Valendo lembrar que, amigos da famlia da vtima, sem recursos tcnicos, j dispunham de dados concretos que levavam ao cabo Melo. Por fim, outra informao tambm surpreendente, que constou do noticirio dos ltimos dias: haveria pelo menos dois comparsas envolvidos nos crimes. Ou seja, alm de crimes em srie, h formao de quadrilha. Em abril do ano ado, a famlia do despachante divulgou mensagem em que faz referncia ao que seria mero crime de estelionato, envolvendo a venda de um imvel, com base no que a Polcia acabou identificando ligaes do militar com o crime. Nela, a famlia afirma: Seu patrimnio material nada vale sem seu mentor e : algum que soube avanar os degraus da competncia, mas foi empurrado para onde est difcil, talvez impossvel, retornar. Sufocaram-lhe, calando sua voz estridente e amarraram-lhe, para que no caminhasse entre ns... Com certeza, sua reao, num fatdico momento, deixou marcas que somente atiaram a ira e a maldade de quem possa t-lo feito desaparecer... (Waldyr Senna o mais antigo e categorizado analista de poltica em Montes Claros. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 23/3/2012 11:07:54 |
Abrao do futuro prefeito Waldyr Senna Batista O prefeito de Montes Claros a ser eleito em 7 de outubro esteve presente na biblioteca da Unimontes, no incio deste ms, quando o governador Antnio Anastasia presidiu ali a solenidade de inaugurao do restaurante da instituio e anunciou a escolha da cidade como sede da nova unidade brasileira da Fiat. O futuro prefeito abraou o governador e o aplaudiu por ter infludo na deciso da gigante italiana. Quando a nova indstria comear a produzir mquinas pesadas, gerando empregos e dinamizando a economia regional, o prefeito que o aplaudiu ser algum constante desta lista: Luiz Tadeu Leite, Jairo Atade, Gil Pereira, Athos Avelino e Cristina Pereira, atual vice-prefeita, que poder vir a disputar no lugar do marido, que costuma gracejar quando indagado se disputar a eleio: Eu no, a candidata Cristina, responde ele, sob protestos dela. Sobre o fato de tantos possveis candidatos a prefeito terem estado presentes ao mesmo acontecimento, cabem algumas interpretaes, a srio. A primeira de que houve evidente evoluo na forma de se praticar poltica no municpio. Atualmente, os candidatos no mais atuam como inimigos e, sim, como o que so: meros adversrios. Bem diferente daquele episdio em que o prefeito recm empossado recusou-se a recepcionar no aeroporto o governador, em final de mandato, que veio cidade para inaugurar o novo sistema de captao de gua, sem o qual Montes Claros estaria com a lata dgua na cabea. Esse complexo que at hoje garante o abastecimento da cidade, figurando entre as mais importantes obras da cidade no sculo ado. Outro aspecto significativo o de que, de uma forma ou de outra, os possveis candidatos a prefeito ali estavam buscando o apoio do governo do Estado. A comear pelo atual prefeito, cujo partido oposio no mbito estadual. Na visita do governador, a Prefeitura no economizou confetes para festejar o visitante, no que estava certssima. A motivao, neste caso, no envolvia compromisso eleitoral, mas explicava-se pela inexistncia total de obras de iniciativa da Prefeitura nos ltimos trs anos e meio. Os demais supostos candidatos, sim, l estiveram de olho nas urnas. Todos eles tm se esforado para obter o apoio do Governo do Estado, e se empenham numa luta surda com esse objetivo. Sob esse aspecto, todos os gestos tm forte significado, como o fato de o secretrio Gil Pereira ter integrado a comitiva do Governo que foi Itlia sacramentar a escolha da Fiat. A leitura poltica foi de que isso significou clara opo do governador do Estado pela candidatura do seu secretrio. Athos Avelino tem sido o mais discreto nessa disputa, provavelmente por se ligar a partido de pequena expresso ( filiou-se recentemente ao PSB). Jairo Atade, que tido como o lder nas pesquisas, quebrou o silncio e assumiu a candidatura sem rodeios: Meus inimigos que dizem que no disputarei a eleio. No tenho processos e sou candidato. Tem at programa eleitoral, em que promete a reconstruo de Montes Claros. No teme assumir a Prefeitura na situao em que ela se encontra. Bastaria um choque de gesto para resolver o problema,diz ele. Tendo surpreendido seus seguidores ao dar apoio atual istrao, conduzida pelo seu histrico adversrio, ele j prepara a retirada. Mas falta dizer se manter a candidatura mesmo sem o apoio do Governo do Estado, que antes ele tinha como imprescindvel, devido ao alto custo da campanha. evidente que, alm dos cinco relacionados, outros candidatos podero surgir, e at j se fala em nomes que, no entanto, tm chances remotas, se vierem a participar do processo. E, curioso, em se tratando desse grupo principal, que seus componentes tm ocupado a cena poltica nos ltimos trinta anos em Montes Claros, mudando de posio repetidamente, ora ao lado, ora contra o prefeito Luiz Tadeu Leite, sob cuja sombra pelo menos trs deles surgiram. (Waldyr Senna o mais antigo e categorizado analista de poltica em Montes Claros. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 16/3/2012 15:28:40 |
A chuva de So Jos Waldyr Senna Batista Chegou a chuva de So Jos. Mansa, preguiosa e desigual, mas mantendo a tradio de ser a ltima manifestao da estao dita chuvosa. Mesmo tendo nascido muito antes, ela poderia ser considerada a verso caipira do belo poema musicado de Tom Jobim, guas de maro fechando o vero. Neste ano, as guas de maro chegaram atrasadas e com mensagem nada tranquilizadora, depois de sessenta dias de estiagem inclemente e prevenindo que a seca ser longa e destruidora. Somando o estrago que j aconteceu aos danos que viro, a regio deve preparar-se para o pior. Sero pelo menos dez meses seguidos sem chover, fato que assusta quando narrado a pessoas de outras regies do Pas, onde dois ou trs meses sem chuva caracterizam seca. Aqui, nesse perodo, o sol escaldante fez um arraso em toda a regio. Exterminou pastagens, esturricou a pouca lavoura que alguns teimosos ainda insistem em plantar, vai continuar matando reses aos milhares e provocando a sequido dos rios e tanques. Um desastre total. Mas, j foi muito pior, se isso possa servir de consolo. Em ado no muito distante, o Norte de Minas no dispunha do mnimo de estrutura para enfrentar a estiagem. Na poca,oitenta por cento da populao habitava a zona rural, e essa gente fugia para as cidades, para no morrer de fome. Montes Claros j ento se situava como ponto central para o xodo interminvel. Mas como no dispunha de meios para acolher os flagelados, eles se amontoavam na estao ferroviria, aguardando e a fim de tomar o trem rumo a So Paulo e outros centros maiores. Enquanto esperavam, dedicavam-se mendicncia ou a pequenos trabalhos que mal lhes permitiam mitigar a fome. Hoje, esse drama pessoal tem propores bem mais reduzidas. A comear pela populao, cujos ndices se inverteram: menos de 20% moram na roa, e os programas assistenciais dos governos so permanentes, eliminando a figura do retirante e do pau-de-arara. As oportunidades de trabalho se ampliaram, embora tenham crescido tambm o favelamento e os ndices de criminalidade. Amenizado o problema social, os proprietrios rurais tm aprendido a conviver com a seca, que desafia o poder de anlise de ambientalistas e tcnicos que tentam explicar o fenmeno sob as luzes da cincia, que fala de aquecimento global, camada de oznio e crimes cometidos contra o meio-ambiente. E os ambientalistas tambm vo cumprindo seu papel. A verdade que a atividade agrcola na regio, nos ltimos tempos, tem sido de subsistncia, pois a produo de escala ou a ser praticada por grupos empresariais ou com base em grandes projetos governamentais. Quanto aos meios tradicionais, eles sobrevivem mais como crendice e devido ao relato de idosos, que viam a chuva de So Miguel ( 29 de setembro), quando ocorria na data certa, como prenncio de fartura, e a chuva de So Jos(19 de maro) como aviso da natureza para a longa e sofrida jornada que se aproximava. Se farta, ela ganhava a denominao de enchente das goiabas, por coincidir com a safra da fruta. (Waldyr Senna o mais antigo e categorizado analista de poltica em Montes Claros. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 9/3/2012 14:49:22 |
A ltima cartada Waldyr Senna Batista No foi o que se possa chamar de bem sucedida a operao imobiliria lanada pela Prefeitura para venda de imveis de propriedade do municpio, ao correr do martelo, a fim de fazer caixa para custeio de obras. A meta de R$ 30 milhes ficou distante: foram arrecadados mseros R$ 300 mil com alienao de dois lotes. Mas a esperana persiste. Haver nova rodada em que, prevalecendo o desinteresse, a lei permite que se faa a venda dos imveis por negociao direta. O que no autoriza o chamado preo vil: ser efetuada nova avaliao, que servir de parmetro para a operao. No caso da parcela da Praa de Esportes posta em leilo, a ideia inicialmente anunciada foi de que o imvel seria dado em troca da construo do estdio e do teatro municipais. Uma operao casada, mais ou menos nos moldes do que se fez,h tempos, para a construo do ginsio poliesportivo, erguida por empresa produtora de concreto, a ttulo de antecipao de receita. A Prefeitura recebeu a obra pronta, alis, de qualidade sofrvel, que at hoje exige reparos e complementao. Pelo que se tem feito, supe-se que ser observado o modelo convencional, de istrao direta, o que, afinal, far pouca diferena, pois o que importa o resultado e no a forma. At porque restam menos de dez meses para expirar o atual mandato, tendo no meio do trajeto a campanha eleitoral, que comea em abril, se que uma coisa tem algo a ver com a outra. Deve ter, tamanho o empenho depositado nessa operao. Seja como for, o certo que a licitao aberta pela Prefeitura no provocou qualquer interesse de possveis investidores. Sem dvida, porque, para concorrer, eles teriam de dispor de capital considervel, para adquirir o imvel, construir nele e s depois tocar o negcio. Quase ningum dispe de dinheiro nesse volume para imobilizar. Isso j foi dito aqui, e agora a Prefeitura est propondo Cmara modificaes no edital de concorrncia, que muda o figurino, de modo a permitir fatiar o imvel da Praa de Esportes, entre outros itens. Na prtica, ela quer fazer uma espcie de loteamento da rea, que imaginava ser o fil-mignon do miolo do centro da cidade, para cuja aquisio haveria alta demanda e at fila para a arrrematao. O resultado at agora obtido contraria essas previses. E isso frustra por completo a estratgia traada pela Prefeitura, que atravessa a pior crise financeira dos ltimos tempos e conta com a alienao dos imveis como tbua de salvao. Incio de ano nas prefeituras fase favorvel no que se refere a arrecadao. poca de participao no IPVA, de maior parcela do ICMS, devido s vendas de fim de ano, e da cobrana do IPTU. Mesmo assim, em vspera de eleio, considerando-se que nada se realizou ao longo dos trs anos e meio decorridos, o dinheiro que seria apurado com a venda dos imveis seria o que se denomina de salvao da lavoura. Se este esquema falhar, o plano B do prefeito Luiz Tadeu Leite seriam R$ 20 milhes para asfaltamento de centenas de ruas da periferia. Nas entrevistas que concede, ele sempre faz referncia a esse dinheiro, que seria proveniente de financiamento da Caixa Econmica Federal. Ele no diz, mas, para viabilizar esse emprstimo, seria imprescindvel a apresentao do CRP ( certificado de regularidade previdenciria), que a Prefeitura no pode obter enquanto estiver em dbito com a Previdncia Social ( Prevmoc e INSS). Um beco sem sada. (Waldyr Senna o mais antigo e categorizado analista de poltica em Montes Claros. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 2/3/2012 13:57:47 |
Vai caindo a ficha Waldyr Senna Batista A pr-campanha para a eleio de 7 de outubro prximo ganhou impulso, na semana ada, com o alto comando nacional dos partidos tentando avaliar de fato o impacto da Lei Ficha Limpa no processo. Alguns desses dirigentes preconizam que os prefeitos que buscaro reeleio enfrentaro maiores dificuldades para se adequar s novas normas quando do registro das candidaturas no TRE ( Tribunal Regional Eleitoral). Segundo o senador Valdir Raup (PMDB-RO), a tendncia das novas regras pegar aqueles que esto no mandato de prefeito. Por isso, para evitar surpresas, o partido j pediu aos seus diretrios regionais que procedam ao levantamento dos postulantes a prefeituras para saber se eles renem condies. Em meio a elogios nova lei, que consideram avano institucional e mal disfaram certa m vontade, os dirigentes partidrios adotam postura de cautela. O senador Francisco Dornelles ( PP-RJ) diz no ter certeza de que as novas regras promovero renovao ampla dos quadros partidrios, recomendando anlise do texto em profundidade. J o presidente do PDT, Carlos Lupi, afirma que preciso tomar cuidado para que os polticos no fiquem merc de ritos sumrios , antevendo a concesso de muitas liminares para o registro de candidaturas. Em Montes Claros, nenhum dos principais postulantes ao cargo de prefeito se julga alcanado pela nova lei. E h tambm quem se exima e ao mesmo tempo aponte um possvel adversrio como impedido de concorrer. Na semana ada, o deputado Paulo Guedes (PT), cuja base eleitoral o municpio de Manga, mas que se esfora para ser candidato em Montes Claros, parecia to convencido de que a lei teria impedido possveis concorrentes, que levantava a hiptese de firmar parceria com eles para a disputa. O ex-prefeito Athos Avelino (ex-PPS, atual PSB), tendo nas mos parecer do jurista Renato Gallupo, afirma que seu prazo de inelegibilidade, por ter sido de trs anos, contados da data da eleio de 2008, expirou em outubro do ano ado,e se considera livre da aplicao da Lei da Ficha Limpa, pois a deciso do TSE que o libera j transitou em julgado. O tambm ex-prefeito Jairo Atade, igualmente tido como inelegvel, pelo que informa o advogado Farley Menezes, que o assessora desde seu primeiro mandato e exerce atualmente a presidncia do diretrio local do PSDB, no tem nenhuma condenao em segunda instncia e no h contra ele nenhuma ao em decorrncia do cometimento de crime eleitoral. Ele garante que as aes que existiam foram decididas a favor do atual deputado ou prescreveram. O advogado, falando mais como poltico, est to seguro da liberao do ex-prefeito, que, em reunio realizada na semana ada, recomendou ao diretrio do PSDB que o convide para disputar a prxima eleio. Um convite desses ningum recusa... Mas aos poucos, como se diz, vai caindo a ficha (suja) e surgindo novos complicadores. Como a deciso do TSE ( Tribunal Superior Eleitoral ) na noite de quinta-feira, que ainda no foi devidamente interpretada e que pode ter mudado inteiramente os critrios para exame de contas de candidatos que participaram da eleio anterior. Ela pode impedir milhares de candidatos a vereador em todo o Pas e tambm de candidatos a prefeito. Diante dessa situao, ningum que tenha exercido mandato pode dizer, que est ou no imune aos efeitos da nova lei. Poder assim continuar predominando a antiga prtica das liminares a que se referiu o ex-ministro Carlos Lupi, que dessa matria entende o bastante... Resta lembrar que deciso liminar, por ser provisria, afeta o nimo do eleitor, que no se sente suficientemente seguro de que seu voto ser aproveitado. (Waldyr Senna o mais antigo e categorizado analista de poltica em Montes Claros. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 24/2/2012 11:22:40 |
Mudou o cenrio Waldyr Senna Batista Em termos locais, surpreendeu a quase nenhuma manifestao pblica acerca da validao da lei da Ficha Limpa pelo STF (Supremo Tribunal Federal). No entanto, ela muda totalmente o quadro que se delineava para a disputa da eleio de outubro prximo. Tira do cenrio o lder das pesquisas, o ex-prefeito Jairo Atade, e o tambm ex-prefeito Athos Avelino, que na ltima eleio, disputando cadeira na Assemblia Legislativa, teve 22 mil votos e vinha sendo bem avaliado em pesquisas recentes. A sada dos dois favorece o prefeito Luiz Tadeu Leite, que disputa a reeleio, e viabiliza a candidatura do ex-deputado Humberto Souto, que vinha se insinuando sem obter maior ressonncia. Gil Pereira tambm poder estar tendo o empurro que aguardava para afinal anunciar sua candidatura a prefeito, que surgir fortalecida mediatne o apoio do Governo do Estado, tendo em vista sua condio de secretrio. Alis, a eliminao de Jairo e Athos, na prtica, no funcionar como ponto de desequilbrio, uma vez que o eleitorado deles no tem a marca de fidelidade absoluta, devendo esses votos serem diludos entre os demais candidatos. Outro efeito dessa recomposio ser o incio do processo de renovao da liderana poltica local, que era previsto para o final do prximo mandato, j que a maioria dos componentes do chamado primeiro time encontra-se em faixa etria que denuncia final de carreira. Considerando-se que a pena prevista para os atingidos pela Lei da Ficha Limpa de oito anos, na verdade Jairo e Athos esto sendo banidos do processo poltico de Montes Claros, pelo menos em termos de candidatos. O pior, para a cidade, que esse processo de renovao de lideranas ainda no se definiu. Nos ltimos quinze anos, a poltica em Montes Claros tem girado em torno dos mesmos nomes, no tendo despontado liderana nova. E nada indica que isso venha a acontecer nos prximos anos, a julgar pelo que se divisa no horizonte prximo. Mas, voltando ao silncio sobre a lei da Ficha Limpa, ele se explica, em parte, pelo fato de o resultado anunciado pelo STF figurar entre as possibilidades previstas desde que a lei em questo comeou a ser esmiuada. Faltava a palavra final da Suprema Corte. De qualquer forma, a sucesso municipal tem prazo fatal para ser formalizada em definitivo: o calendrio oficial estabelece o incio do ms de junho para a realizao das convenes partidrias que escolhero os candidatos. (Waldyr Senna o mais antigo e categorizado analista de poltica em Montes Claros. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 3/2/2012 16:18:42 |
Mudar para comunicar Waldyr Senna Batista Montes Claros j no est melhor a cada dia, como pretendia a propaganda oficial da Prefeitura. O lema agora : Unidos construiremos muito mais. Por que a mudana? Provavelmente porque as coisas alcanaram estgio to bom, que no h como melhorar mais. Ou, como costumam brincar os eternos otimistas bem humorados: Se melhorar mais, atrapalha. Outra possibilidade seria o esgotamento do poder de comunicao da mensagem. Concebida para uma istrao bem sucedida, ao final de trs anos e a poucos meses de uma eleio em que o prefeito participar, a mensagem estaria produzindo efeito contrrio. A soluo foi mudar enquanto tempo. Em vez da frase que permite a prova comparativa, o apelo subliminar de parceria com o contribuinte. O slogan que sai de circulao remetia ao velho princpio, segundo o qual uma ideia que no seja verdadeira, repetida mil vezes, transforma-se em verdade. Com os novos meios de comunicao em massa, a regra predominante a de que o produto tem de corresponder s qualidades contidas na propaganda. O exemplo didtico o do refrigerante: de nada vale atribuir-lhe aquele sabor divino, se ele no consegue ar pelo teste do paladar do consumidor, que logo identifica a tentativa de engodo. A cidade est melhorando? Em que setor?Onde esto as obras? O exemplo bvio, neste caso, so os buracos, que proliferaram com as chuvas torrenciais do final/princpio de ano. Eles alcanaram o estgio de calamidade, e a populao aceitou que o resultado de agora a somatria de processo de deteriorao que vem de longe. E esperava que, to logo cessasse a dificuldade climtica, entraria em operao uma espcie de fora-tarefa para amenizar em prazo razovel essa situao de constrangimento que a cidade est enfrentando. Porm, decorridos vinte dias de estiagem, viu-se que no havia dispositivo emergencial algum, com a operao tapa-buracos processando-se ao ritmo habitual, isto , devagar, quase parando. O que faz temer que as chuvas, que j voltaram e vo se repetir at o final do vero, podero reabrir os buracos de estimao que continuam danificando pneus e suspenses. A mesma observao se aplica ao mato que tomou conta da cidade. Consequncia natural das chuvas, no poderiam colher de surpresa a istrao. Seus agentes esto por a, enxadas em punho, tentando debelar o matagal que se estende por toda a cidade, com destaque (negativo, lgico) para a Av. Sanitria. Mas mato, mesmo, medra nos cemitrios municipais, onde mal se vem as lpides, nas quais, alm das ervas daninhas, chama a ateno tambm aquele tipo de sujeira que denuncia o abandono do que, em pases civilizados, tratado como jardim. Pois do lado de fora do cemitrio principal, h muito sem vagas para novos sepultamentos, o lixo transborda de caamba, que tem sido remexida, espalhando sujeira em volta, num desmentido propaganda oficial de que o combate ao mosquito da dengue agora guerra. Ou, se , v-se que a Prefeitura est perdendo feio. Ao fim e ao cabo, fica a certeza de que, com ou sem troca de mensagem publicitria, com ou sem chuva, h muito o que construir e consertar para que a cidade afinal possa vir a se tornar melhor a cada dia. (Waldyr Senna o mais antigo e categorizado analista de poltica em Montes Claros. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 27/1/2012 15:37:52 |
Estatuto do pedestre Waldyr Senna Batista As prefeituras de todo o Pas esto autorizadas, por lei federal, a promover cobrana de pedgio dos proprietrios de veculos que circulam nas ruas. A medida foi instituda pela Lei de Mobilidade Urbana, sancionada pela presidente Dilma Rousseff no dia 10 de janeiro. Trata-se de alterao de lei j existente, mas que se aplicava apenas aos municpios com populao superior a 500 mil habitantes, que no so mais do que 38. Eles eram obrigados a elaborar plano de mobilidade e nem todos o fizeram. Agora, a medida vai se estender a todos os municpios, que tm prazo at 2015 para se adequar, com a agravante de que, no o fazendo, sero penalizados com o no recebimento de rees de recursos federais destinados ao setor de transportes coletivos. Um dos principais objetivos da lei estimular a adoo de medidas para reduo de emisso de poluentes. A receita gerada com a arrecadao do pedgio, ou outra forma de tributao, segundo a lei, ser aplicada no setor. Est previsto tambm incentivo para o uso de bicicletas. A sano da lei ou quase despercebida pela grande imprensa, ficando a impresso de que ela acabar na vala comum das leis que no pegaram. Mas no custa prevenir-se, porque 2015 no parece to distante assim. A tarefa competir aos prefeitos a serem eleitos em outubro prximo. Em pases da Europa, a cobrana de pedgio nas vias urbanas vigora h algum tempo, tirando de circulao nmero expressivo de veculos. Mas h que se considerar que as cidades europeias, de maneira geral, contam com servio de transportes coletivos de excelente qualidade, sendo fcil ao cidado deixar o veculo na garagem quando se dirigir ao trabalho, a fim de evitar a cobrana do tributo e tambm a poluio do meio-ambiente. Na Europa h tambm cobrana de tributo quando nibus e caminhes saem de um municpio e entram em outro. Em cidades como Montes Claros, que recebem diariamente grande quantidade de veculos de outros municpios, seria de se considerar a adoo de medida semelhante. Veculos de grande porte chegam cidade nas primeiras horas da manh e permanecem estacionados at o final da tarde, principalmente nas proximidades dos hospitais, espera de pessoas trazidas para exames mdicos. So dezenas de veculos, que ocupam espaos vitais nas ruas estreitas da cidade, incomodando a populao local e provocando danos na pavimentao. Esse, naturalmente, o preo que Montes Claros paga por ser ponto de convergncia de extensa regio. Mas os municpios de origem tm de contribuir, de alguma forma, para a preservao do sistema. Preliminarmente, como j foi sugerido aqui, a Prefeitura de Montes Claros deveria criar rea de estacionamento, distante do centro, destinada a esses nibus, para aliviar em parte o problema. Mas, ao que parece, ela no considera relevante o transtorno, no se dispondo elimin-lo. A propsito, sem qualquer relao com a lei sancionada pela presidente da Repblica, Belo Horizonte acaba de instituir o Estatuto do Pedestre, prevendo que a Prefeitura se comprometa a manter equipamentos pblicos e sinalizao em condies seguras para a travessia da populao. O estatuto tambm preconiza prioridade total para quem est a p, prevendo a implantao de sinalizao adequada, construo de banheiros pblicos, abrigo para proteo do pedestre quando da ocorrncia de chuvas e espaos exclusivos para quem pratica caminhadas. Montes Claros, com ruas estreitas, eios desnivelados, pistas esburacadas e mal remendadas, no teria como adotar legislao desse teor, inclusive porque algumas das medidas previstas exigiriam recursos financeiros e espaos suficientes. Mas possvel criar regulamento adaptado s condies locais, principalmente para aprimorar a educao de motoristas e pedestres, que no primam pela observncia das regras aplicveis no trnsito a ambas as categorias. (Waldyr Senna o mais antigo e categorizado analista de poltica em Montes Claros. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 20/1/2012 15:34:26 |
Presente de grego Waldyr Senna Batista O Hospital Aroldo Tourinho (HAT), que os polticos inventaram, foi dado de presente comunidade. Como no lhe deram o e financeiro adequado, ele se transformou em presente de grego, hoje representado por uma dvida impagvel, que o ps no CTI, respirando com o uso de aparelhos, conforme o jargo caracterstico. Comeou com o hospital municipal, em que os polticos faziam o que sabem fazer muito bem: poltica, desde que bancada pelos cofres pblicos. Como era o caso, funcionando tudo na base de cotas de internao, segundo os interesses dos componentes da base dos governos que se sucediam. Como ningum se preocupava em suprir os meios para a manuteno da entidade, ou-se a exercer ali a pior medicina, ao ponto de ratos roerem corpos de pacientes internados. Em meio ao caos, com a Prefeitura confessando a total impossibilidade de manter o servio, algum teve a ideia de criar a Fundao Hospitalar de Montes Claros, que ofereceria a vantagem de poder integrar o sistema SUS e assim receber recursos federais. Na situao em que as coisas estavam, qualquer ideia era boa, desde que se empurrasse a batata quente para adiante. Assim surgiu o Hospital Aroldo Tourinho. Que funcionou relativamente bem durante algum tempo, principalmente no perodo em que teve o e da empresa Matsulfur, ento proprietria da Fbrica de Cimento. Um de seus diretores, Joo Bosco Martins de Abreu, foi o primeiro provedor e conseguiu operar o milagre de deletar da memria da comunidade a pssima imagem deixada pelo hospital municipal. A proposta da fundao era despertar o interesse da populao, que foi chamada a colaborar com o empreendimento. A Fundao Rotria, uma das mais poderosas organizaes sociais do Planeta, aportou cerca de 270 mil dlares, com a s condio de que a comunidade comparecesse com igual valor. A comunidade respondeu com o triplo disso, num trabalho desenvolvido pelo ento superintendente do HAT, Alexandre Pires Ramos. Foi a fase urea do hospital. Que, no entanto, durou pouco tempo, principalmente porque faltou o que se pensava ser o maior e: o SUS, que remunera miseravelmente os procedimentos hospitalares (que representam quase 90% da receita). Com a ajuda da comunidade, o HAT realizou investimentos, ampliou seu patrimnio imobilirio, construiu novas dependncias e adquiriu aparelhagem que fizeram dele um hospital de alta resoluo, com corpo mdico de primeira linha. Mas, sem dinheiro para manuteno, nos ltimos tempos o hospital entrou em colapso. E quanto mais sua direo se esfora para manter o nvel do servio, mais o dficit aumenta. Basta dizer que, no perodo que seria de uma diretoria, cinco pessoas se sucederam na funo de provedor. Recentemente, grupo de mdicos resolveu assumir o comando do hospital e praticamente destituiu a direo, colocando na Provedoria um representante da classe. No deu certo, a crise agravou-se em vez de melhorar, levando os mdicos a se afastarem da istrao. No era a praia deles. H dias, mais um provedor renunciou, tendo assumido o adjunto dele, que se esfora para realizar bom trabalho e at promete mudanas estatutrias, mas dificilmente conseguir xito. Inclusive j h movimentao na cidade pretendendo eleger novo provedor efetivo. Pelo menos dois nomes tm sido aventados. So pessoas j testadas com xito em outras organizaes, o que as recomendaria para a funo. Mas o HAT difere fundamentalmente das entidades de origem dos dois cidados falados. Nas outras, havia dinheiro para trabalhar, insumo em falta no Hospital Aroldo Tourinho. Um dado preciso destacar em meio a essa tarefa quase inglria de istrar o HAT: h pessoas dispostas a colaborar para soerguer a instituio ou, pelo menos, para tentar evitar seu fechamento. O que prova que a comunidade respondeu ao apelo que lhe foi feito. Os governos que falharam. Haja vista que a Prefeitura de Montes Claros no paga a ajuda mensal prometida para manuteno do pronto-socorro do hospital. Essa dvida j alcana R$800 mil. (Waldyr Senna o mais antigo e categorizado analista de poltica em Montes Claros. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 13/1/2012 15:22:32 |
Protesto indito Waldyr Senna Batista A Polcia Rodoviria Federal (PRF) tem os nmeros do que parece ser o resultado de uma guerra de magnitude considervel: no ano ado foram 607 ocorrncias, sendo 58 mortos, 100 feridos gravemente e 337 com ferimentos leves, alm de 112 que escaparam ilesos. Isso, sem contar os casos no notificados oficialmente. Essa estatstica refere-se BR-251, no trecho de cerca de 300 quilmetros que se estende de Montes Claros Rio-Bahia. Por ele, trafegam diariamente, em mdia, 10 mil veculos, a maioria com carga pesada, oriundos da regio Sudeste com destino ao Nordeste, e vice-versa. , atualmente, uma das estradas mais movimentadas do Pas, devido economia de 200 quilmetros que proporciona no trajeto e por evitar o pagamento de pedgios ao longo da Ferno Dias, em So Paulo. Isso faz dela uma rodovia estratgica, que deveria ter tido melhor ateno quando de sua implantao, h 30 anos. As falhas tcnicas esto repercutindo agora. Devido ao deplorvel estado em que se encontra a rodovia, agravado com as chuvas intensas dos ltimos dias, os motoristas tm usado como alternativa a MGT-122, ando por Janaba at Vitria da Conquista (BA). Como essa rodovia estadual no foi construda para receber esse tipo de trfego, em breve ela tambm estar destruda, se a ligao natural com a Rio-Bahia no vier a ser restabelecida com urgncia. Esse o objetivo principal de movimento desfechado por entidades de classe e representaes polticas e sociais da regio, que querem muito mais. Alm da recuperao do asfalto, o movimento pleiteia tambm a duplicao da estrada. O Denit j informou que dispe de recursos apenas para a operao tapa-buracos nos trechos Montes Claros-Francisco S e Salinas-Rio/Bahia. Para o trecho Salinas-Francisco S, que o mais crtico, ainda ser realizada licitao. E, para a pretendida duplicao, nem isso est previsto. Para alcanar seu objetivo, as entidades da regio promovero, na manh da prxima segunda-feira, a interdio da rodovia durante pelo menos uma hora, o que dever provocar congestionamento de 100 quilmetros (50 Km de cada sentido), tendo como referncia o Hotel Bonju. As autoridades rodovirias j foram informadas, devendo a manifestao ser acompanhada pela PRF. O prefeito de Capito Enas, Reinaldo Teixeria, tambm presidente da Associao dos Municpios do Vale do So Francisco, um dos lderes da manifestao, declara que esta a nica forma de chamar a ateno das autoridades ligadas ao setor para o problema, que est provocando prejuzos de ordem econmica e social para o Norte de Minas. Esse tipo de protesto indito na regio. No mais possvel tolerar tanto prejuzo e morte numa estrada da importncia da BR-251, diz o prefeito. Historicamente, morre gente nessa rodovia desde antes de sua implantao e asfaltamento. O ponto crucial a transposio da Serra Geral, no local denominado Bocaina, nica agem possvel pelo macio, mesmo assim em condies perigosas. Eram tantos os acidentes e tantas as vtimas, que o local ficou conhecido como curva da morte. Com o asfaltamento, essa situao agravou-se, como demonstram os nmeros da PRF, porque no foram eliminados os pontos crticos e o trnsito pesado intensificou-se. No momento, devido ao estado de deteriorao da estrada, a tendncia de agravamento da situao, ao ponto de tornar-se invivel a utilizao da BR-251 a partir de Montes Claros. (Waldyr Senna o mais antigo e categorizado analista de poltica em Montes Claros. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 6/1/2012 15:55:11 |
Tadeu me deve um pneu Waldyr Senna Batista So milhares de buracos, de todos os dimetros e profundidades, infernizando a vida da populao, que, no entanto, em meio a improprios e a palavres, encontra bom humor revidar: Tadeu me deve um pneu, a mensagem que se multiplica por a, a titulo de desabafo. O prefeito deve estar recebendo olimpicamente essa manifestao, assimilando-a na medida do possvel, enquanto cai a chuva abundante, sem esquecer que, sobre o mesmo tema, ele foi implacvel e at impiedoso ao tempo em que empunhava o estilingue. Agora, na condio de vidraa, pede calma e compreenso ao contribuinte, que lhe debita os pneus e as suspenses danificados pelas crateras. Culpar as istraes anteriores por essa herana maldita, em grande parte fruto da imprevidncia de todas elas, inclui as do atual prefeito, que est no terceiro mandato e perseguindo o quarto. As duas ltimas fizeram, cada uma, muito mais do que a atual no quesito recapeamento do asfalto. A atual limitou-se a tapar buracos, com remendos que se soltaram ao primeiro pingo de chuva. Como sempre aconteceu. Jairo Atade, em oito anos, construiu uma avenida de alguns quilmetros, com quatro pistas, recapeou a rua Santa Maria (Todos os Santos), parte das avenidas Cula Mangabeira e Mestra Fininha (Centro), alm da Cel. Luiz Maia (Roxo Verde). Em termos de quilometragem, o crdito dele invejvel. Athos Avelino veio depois e fez sua parte: em quatro anos, revitalizou a Av. Cel. Prates, o quarteiro do povo (Simeo Ribeiro) e a Flamarion Wanderley, recuperou o asfalto no entorno da Praa de Esportes e na rua Belo Horizonte e reconstruiu a Av. Ovdio de Abreu. Alm disso, os dois mantiveram a operao tapa-buracos, que nem deveria ser mencionada neste balano, porque tem de ser rotina enquanto o asfalto apodrecido de mais de quarenta anos, no centro da cidade, continuar atazanando a vida da populao que paga impostos. A atual istrao assumiu anunciando financiamento de R$ 24 milhes na Caixa Federal, para asfaltamento de 600 ruas em bairros populares. Projeto ambicioso, de claro efeito eleitoral, que consta ter se inviabilizado devido a dificuldades para a obteno do CRP (certificado de regularidade previdenciria), sem o qual as prefeituras e os governos estaduais inadimplentes com a previdncia social (Prevmoc, local, e INSS, federal) ficam impedidos de levantar recursos na esfera federal. A alternativa foi vender imveis do municpio, entre eles parte da Praa de Esportes. O dinheiro a ser apurado nessas operaes (se no houver objees judiciais, claro) dever ser aplicado em projetos que, rigorosamente, no figurariam em nenhuma lista de prioridades da cidade. Mas a atribuio de quem tem a caneta na mo. O problema agora, alm da falta de dinheiro, a escassez de tempo para a realizao de obras. Para a atual istrao, que nada de expressivo realizou at agora, a contagem regressiva j se acelerou, de tal forma que o ano que comeou na semana ada ter durao de 120 dias, a includos feriades de Carnaval e Semana Santa. Na prtica, terminar em abril, que quando as composies com vistas s eleies devero estar concludas. Alm disso, os prazos estabelecidos pela legislao eleitoral reduzem bastante o raio de ao dos candidatos. (Waldyr Senna o mais antigo e categorizado analista de poltica em Montes Claros. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 30/12/2011 15:42:02 |
A referncia em questo Waldyr Senna Batista Deu na revista Veja que Montes Claros referncia em educao. Ela se referia, obviamente, ao sistema de ensino superior da cidade, que constitudo por mais de uma dezena de instituies, algumas delas virtuais, e quase uma centena de cursos, alguns at em excesso, como o de Medicina, com trs faculdades. Um conjunto que dificilmente se ver em qualquer cidade do Pas, resultado de processo desenvolvido ao longo de mais de vinte anos, iniciado pela Unimontes, que est comemorando meio sculo de existncia. Apesar das evidncias, a Prefeitura achou por bem atribuir-se a paternidade do feito, que incontestvel, ando a desenvolver intensa campanha publicitria em que considera tudo como resultado das aes da Prefeitura e relacionando programas, projetos, uso da internet, alm de outros investimentos que se somam competente e qualificada rede de ensino estadual, particular e superior, para consolidar a posio de destaque revelada pela revista. Ou seja, o sistema da Prefeitura o protagonista, enquanto as demais instituies so meros coadjuvantes. Quanto ao ensino superior, que a pea principal, nenhuma citao direta. Em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, nesta semana, o jornalista lio Gaspari, um dos mais respeitados do Pas, refere-se ao empenho dos governantes em alardear a aquisio de equipamentos de informtica para mostrar que esto realizando trabalho de vanguarda no setor da educao, embora isso nem sempre seja coerente com o conjunto do sistema, que complexo. Na opinio dele, os governos em geral descobriram que a compra de equipamentos eletrnicos um blsamo da pedagogia da marquetagem, com o que Cria-se a impresso de que se chegou ao futuro sem sair do ado. Nosso Darcy Ribeiro, que entendia das coisas quando se tratava de ensino e alfabetizao, condenava a sofisticao do sistema e recomendava sua simplificao, porque entendia que a erradicao do analfabetismo no Brasil deveria restringir-se a ensinar a ler, a escrever e a fazer contas. O restante viria como conseqncia. Mesmo itindo-se que o sistema municipal de ensino em Montes Claros tenha alcanado o nvel ideal, transformando-se em referncia nacional, como pretende a propaganda oficial, esse processo no teria sido instantneo. Teria exigido muito trabalho e consumido recursos de vrias istraes, todas elas focadas no objetivo principal, o que impossvel de conseguir devido nenhuma afinidade dos grupos que se alternam no poder. Assim sendo, a atual istrao no pode atribuir-se o mrito do que seria a grande conquista de seus sofridos trs anos. O objetivo, no caso, meramente eleitoral. (Waldyr Senna o mais antigo e categorizado analista de poltica em Montes Claros. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 23/12/2011 13:32:12 |
Retorno barbrie Waldyr Senna Batista Montes Claros ultraou a marca dos 110 assassinatos neste ano, no exato momento em que o Mapa da Violncia de 2012, editado pelo Instituto Sangari, revela ter sido ela a cidade mineira que registrou o maior ndice de crescimento de homicdios no perodo entre 2004 e 2010. Foram assombrosos 41,45%. Nesse mesmo perodo, o ndice de Minas Gerais foi reduzido em 20,1%. A divulgao desse dado, sintomaticamente, no produziu repercusso. Foi como se a notcia estivesse sendo esperada. Ou seria por que a populao j se acha de alguma forma anestesiada para esse tipo de informao. No entanto, ela situa Montes Claros como polo de violncia, seguindo tendncia nacional segundo a qual a criminalidade caminha para o interior do Pas, deslocando-se das capitais e das regies metropolitanas. Se essa tendncia se mantiver, diz o estudo, em menos de uma dcada o mapa da violncia se inverter. Pelos critrios internacionais de avaliao por grupo de 100 mil habitantes, o nmero tolervel de crimes contra a vida em cidade com 363 mil habitantes seria inferior a 40. Tendo ultraado a alarmante cifra de 110 crimes, Montes Claros mostra que aqui se mata trs vezes mais do que os limites de cidade medianamente civilizada. Fatores locais influem para essa posio macabra. O principal o fato de a cidade estar a meio caminho da rota do trfico de drogas que se origina nas fronteiras dos pases sulamericanos produtores de cocana em direo ao Nordeste. Mas este no deveria ser pretexto para alimentar a lenincia dos dispositivos policiais no enfrentamento desse crime. Eles se limitam, burocraticamente, a classificar como consequncia do trfico de drogas 80% ou mais das execues ocorridas na cidade nos ltimos dez/quinze anos. No sendo identificados seus autores, esses crimes permanecem impunes, o que significa que a sociedade em geral estar condenada a conviver, sem que o saiba, com assassinos perigosos. Outra constatao que, se h trfico de drogas em larga escala, porque existe mercado em proporo equivalente ou facilidades suficientes para o exerccio cada vez maior da comercializao, que leva disputa de grupos de traficantes. As prises circunstanciais de supostos chefes do trfico, que continuam ditando ordens do interior das penitencirias, no tm sido suficientes para conter a ao dos grupos de extermnio. O fenmeno no exclusivo de Montes Claros. E o aumento da violncia no interior do Pas, segundo o estudo do Instituto Sangari, seria resultado da estagnao econmica das grandes capitais e de maiores investimentos feitos no setor da segurana pblica, que levam melhoria da eficincia repressiva nos grandes centros, dando origem ao surgimento de novos polos no interior dos estados. A falta de polticas especficas para o combate criminalidade em municpios de mdio e pequeno portes, segundo o estudo, leva interiorizao da violncia. Consideramos que, para enfrentar as novas modalidades da violncia homicida no Pas, so necessrias polticas pblicas em condies de dar conta das recentes reformulaes e deslocamentos, termina o estudo. Os dados agora divulgados levam concluso de que a situao, que j alarmante, tende a piorar. Tanto mais porque no se tem notcia de qualquer iniciativa do Governo do Estado capaz de enfrentar o trfico de drogas e a criminalidade dele decorrente. As medidas em curso so rotineiras e, por isso mesmo, ineficientes. Ao final do ano que comea na prxima semana, as estatsticas voltaro a apontar o crescimento da violncia em Montes Claros e nas principais cidades mineiras. Profecia fcil de ser formulada, exatamente porque inexistem polticas pblicas para o setor. (Waldyr Senna o mais antigo e categorizado analista de poltica em Montes Claros. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 16/12/2011 15:33:12 |
Apesar de tudo Waldyr Senna Batista A implantao de shopping center no Interlagos dever marcar a retomada da expanso da cidade no sentido nordeste. Nos tempos ureos da Sudene, com a implantao de grandes empresas naquela rea, houve acentuada tendncia nessa direo. Mas o fluxo perdeu fora e no foi retomado nem mesmo com o aproveitamento inteligente da estrutura das antigas indstrias para o que se preconizava como cidade universitria. Neste sentido, a influncia maior, como natural, devido sua maior importncia, tem sido da Unimontes, situada em outro extremo. Nota-se, alis, que ao Sul, com o advento do terminal rodovirio, ao Norte, com o Distrito Industrial, e a Oeste, devido serra do Melo, ultimamente em evidncia, no resta seno o Leste para o crescimento horizontal de Montes Claros. H ampla avenida, o que cria melhores condies para o s BRs que levam ao Nordeste do Pas e a Belo Horizonte. O megainvestimento pe em destaque, tambm, a necessidade imperiosa de se proceder interligao do anel rodovirio, parcialmente implantado ao Sul, com o que est projetado para o Norte. Este foi paralisado devido a problemas relacionados com o terreno da UFMG (antigo Colgio Agrcola). Mas essa dificuldade j foi sanada. O que falta mesmo so verbas federais, sem o que o projeto no sair do papel. Uma das ltimas iniciativas do deputado Humberto Souto, que no se reelegeu, segundo se tem divulgado, foi a incluso de dotao no oramento federal deste ano para a implantao do anel. O ano est terminando e o dinheiro no saiu, porque em Braslia as coisas s funcionam quando h cobrana insistente e influncia constante junto s fontes de decises. pouco provvel que, sem o deputado autor da emenda, haver nova previso de recursos para a construo do anel, sem o qual o estrangulamento do trnsito se agravar. Mas o problema mais srio, em se tratando de congestionamento do trnsito, a partir do funcionamento do novo shopping, est na alada da Prefeitura. A ela cabe criar alternativas para o fluxo de veculos que demandar central de compras. O projeto da empresa prever estacionamento para centenas de veculos, mas se a cidade de ruas estreitas, sinuosas e esburacadas no tem como acolher os que atualmente nela trafegam, imagine-se o que vir no futuro. Ultimamente, a publicidade institucional do municpio tem destacado que revista de circulao nacional relacionou Montes Claros entre as cidades mais atrativas do Pas para investimentos da iniciativa privada. E aproveita o ensejo para atribuir, subliminarmente, o mrito disso ao da prefeitura, o que no propriamente verdadeiro. Essa sempre foi a vocao de Montes Claros, no importa a eficincia do setor pblico, seja o municpio, o Estado ou a Unio. A cidade sempre despontou como atrativo, com ou sem o setor pblico, e at mesmo apesar do setor pblico. Haja vista o que tem acontecido nos ltimos tempos, em que no existe na cidade nenhum empreendimento do setor pblico e ela atravessa um dos perodos mais crticos de sua histria, em que a istrao comemora com placas at a instalao de postes de iluminao e vende ativos imobilirios para realizar obras. Essa fase negativa, que em grande parte se deve inexistncia de recursos pblicos, no chega a comprometer o fluxo de investimentos na iniciativa privada, que sempre chega primeiro. O novo teste consiste na prxima chegada do shopping, no Interlagos, e da Alpargatas, no Distrito Industrial. Se no houver soluo urgente para os gargalos do trnsito, a cidade vai parar em meio a imensos congestionamentos. (Waldyr Senna o mais antigo e categorizado analista de poltica em Montes Claros. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 9/12/2011 11:50:55 |
Imveis vendem-se Waldyr Senna Batista A venda (desafetao, em se tratando de bem pblico) de parte da Praa de Esportes e outros imveis, j autorizada pela Cmara, a pretexto de executar obras na cidade, no a primeira operao do gnero realizada pela Prefeitura na atual istrao. Em setembro de 2009, ela fez aprovar na Cmara Municipal a lei 4.151, que autorizou o fechamento da rua Josefina Chaves, no bairro Regina Peres, em troca de 13 veculos novos, que custaram R$ 343 mil, enquanto o terreno, com 1.115 metros quadrados, foi avaliado por R$ 220 mil. A operao levou em conta que a rua, que desembocava na avenida Deputado Plnio Ribeiro, tornou-se foco de constantes acidentes. O fechamento dela foi tido como bom para o trnsito, para a empresa que a incorporou e para a Prefeitura, que renovou sua frota sem ter de desembolsar dinheiro vivo. Foi to bom, que os novos veculos foram mostrados ao pblico em desfile apotetico, na avenida Sanitria. O dado curioso, certamente tido como irrelevante, que em nenhum momento foi dito de pblico que se tratava de permuta envolvendo o pedao de uma rua. A segunda experincia imobiliria da atual istrao deu-se tambm sem maior divulgao. Foi autorizada pela lei 4201, de fevereiro de 2010, tendo como objeto terreno situado na avenida Jos Correa Machado(proximidades da praa dos Jatobazeiros), com rea de 4.909 m2. A desafetao, neste caso, foi processada mediante licitao pblica, com base em avaliao feita por profissionais do comrcio imobilirio. Ganhou a empresa Stillus Alimentao Ltda., de Belo Horizonte, que pagou R$ 3.303.329,73 em seis parcelas (entrada mais cinco). Ela integra o grupo empresarial comandado pelo agora senador Zez Perrela e j atuava em Montes Claros por estar, como terceirizada da Prefeitura, fornecendo a merenda escolar nas escolas municipais. A lei no vinculou a alienao do imvel a qualquer empreendimento, tendo constado do texto a observao de que o imvel a a integrar o patrimnio disponvel do municpio. Detalhe curioso(ou espantoso?): na istrao anterior, esse terreno foi cedido Cmara Municipal para a construo de sua sede. Houve at ato solene para marcar a entrega. Presidente do Legislativo, o vereador Ildeu Maia tinha como meta a construo da sede, porque, segundo dizia, a Cmara funciona de favor no prdio da Prefeitura. No entanto, poucos meses depois, ele e outros vereadores tambm reeleitos, que tinham participado da celebrao, aprovaram a lei 4201, ao que consta mediante a promessa requentada do Executivo de que construiria prdio para a Cmara na rea de estacionamento da Prefeitura, que deve ter disponveis no mais de 10% do terreno que a Cmara j tinha. Permuta pouco sensata para os que haviam festejado a conquista. Com essas operaes imobilirias, e outras que estariam sendo examinadas, a Prefeitura tenta levantar recursos para a realizao de obras que vem anunciando desde o incio do mandato. Elas seriam viabilizadas com emprstimo de R$ 24 milhes na Caixa Econmica Federal, para asfaltamento de 600 ruas em bairros populares. Como a crise mundial fez com que a presidente Dilma Roussef puxasse o freio de mo da economia, suspendendo financiamentos e investimentos, a operao de crdito foi congelada. Na Prefeitura h outros indicadores preocupantes. Por estar inadimplente com a Previdncia Social ( Prevmoc e INSS), ela no ter como renovar o CRP(Certificado de Regularidade Previdenciria), pea imprescindvel para a liberao de recursos pelo governo federal. O oramento do municpio para o prximo exerccio, em tramitao na Cmara, tambm reflete esse quadro de dificuldades: as rubricas que se relacionam com investimentos no chegam nem a R$ 3 milhes, o que faz do prefeito Luiz Tadeu Leite ainda mais refm de recursos externos, que praticamente inexistem, e da alienao de ativos do municpio, que no so inesgotveis. Haja imveis para vender. (Waldyr Senna o mais antigo e categorizado analista de poltica em Montes Claros. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 2/12/2011 14:17:57 |
Papai Noel e o trnsito Waldyr Senna Batista Para minimizar um pouco ( s um pouco ) o problema do trnsito em Montes Claros, seriam necessrios investimentos pesadssimos em infraestrutura, para o que a Prefeitura no dispe de recursos e nem sabe onde encontr-los. Concluso de avenidas iniciadas h anos e hoje em estado de decomposio; construo de viadutos ( com p direito que comporte veculos de grande porte); arelas e elevados, entre outros itens, fazem parte do receiturio, mas esto fora do alcance do municpio, pois a Prefeitura est naquela situao incmoda da anedota, vendendo o almoo para pagar o jantar. Enquanto se espera pelo que no vir, o problema se agrava com a multiplicao do nmero de carros, motos ziguezagueando pelas ruas estreitas e esburacadas em que at as pachorrentas carroas cumprem sua montona funo. Volta e meia a Prefeitura promove semana do trnsito, que tem l seu sentido, mas que efetivamente no produzir o milagre de desentupir as ruas estreitas, implantadas para acolher carros de bois e que, devido imprevidncia de es do ado, foram se estendendo com a mesma dimenso. De h muito, a questo se coloca claramente: no se trata apenas de conscientizar a populao quanto ao cumprimento das normas de trnsito, o que importante. O problema que as ruas da cidade no comportam o nmero sempre crescente de veculos que nelas tentam trafegar, enquanto obras que possibilitariam o desafogo permanecem paralisadas. Apenas mensagens em faixas no operaro o milagre de reverter a situao, nem por influncia de Papai Noel. Alis, observncia dos sinais de trnsito no deve restringir-se apenas ao perodo natalino. Exige empenho e rigor, em todos os dias do ano. Na cidade h pontos de estrangulamento cuja eliminao nem sempre depende de recursos financeiros. Um deles refere-se aos nibus que trazem pacientes das cidades vizinhas( e das distantes, tambm, at da Bahia) para serem atendidos em clnicas e hospitais. Eles ocupam reas nas proximidades dos hospitais e nelas permanecem do incio da manh at o final da tarde. So dezenas de veculos de grande porte, estacionados inclusive sob placas que anunciam proibio de estacionamento. Eles poderiam ser levados para terrenos fora do centro da cidade, que a Prefeitura designaria, dotados de estrutura simples. Ao final do dia, em horrios combinados, seriam levados aos locais de onde partiram para recolher os ageiros e voltarem para suas cidades de origem. Tudo fcil e perfeitamente factvel para uma Prefeitura que possui tantos terrenos vagos que os est vendendo. s tirar do leilo um deles e destin-los a essa finalidade nobre. Como esse, h inmeros outros gargalos cuja soluo nem sempre difcil e dispendiosa. A somatria deles que leva complicao do problema, que na Europa, por exemplo, no ocorre, porque l se aplica a cobrana de pedgio para o trnsito de caminhes e nibus que se destinam a outros estados. Eles so barrados na divisa e s so liberados aps o pagamento de determinada tarifa, que se destina a cobrir o desgaste que esses veculos produzem, seja no asfalto ou no uso de equipamentos urbanos implantados com o dinheiro do contribuinte. Montes Claros arca com esse nus devido sua condio de cidade-polo, de que muito se orgulha. Mas ele tem custos elevados, que vo desde a coleta de lixo produzido pelos que aqui aportam, at o congestionamento dos servios mdico-hospitalares, a que os pacientes de fora tm o s vezes at com prioridade, devido s distncias que tm de percorrer na volta para casa. Tudo isso contribui para o agravamento do problema do trnsito. (Waldyr Senna o mais antigo e categorizado analista de poltica em Montes Claros. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 25/11/2011 15:52:07 |
Mais problema do que soluo Waldyr Senna Batista O pior, nessa questo da Praa de Esportes, que a Prefeitura est transformando em problema o que poderia ser soluo. Se ela entende que a entidade j cumpriu seu ciclo, no seria o caso de se desfazer dela, mas, sim, de buscar outro formato que atenda nova realidade. Ceder espao to importante para instalao de mais um shopping center no parece ser procedimento sensato. Mesmo sob a alegao de que o dinheiro a ser obtido com a transao resultar em empreendimentos tidos como mais teis para a populao e de valor correspondente em outros pontos da cidade. Shopping center atividade por natureza predadora, pois atrai multides e multiplica a concentrao de veculos, que exigem cada vez mais espaos. Isso, numa rea j congestionada, como o caso, resultar em dificuldades ainda maiores. Haja vista o que est acontecendo na avenida Cel. Prates e adjacncias, onde se instalou h pouco tempo um desses templos de consumismo: as famlias ali residentes h dcadas esto sendo obrigadas a desocupar suas casas, que se transformam em estabelecimentos comerciais. E a rea foi invadida por jamantas, na interminvel faina de carga e descarga, com manobras barulhentas e que causam congestionamentos. E nem se diga que essa atividade gera empregos, porque o bem-estar das pessoas tem de ser preservado acima de tudo. A regio da Praa de Esportes tem a seu favor, sob esse aspecto, o fato de j ser zona comercial. Mas, com a construo pretendida, ter seus problemas potencializados, especialmente o de trnsito. Assim, antes que se confirme a tragdia anunciada, seria prudente imaginar outra forma de ocupao do imvel em sua inteireza. A rea poderia ser adaptada para melhorar a qualidade de vida da populao e no simplesmente para possibilitar a investidores a realizao de bons negcios. Transform-la em parque ecolgico seria a opo adequada, propcia ao descanso da populao, que ali encontraria condies de respirar, o que se torna cada vez mais difcil na cidade de clima quente e ruas estreitas e malcuidadas. Guardadas as devidas propores, esse parque seria o equivalente ao Central Park para New York; ou ao Parque do Ibirapuera para So Paulo; ao Parque do Flamengo e ao Jardim Botnico para o Rio de Janeiro; e at ao Parque Municipal para Belo Horizonte (ressalvadas as edificaes inconvenientes nele introduzidas). Seria ingenuidade imaginar que proposta deste teor, pelo menos no momento, obtivesse respaldo na Prefeitura, onde a prioridade nica tem sido inventariar imveis do municpio que possam ser leiloados para suprir o caixa que o empreguismo comprometeu. At agora, os terrenos que se encontram em oferta podero propiciar R$ 10,5 milhes, que se destinaro ao asfaltamento de cerca de 600 ruas em bairros populares. Elas esto catalogadas segundo as convenincias de vereadores integrantes da base de apoio da istrao e veem sendo anunciadas desde os primeiros meses do atual mandato, no aguardo da concesso de financiamento de R$ 24 milhes pleiteados na Caixa Econmica Federal. Como o dinheiro no sai e o mandato est se extinguindo, urge aviar-se a fim de que haja alguma coisa para mostrar. A experincia tem demonstrado que asfalto, ainda que de qualidade discutvel, sempre funciona como chamariz de voto. E, por mera coincidncia, o prximo ano de eleio. Nada indica, porm, que as transaes imobilirias em curso, aprovadas que sero pelos vereadores que praticamente estaro votando em causa prpria sejam concludas sem acidentes de percurso. H manifestaes de que elas sero contestadas judicialmente, o que, no mnimo, retardar o andamento da operao. Sem falar, no caso da Praa de Esportes, da possibilidade de o Estado se apresentar como dono do imvel e impedir a pretendida venda. (Waldyr Senna o mais antigo e categorizado analista de poltica em Montes Claros. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 18/11/2011 14:55:31 |
Shopping na Praa ? Waldyr Senna Batista Pelo que tem dito em suas cartas abertas, o prefeito Luiz Tadeu Leite ainda no tem noo exata da rea da Praa de Esportes a ser alienada em troca de obras que ele adjetiva e relaciona: majestoso estdio, grandioso teatro, revitalizao de rea remanescente da Praa, moderno terminal de nibus urbanos, estacionamento em dobro, requalificao de vias urbanas e replantio e/ou transplante de rvores ornamentais. ite tambm mudar a forma de alienao: em vez de venda, locao por trinta anos, renovveis por mais trinta. O valor da operao ainda est por ser definido por peritos especializados: ser dividido pelo valor do metro quadrado do terreno, para se chegar ao total da rea a ser negociada. Mas, trabalhando-se com nmeros supostos, em sentido inverso, com base em informaes de experts do ramo imobilirio, pode-se chegar a resultado prximo da realidade. Para esses especialistas, aquela a segunda rea mais valorizada da cidade, superada apenas pela praa Doutor Carlos e adjacncias. Nela, o valor do metro quadrado situa-se entre R$ 3,5 mil a R$ 4mil. Assim, tomando-se por base o teto da avaliao, aplicado aos 32 mil metros quadrados do terreno, chega-se ao preo total de R$ 128 milhes, que quanto valeria a Praa de Esportes, para esses corretores. Um tero dela, portanto, seria R$ 42 milhes. Esse dinheiro seria suficiente para a realizao da pauta de obras imaginada pelo prefeito? A resposta depender do tipo de acabamento a ser usado. No caso do estdio, h parmetros que esto sendo aplicados nas construes e reformas de estdios que iro sediar a Copa do Mundo, nos quais se cumprem rigorosamente exigncias da Fifa. Se for esse o modelo ( e deveria ser ), poder faltar dinheiro. Se, em vez do padro Fifa, vier a ser usado o padro ginsio poliesportivo, cuja construo foi terceirizada mediante antecipao de receita, os custos podero ser reduzidos. Por isso, a lei e os contratos precisam ser rigorosos e minuciosos no que se refere a qualidade. Em entrevista coletiva, na semana ada, o prefeito informou que estaria raciocinando em termos de R$ 30 milhes, dos quais R$ 2,5 milhes seriam para as obras de revitalizao e R$ 7,5 milhes para o prdio do teatro. R$ 20 milhes iriam para o estdio. Na sua exposio aos reprteres, o prefeito anunciou que a operao pretendida ser aberta, mediante licitao pblica. As condies sero definidas em projeto de lei a ser submetido Cmara Municipal e que ser elaborado com base em informaes de peritos especializados. De qualquer forma, seu desejo iniciar as obras em janeiro, para concluso ainda no decorrer do seu mandato. Vale lembrar que, nesse perodo, h chuvas e eleies, que tm de ser tomados como complicadores. No ficou bem claro ainda como um processo de to difcil definio, como esse, em que h pontos importantes ainda pendentes, especialmente o resultado da licitao, e j se fala que no local da Praa de Esportes ser erguido um supermercado. A foto da maquete foi obtida no setor de imprensa da Prefeitura e publicada na primeira pgina do Jornal de Notcias da ltima sexta-feira. Pode estar havendo precipitao, uma vez que o ganhador da licitao poder ter outros planos para o investimento. A no ser que o edital seja taxativo, o que no parece provvel. Esse desfecho est contido em um dos comunicados publicados pelo prefeito, no qual ele enaltece as qualidades da proposta em estudo, e cita a contrapartida da operao. Diz ele: E, claro, a cidade vai ganhar um majestoso empreendimento na rea a ser cedida, talvez um shopping com torres de salas ou apartamentos, o que gerar empregos e revitalizar a regio central, cujo comrcio encontra-se bastante esvaziado em face da ateno do consumidor para outros shoppings j existentes. A frase soa como sugesto ou manifestao de desejo, e pode ou no ser adotada pelo ganhador da licitao, que ningum sabe quem ser. (Waldyr Senna o mais antigo e categorizado analista de poltica em Montes Claros. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 11/11/2011 13:31:00 |
Sangria desatada Waldyr Senna Batista Essa estapafrdia ideia de vender parte da Praa de Esportes para custear obras da Prefeitura s no causa mais espanto porque ela, rigorosamente, no original. Nos ltimos tempos, prefeitos que entram ou candidatos que querem entrar, mais cedo ou mais tarde, tentam tirar um pedao do valioso patrimnio. uma espcie da fixao que nem Freud explica. H muitos anos se falou na instalao de terminal de nibus urbanos na parte posterior daquele terreno. Houve protestos de pessoas sensatas e os autores da proposta foram demovidos de seu intento. A ideia parecia esquecida, at que o ento prefeito Jairo Atade, para solucionar o problema dos camels que se apossaram da rua Cel. Joaquim Costa, achou por bem ocupar uma faixa do terreno da Praa de Esportes, na lateral da avenida Padre Chico, onde construiu quiosques . A agresso foi tolerada, a contragosto, considerando-se o que se imaginava ser boa causa. Mas, hoje, no se sabe o que pior, se a imundcie dos camels na rua ou se a confuso dos vendedores de tudo no calado. Na ltima campanha eleitoral municipal, o candidato Rui Muniz teve um estalo e anunciou projeto mirabolante para a Praa de Esportes. Demoliria tudo o que existe nela atualmente e construiria, na rea, edifcio de trs pavimentos. No trreo, seria instalado terminal rodovirio; no segundo piso, ficariam instalaes para uso dos servios da Prefeitura; e, no ltimo andar, seria feita a reproduo do que hoje est no andar trreo, ou seja, piscinas, quadras de esportes especializados e pista olmpica. Um verdadeiro jardim suspenso da Babilnia. Luiz Tadeu Leite cumpriu dois mandatos antes do atual, e no parecia ter sido contaminado. Mas, na reta final do terceiro mandato, que ameaa encerrar-se em brancas nuvens, no que se refere a obras, entendeu de transformar em dinheiro um tero do terreno da Praa de Esportes e, com ele, construir o estdio de futebol moco, encalhado h quarenta anos em imenso buraco, e um teatro municipal, de que ningum (nem ele mesmo) havia cogitado. Os dois novos empreendimentos estariam concludos no prximo ano, num ritmo de fazer inveja aos empreendedores que preparam a Copa do Mundo. A Praa de Esportes foi construda em 1942 pelo prefeito Antnio Augusto Teixeira de Carvalho, o Doutor Santos, como era conhecido o mdico natural de Braslia de Minas, que ficou na histria como o melhor prefeito da primeira metade do sculo ado em Montes Claros. Morreu em pleno exerccio do mandato, devido a complicaes de diabetes. Imortalizado com o nome na principal rua do centro, com a construo da Praa de Esportes ele solucionou o principal problema de saneamento da cidade, que era o da vrzea, onde se jogavam desde lixo e entulho, at animais mortos. Foi graas a sua ao que o pntano ali existente tornou-se habitvel, incluindo a ampla faixa em que est hoje o bairro So Jos, onde gua aflora em perfuraes de reduzida profundidade. Uma obra de efeito ecolgico. Mas, a quem pertence a Praa de Esportes? a pergunta que se faz agora, s vsperas de ela completar 70 anos. Seria propriedade do Estado ou do municpio? Por ter sido construda com recursos do Estado, prevalecia o entendimento de que este era seu verdadeiro dono, cabendo-lhe inclusive a nomeao do presidente da entidade que a istra, o MCTC ( Montes Claros Tnis Clube ). Quem acabou com essa prtica foi o prefeito Simeo Ribeiro Pires (mandato de 1958 a 1962). Pesquisador compulsivo, ele encontrou na Prefeitura anotaes, feitas de prprio punho em um caderno escolar pelo prefeito Dr. Santos, com o registro dos gastos da obra. Foi o bastante para que entendesse que o imvel pertencia ao municpio, ando a ignorar os decretos de nomeao do presidente do MCTC. Curiosamente, com anotaes to precrias, o Estado jamais reivindicou os possveis direitos de propriedade e no mais editou decretos. Ou seja, o prefeito Simeo expropriou no grito o imvel que o prefeito Dr. Santos idealizou para ser o pulmo da cidade e que o prefeito Tadeu quer agora desfigurar para custear obras de necessidade discutvel em ritmo de sangria desatada. (Waldyr Senna o mais antigo e categorizado analista de poltica em Montes Claros. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 28/10/2011 14:56:19 |
Cidade sitiada Waldyr Senna Batista Deu em nada, como era de se esperar, a audincia pblica promovida pela Assembleia Legislativa para tratar do problema da criminalidade em Montes Claros. O assunto foge competncia dos deputados, que no mximo poderiam formular comentrios e apresentar sugestes. O presidente da comisso, deputado Joo Leite, reconheceu que a violncia no se restringe a Montes Claros, estende-se a todo o territrio nacional. Se era este seu entendimento desde antes, resta imaginar o que o moveu a vir debater o tema. Ao final do encontro, salvou-se sugesto do delegado Marcelo Eduardo Freitas, da Polcia Federal, para limitao do horrio de funcionamento de bares e restaurantes, que ariam a fechar meia noite, e a aplicao rigorosa das normas que controlam a presena de menores de idade em reas de risco. Essas medidas poderiam contribuir para minorar o problema, considerando-se que nesses locais, principalmente na periferia, costuma ter origem grande parte das desavenas que levam ao crime. A criao de barreiras nas entradas da cidade, sugerida pelo prefeito Luiz Tadeu Leite, inexequvel, por ferir direitos constitucionais e por envolver grandes contingentes policiais na sua eventual aplicao. Se verdade que Montes Claros o segundo maior entroncamento rodovirio do Pas, pode-se avaliar como seria complicada a implantao de medida dessa natureza. Na reunio, ficou evidenciado que medidas paliativas e discursos cosmticos so mero jogo de cena. Embora extensivo a todo o territrio nacional, aqui o problema da violncia assume propores mais preocupantes, devido posio geogrfica da cidade, que foi inserida na rota do narcotrfico oriundo das fronteiras com pases sulamericanos produtores de maconha e cocana, tendo como destino o Nordeste. A disputa de posies nesse comrcio maldito levou formao de grupos de extermnio, que tm comprometido a imagem da cidade. Ela no foi to depreciativa nem quando Montes Claros era tida como um dos maiores centros de prostituio do Brasil, com algo em torno de cinco mil prostitutas. Isso por volta dos anos 1940, quando estava em andamento a implantao da linha frrea para Monte Azul e o jogo carteado era liberado. O ambiente era de tamanha euforia, que se construiu edifcio na rua Carlos Gomes, esquina de Visconde de Ouro Preto, que ainda existe e cujas dimenses at hoje impressionam, para a instalao de um cassino. A combinao de jogo e prostituio marcaria a cidade e foi geradora de violncia. esse ado nada recomendvel que ressurge, trazido pela sucesso de homicdios que, s neste ano, aproximam-se da marca de 100, sendo 80% pelo menos atribudos a acertos de contas de grupos que vieram de outras regies para disputar posies no trfico de drogas. A populao procura resguardar-se com a instalao de muros, grades, cercas eltricas, arame farpado, alarmes e o que mais houver. Essa parafernlia transformou Montes Claros em cidade sitiada, em que no se v a fachada das casas, escondidas por s de muralhas, e onde a procura por condomnios fechados tem se expandido. Tudo isso em pura perda, j que o dispositivo policial, com dois batalhes, um presdio de segurana mxima, e sistema informatizado tem se mostrado pouco eficaz. O delegado Aluizio Mesquita est anunciando agora a reativao de delegacia especializada em investigar homicdios. Mas a notcia, cuja eficincia parece duvidosa, diante do forte aparato de que dispe a bandidagem, j surge comprometida com a informao de defasagem de 81 policiais no seu efetivo. Assim, talvez fosse mais recomendvel promover a recomposio do pessoal antes de reativar a delegacia. (Waldyr Senna o mais antigo e categorizado analista de poltica em Montes Claros. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 21/10/2011 15:25:24 |
Enxugando gelo Waldyr Senna Batista ou quase despecebida, na Cmara Municipal, o projeto de lei do Executivo concedendo perdo de juros e multas para pagamento de tributos em atraso. Em outras pocas essa medida excepcional provocava correria aos guichs. Mas, devido sua constncia, o contribuinte aprendeu que no precisa sacar no vermelho do cheque especial, para quitar a dvida, porque no prximo ano tudo se repetir, a pretexto da folha do 13 salrio(para a qual o certo seria fazer proviso ao longo do ano), ou proximidade de eleies. Ou a pretexto de nada, porque s a crnica crise financeira da Prefeitura justificativa mais do que bvia. Ela tem se agravado tanto, por diversos fatores, que o setor financeiro j nem procura disfarar ou amenizar essas razes, como fez em reunio de semanas atrs, quando o secretrio da Fazenda, Elias Siufi, revelou o que todo o mundo sabia: A arrecadao do municpio insuficiente para cobrir as despesas com pagamento de pessoal, istrativas e servios essenciais populao. Para a realizao de alguma obra, disse ele, a Prefeitura tem de contar com recursos dos governos federal e estadual, que, certamente, no tm sido fcil de conseguir, por ser a istrao oposicionista no Estado, e a julgar pela inexistncia de obras na cidade. Na verdade, no a receita que insuficiente. As despesas que so excessivas, e isso devido gesto temerria que promove o empreguismo, consumindo recursos que no existem, e provoca o inchao da folha de pessoal, beirando a alarmante cifra de R$ 15 milhes por ms. A receita dos municpios, de modo geral, est concentrada nos primeiros meses do ano, com a arrecadao do IPTU e a participao no IPVA, este cobrado pelo Estado. Durante o ano, esto diludos o ISS, devido pelas empresas prestadoras de servios e por profissionais liberais (essa a maior receita prpria do municpio) e o ITBI, que provm das transaes imobilirias realizadas na cidade. Os fundos de participao, estadual e federal, que so instveis, completam o leque. com esse dinheiro que os municpios tm de se manter, o que exige equilbrio dos es, sob pena de se verem de pires na mo para o fechamento das contas. Poucos conseguem, porque o apelo gastana desenfreada irresistvel. O problema da Prefeitura de Montes Claros no propriamente falta de recursos. Os nmeros apresentados na citada reunio quadrimestral do incio deste ms mostram aumento de arrecadao, apesar da sonegao histrica de 60% do IPTU lanado. Esse fenmeno poderia ser atribudo tabela de valores dos imveis, que tida como excessiva, e pelo pouco empenho da Prefeitura na cobrana, apesar dos instrumentos que a LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal) concede aos municpios. Alm de faltar rigor na cobrana, essa repetitiva prtica de perdoar os recalcitrantes incentiva a sonegao. O contribuinte sabe que a Prefeitura no ir s ultimas conseqncias. A LRF prev penalidades aos prefeitos que se omitem e levam prescrio dos tributos, mas eles quase sempre preferem correr o risco a perderem os votos que os sustentam no poder. Assim, essa prtica continuada de perdoar juros e multas como enxugar gelo, pois no resolve a crise. (Waldyr Senna o mais antigo e categorizado analista de poltica em Montes Claros. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 14/10/2011 13:01:46 |
Governo quer frente Waldyr Senna Batista O governo do Estado j estabeleceu sua linha de ao para a eleio do prximo ano. Sua meta eleger os prefeitos dos cinquenta maiores municpios. Os candidatos sero escolhidos com base em pesquisas independentes e segundo o grau de afinidade com o governo. Nos municpios em que houver segundo turno, esse preceito ser primordial. Caso de Montes Claros, onde o objetivo principal ser derrotar o prefeito Luiz Tadeu Leite, que disputar a reeleio, e j tem dispositivo montado: firmou aliana com o PTB, que indicar como vice Paulo Santiago, que nos ltimos meses vem tendo destaque especial na mdia. O prefeito comeou a cumprir a parte inicial do acordo, designando para setores importantes da istrao pessoas ligadas aos seus novos correligionrios. Ao mesmo tempo, os que integravam o esquema que o acompanhou na campanha ada e na primeira metade do mandato esto se afastando dos cargos que ocupam. O tratamento a ser dispensado a Montes Claros levar em conta a expresso do municpio e a possibilidade de o pleito s se definir no segundo turno. O dispositivo governamental ser preparado para essa eventualidade, incluindo o peso da mquina oficial para alcanar o objetivo principal, que a derrota do atual prefeito e dos seus parceiros do PTB. Virtualmente, os candidatos Prefeitura de Montes Claros sero os mesmos que vm ocupando a cena nos ltimos trinta anos, com alguns se revezando no exerccio do mandato de prefeito. A previso de que renovao, mesmo, s acontecer no pleito subseqente, devido ao fator etrio. Ou ao cansao do eleitorado, que comea a pedir renovao. Para a prxima disputa, o nome atualmente em maior evidncia o do deputado Jairo Atade, cuja permanncia na Cmara dos Deputados tida como precria, por ser suplente. Ele tem liderado pesquisas informais e est virtualmente em campanha, dependendo apenas de ter o apoio explcito do governador Anastasia e do senador Acio Neves. Gil Pereira diz que no pretende disputar, mas h quem ache que ele poder mudar de opinio se o cavalo arreado ar por perto. Ele costuma insinuar que a vice-prefeita Cristina Pereira seria melhor candidata, mas ela nega qualquer pretenso, com firmeza: No quero, no estou preparada, no aceitarei, afirma. Seu marido, o deputado Gil Pereira, como sempre arredio sobre esse assunto, ite que teve mais entusiasmo quando das duas disputas de que participou. No se dispe a uma terceira, entre outras razes, porque a Prefeitura est sucateada e vai exigir do prximo prefeito trabalho de radical mudana. Diz: Vai ser preciso desmanchar tudo e fazer de novo. Ele no confessa, mas nota-se que se encontra feliz e realizado na condio de secretrio de Estado. O ex-prefeito Athos Avelino j anunciou que estar na disputa, para o que mudou de partido. Acha que tem condio para concorrer, apresentando-se como grande injustiado, pelas razes conhecidas. O ex- deputado Humberto Souto tem sido citado como possvel candidato. Ele prprio ainda no se apresentou diretamente. Tem currculo e disposio. Vai ter de mudar a forma de atuao, porque o voto para deputado difere do voto para prefeito. Ele do ramo, com muitos anos de estrada, e sabe disso. H outros nomes em oferta, mas com possibilidades reduzidas: o ex-deputado Rui Muniz, que perdeu gs por ter ido com muita sede ao pote. Esvaziou-se. O deputado Paulo Guedes, que no poltico de Montes Claros, insinua-se mas no dever ir longe. Antnio Henrique Sapori procura espao, que est exguo. E outros, menos votados. O governo do Estado imagina poder formar uma frente em apoio ao nome vier a escolher para derrotar o prefeito Luiz Tadeu Leite no eventual segundo turno. Enfraquecido devido istrao pfia, o prefeito dispe do que falta aos outros: a caneta para acionar a mquina. Isso ele j mostrou que sabe fazer. (Waldyr Senna o mais antigo e categorizado analista de poltica em Montes Claros. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 7/10/2011 15:25:48 |
Fico e realidade Waldyr Senna Batista Na manh de quarta-feira da semana ada, a Prefeitura cumpriu ritual de lei federal que a obriga a mostrar sua movimentao financeira a cada quatro meses. Para isso, promoveu reunio no auditrio da Cmara Municipal, a que compareceram no mais do que dez pessoas. Por falta de divulgao ou por total desinteresse da populao. Tratava-se de resumo sumarssimo, mas a prestao de contas detalhada estaria no stio eletrnico da Prefeitura. O secretrio da Fazenda, Elias Siufi, e o diretor da contabilidade, Sandro Lobo Arajo, incumbiram-se da explanao do que depois constou de release enviado imprensa sob o ttulo de Prefeitura presta contas populao, pelo qual se tem ideia de que a reunio teria sido mais concorrida. Consta do texto que, no perodo de janeiro a agosto deste ano (portanto, dois quadrimestres), o municpio, em nmeros redondos, arrecadou R$ 298 milhes e gastou R$ 257 milhes, do que resultou supervit de R$ 40 milhes. Dinheiro suficiente para quitar dvidas e realizar obras expressivas. Certo? Errado. Segundo observao contida no texto oficial, A sobra de recursos, na verdade, fictcia, uma vez que existem restos a pagar contabilizados e programados da ordem de R$ 36 milhes e, no programados, de R$ 45 milhes, o que resulta em dficit de mais de R$ 40 milhes. Uma inverso radical, que simplesmente transforma o sinal positivo em negativo. Em se tratando de prestao de contas populao, seria de se esperar que tudo fosse vel at a no iniciados nos mistrios da cincia contbil e no mensagem para ser interpretada por poucos. Se a sobra fictcia, no significando dinheiro em caixa e bancos, necessria se faz explicao ao alcance dessa que a parcela mais ampla da populao. O secretrio da Fazenda at que tentou ajudar. Diz a nota oficial que ele destacou as dificuldades existentes e as medidas istrativas tomadas a fim de amenizar a situao, do que se depreende que, em matria financeira, a Prefeitura no voa em cu de brigadeiro. E o secretrio alinha quais seriam essas medidas: Estamos em conteno de despesas e fazendo gestes a nveis federal e estadual, visando arrecadar recursos, uma vez que a arrecadao do municpio insuficiente para cobrir as despesas com pagamento de pessoal, istrativas e realizao de obras e servios essenciais populao. A informao soa contraditria, quando se sabe que a folha de pagamento de pessoal da Prefeitura, que era de R$ 10 milhes no incio da atual istrao, alcana hoje a cifra de R$ 15 milhes. Acrscimo de 50%, apesar da terceirizao de parte do servio de limpeza pblica, que deve ter proporcionado corte de pessoal. Esse sempre foi setor dispendioso em todas as istraes. Se a folha no diminuiu, e at aumentou, com a suposta reduo de gastos nessa rea, alguma coisa deve ter fugido ao controle em outros setores. A reunio da semana ada no tinha por finalidade detalhar esses pontos, e o secretrio Elias Siufi, cujo setor no responde pela linha de conduta da istrao, esfora-se por cumprir a parte que lhe compete. Diz ele, na nota que a imprensa recebeu e parece no ter lido: ... a secretaria da Fazenda no est medindo esforos no sentido de organizar as finanas, a fim de cumprir as determinaes legais. E concluiu: Nosso trabalho transparente e estamos disposio dos vereadores e de todos os segmentos comunitrios para prestar informaes detalhadas. Acostumado a falar com clareza desde os tempos em que empunhava microfones, o hoje secretrio no podia ter sido mais claro: a situao com que se defronta a Prefeitura na rea financeira no tem nada de fictcia. uma dura realidade. (Waldyr Senna o mais antigo e categorizado analista de poltica em Montes Claros. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 30/9/2011 15:40:34 |
Previdncia imprevidente Waldyr Senna Batista A audincia pblica promovida pela Cmara Municipal, na semana ada, para tratar da crise que envolve o Prevmoc(o instituto de previdncia municipal) foi frustrante. Dos quinze vereadores que compem o Legislativo, apenas um se fez presente: o autor do requerimento, Claudinho da Prefeitura, que se juntou a pequeno grupo e fizeram a reunio. O resultado parece ter compensado o esforo, pois ficou encaminhada a criao de entidade civil para defesa da previdncia municipal, que se encontra em situao de falncia. O esvaziamento da reunio foi atribudo Prefeitura, que apontada como culpada pela situao do Prevmoc, por no recolher recursos destinados manuteno de cerca de um mil segurados e milhares de outros que um dia se aposentaro. Com receita inferior aos encargos, est configurado o desequilbrio atuarial do rgo, situao que s tende a agravar-se. Literalmente, imprevidncia da previdncia. Em maio deste ano, a Cmara Municipal aprovou duas leis, propostas pelo Executivo, de nmeros 4438 e 4439, com base em legislao federal, que autorizou o parcelamento da dvida do municpio. A primeira refere-se ao perodo de 1 de fevereiro de 2009 a dezembro de 2010, dbito dividido em 60 parcelas (5 anos); e a outra, com prazo de 240 meses ( 20 anos ). Os dbitos sero corrigidos com base no ndice do Tribunal de Justia de Minas Gerais, mais juros mensais de 0,5%. A operao, entretanto, no estancou a sangria nem recomps as finanas do Prevmoc, porque no significou entrada expressiva de dinheiro e, tambm, porque logo em seguida surgiu nova aspiral, pois o municpio continuou descumprindo suas obrigaes. Esse procedimento de altssimo risco para a Prefeitura, que poder vir a ser impedida de levantar recursos junto ao Governo federal, por falta do CRP (Certificado de Regularidade Previdenciria). Atualmente, mesmo inadimplente, ela tem conseguido o documento, protegida por liminar que beneficia todas as prefeituras, mas que poder ser cassada a qualquer momento, criando situao insustentvel para as que se abrigam sob esse guarda-chuva. A previdncia municipal foi criada pela atual Constituio, com o objetivo de livrar os municpios do jugo do INSS, invel para negociaes. Os municpios, a partir de 1988, puderam optar entre os sistemas federal e municipal. Mrio Ribeiro, o prefeito de ento, criou o Instituto Municipal de Previdncia dos Servidores Pblicos de Montes Claros, o Previmoc, que se notabiliza por gerar problemas para quase todos os prefeitos que vieram depois dele. Jairo Atade teve seus bens bloqueados, porque transferiu o terreno do antigo mercado, na praa dr. Carlos, para o Previmoc. Seu objetivo era, em primeiro lugar, quitar o dbito do municpio com o Instituto; e, ao mesmo tempo, tirar os camels que estavam acampados na praa. Alcanou o objetivo, mas at hoje responde a ao popular que lhe foi movida. Alm disso, o shopping popular tornou-se fonte de protecionismo que o faz deficitrio. O atual prefeito, Luiz Tadeu Leite, poder ver-se em dificuldade devido ao no recolhimento das contribuies descontadas dos servidores, alm da parcela patronal. As duas leis aprovadas recentemente empurraram para as calendas (at 20 anos) recursos que deveriam estar h tempos na conta do Prevmoc. Eles j esto fazendo falta aos aposentados e os que se aposentaro j cuidam de por as barbas de molho. Isso ter conseqncias eleitorais. Na verdade, o grande entrave do instituto o predomnio ilimitado concedido ao prefeito, que nomeia, demite e manda fazer ou no fazer at aquilo que no seja correto, dependendo apenas do discernimento de quem esteja na funo. O boicote orquestrado na reunio da semana ada deu a medida da subservincia da quase totalidade dos vereadores. No caso, o debate seria mais recomendvel, quando nada por ser democrtico. (Waldyr Senna o mais antigo e categorizado analista de poltica em Montes Claros. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 23/9/2011 15:14:05 |
Qualidade em questo Waldyr Senna Batista Ao estabelecer que o Legislativo a ser eleito no prximo ano ser composto de 23 membros, em vez dos 15 atuais, a Cmara Municipal, mais uma vez, legislou em causa prpria e na contra-mo da opinio pblica, que, se pudesse ser consultada, certamente opinaria por reduo do colegiado, e no ampliao. Nove seria nmero razovel. Nada faz supor que uma Cmara de 23 poder fazer melhor do que uma de 15. O contrrio seria mais provvel, devido aos antecedentes. O nvel da representao piorou a partir de quando se elegeu legislativo com nvel de escolaridade inferior e que foi justificado como mais representativo. Foi a maneira encontrada para condenar como preconceituosos os que estranharam essa queda de nvel. Mal sabiam que o nvel continuaria caindo. E no s devido ausncia de letrados, porque uma das cmaras chegou a ter em seus quadros nada menos de sete mdicos, do total de 15 integrantes, a maioria deles eleita sob suspeita de prtica abusiva de laqueaduras em massa durante a campanha. Essa Cmara, alm de pouco representativa, no tinha qualificao para o mister de legislar. Poucos se reelegeram. No por coincidncia, o nvel da representao continuou em declnio, o que se reflete no comportamento de grande parte dos vereadores, atualmente pouco cuidadosos com o decoro parlamentar nos pronunciamentos feitos da tribuna, utilizando at palavras chulas, sem serem sequer oestados pela direo dos trabalhos. Isso pode levar falta de controle, com predomnio dos que dispem de maior repertrio de palavres. Porm, esse fenmeno no exclusivo da Cmara local. No prprio Congresso Nacional o vrus da deselegncia verbal tem se destacado, da mesma forma como decorrncia da falta de preparo de alguns representantes. No se trata, no caso, de nenhum Tiririca, que palhao autntico e confesso. Na verdade, essa tendncia generalizou-se por todos os municpios a partir do momento em que o exerccio do mandato de vereador foi transformado no melhor emprego do Pas, devido elevada remunerao que possibilita. Apesar disso, grande nmero de vereadores ou a se dar importncia que no tem, montando estrutura de custo elevado para o exerccio da funo. Nada justifica, por exemplo, que um vereador em Montes Claros custe mais de R$ 30 mil mensais ao contribuinte, considerando-se subsdios, quadro de pessoal em gabinetes, consumo de material de escritrio, equipamentos de informtica e outros penduricalhos voltados para a reeleio. O quadro de pessoal da Cmara de Montes Claros aproxima-se dos 200 servidores. Em todas as cmaras municipais essa a realidade. E nada mudar, a no ser para pior, com a ampliao do nmero de eleitos sob a condio de que os gastos estaro limitados ao mximo de 5% da arrecadao prpria dos municpios. Essa norma ser ignorada mediante a utilizao de subterfgios, como prprio da prtica poltica vigente no Pas. Quando da instalao da atual legislatura, tornou-se voz corrente que a cada vereador teriam sido atribuidas 50 vagas para isso de funcionrios na Prefeitura, em troca de apoio incondicional istrao. A informao no foi desmentida, e nem podia ser, pois a simples presena de parentes e apaniguados denunciava os padrinhos nos corredores do casaro da Prefeitura, alm do que a indita unanimidade do Executivo no plenrio da Cmara atestava a transao .H pouco tempo, em meio a troca de acusaes, dois vereadores se acusaram mutuamente de estarem com o rabo preso, devido contratao de familiares. Tudo isso leva concluso de que o problema da Cmara Municipal de Montes Claros no tanto o nmero de vereadores a serem eleitos. Conta mais a necessidade de elevao do nvel da representao, que tende a continuar em queda livre. A lista de candidatos em cogitao nos diversos partidos no oferecer ao eleitor margem para escolha que leve necessria melhoria de qualidade. (Waldyr Senna o mais antigo e categorizado analista de poltica em Montes Claros. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 16/9/2011 13:12:02 |
Em como de espera Waldyr Senna Batista Com tantos nomes frequentando o cenrio nesta fase preparatria da pr-campanha, tem-se a impresso de que a disputa eleitoral do prximo ano em Montes Claros contar com muitos candidatos a prefeito. Mas falsa essa impresso. A partir do momento em que as posies se definirem, prevalecero apenas os nomes mais familiares, que so os favoritos e que ainda no despontaram. A maioria dos que se insinuam, por enquanto entram na categoria de bales de ensaio, alimentados por notcias plantadas e citaes inconsistentes, que o prprio processo, no momento adequado, se incumbir de colocar margem. No entanto, no seria de todo absurdo itir que o prximo prefeito de Montes Claros ser um ex-prefeito, pois, entre os nefitos que se movimentam, nenhum mostrou, at agora, ter flego bastante para a tarefa. Os que j exerceram a funo e que tm sido citados logo ocuparo a cena e, a sim, estar comeando a campanha. A disputa eleitoral aqui empreitada para poucos. Exige estrutura partidria slida e excepcional esquema financeiro. jogo para profissional. Alm de envolver muito dinheiro, circunstancialmente, ela provoca o interesse at do Governo do Estado, que no chegar ao ponto de assumir posio ostensiva, mas cuidar de acompanhar de perto o processo. Isso envolve at o peso da mquina, expresso que abrange tudo e mais alguma coisa. No toa que um dos pretensos candidatos j declarou que s concorrer se tiver o apoio do Governo estadual. Ele sabe do que est falando, porque conhece a estrada pedregosa que ter de percorrer. No prximo ano, especialmente, o pleito municipal se desenvolver como preliminar da sucesso presidencial de 2014, em que o senador Acio Neves se apresentar como candidato. Para mostrar que tem cacife para tanto, ele quer provar que conta com o apoio eleitoral principalmente dos grandes colgios eleitorais do seu Estado. Entre as principais cidades, inclui-se Montes Claros, com mais de 220 mil eleitores e liderando regio que soma quase 2 milhes de votos. O ex-governador j teria mandado recado a seus seguidores, a quem chama de nossos amigos, recomendando que no se precipitem no lanamento de candidaturas. Seu propsito conversar com todos antes que o processo seja deflagrado. Isso poder imprimir campanha como de espera, apesar de ela j estar nas ruas, devido presso dos afoitos. So eles os integrantes de partidos nanicos, que exercem influncia pouco significativa, e de polticos que anunciam disposio de disputar a posio mxima, mas acabando por se contentar com cargo secundrio. Nesse peloto esto at paraquedistas e aventureiros que transferiram para aqui o domiclio eleitoral, de olho em lacunas apresentadas na composio de partidos sem expresso eleitoral. No caso de Montes Claros, a prxima eleio ter outra conotao especial: para a maioria dos candidatos com potencial, poder ser a derradeira campanha de que participaro na condio de candidatos, considerando o fator idade. E o preocupante que, pelo menos por enquanto, no h vestgio de surgimento de lideranas novas. A fila no andou. O que se espera que a campanha induza o fortalecimento da nova gerao que ir substituir os sessentes que insistem em no largar o osso. Seriam eles as bananeiras que j deram cachos, segundo a expresso jocosa do prefeito Luiz Tadeu Leite, quando se lanou na primeira eleio disputando a Prefeitura. O tempo implacvel e ou rpido, de forma que ele prprio, que disputar a reeleio, acabou sendo alcanado pela classificao pejorativa. (Waldyr Senna o mais antigo e categorizado analista de poltica em Montes Claros. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 19/8/2011 13:29:44 |
Um parecer decisivo Waldyr Senna Batista Pelo fato de estar em nome de uma fundao o terreno situado no Distrito Industrial oferecido pela Prefeitura para a instalao da fbrica da Alpargatas, o Ministrio Pblico da Comarca local tem de se manifestar concordando com a pretendida transferncia. E o promotor Paulo Vincius Magalhes, que est substituindo o titular da funo, Filipe Caires, achou por bem ouvir o escritrio de coordenao da instituio, em Belo Horizonte, antes de proferir seu parecer. Ali, h o risco de o processo demorar mais do que o previsto, devido ao acmulo de trabalho. E isso contrariaria o cronograma da empresa, que pretende dar incio s obras de construo nos prximos meses, para fazer funcionar a indstria at o final do prximo ano, segundo anunciou seu presidente, Mrcio Utsch, que esteve na cidade quando da realizao da Fenics. Ele foi levado ao local, aprovou o terreno e reafirmou seu entusiasmo com Montes Claros, cuja escolha se deu levando-se em conta sua posio geogrfica e a farta mo de obra disponvel. Disse o empresrio que a unidade local ser a mais moderna do seu grupo, presente em oito pases e empregando 18 mil pessoas s no Brasil. Tudo isso sabido e tem sido repetido em meio euforia devido ao porte do empreendimento. Mas a concretizao dele vai depender da efetivao da doao do terreno, prometido pelo prefeito Luiz Tadeu Leite, em nome do municpio, no calor do justificado entusiasmo. No DI, a Prefeitura dispe de outra rea, bem menor, onde est anunciando a construo de centro de formao de mo de obra, para justificar o gasto, na istrao anterior, de recursos federais para concluso da avenida Sidney Chaves, que seria considerada via de o ao local. Essa medida evitaria a devoluo de R$ 4 milhes do governo federal e a no liberao de parcela de igual valor. Tudo isso envolve lance de histria complicada, que j foi esmiuada algumas vezes neste espao. O certo que o terreno, de 300 mil metros quadrados, oferecido Alpargatas, pertence Fundetec(entidade com ao voltada para a rea rural) e se destinaria implantao do Parque Tecnolgico, sonho de uma noite de vero cuja concretizao demandaria pelo menos 50 anos e que de h muito deixou de ser cogitado. E como o terreno encontra-se disponvel, a Prefeitura viu nele o local ideal para a instalao da Alpargatas, entre outras coisas, porque conta com infraestrutura da melhor qualidade e situa-se nas proximidades da cidade. S que o dono do imvel no o municpiio, e sim a Fundetec, que concorda em fazer a doao ao municpio, que o transferiria Alpargatas. Mas, como se trata de fundao, essa transferncia tem de contar com a aquiescncia do Ministrio Pblico, que parece enxergar nela mudana da finalidade social. Isso impediria a doao pretendida. E como se trata de deciso que envolve maior responsabilidade, o promotor decidiu nada decidir sem antes ouvir o parecer do escritrio de coordenao que existe em Belo Horizonte exatamente para dirimir dvidas. A resposta pode vir amanh, mas tambm pode demandar muito mais tempo, o que comprometeria os planos da Alpargatas, pois congela tudo, e no consta que a Prefeitura tenha em mos plano B. Pelo menos no, nas condies ideais desse terreno que est sendo cogitado e que nada custar ao municpio. Em outro local, se fosse o caso, haveria no mnimo o nus da desapropriao. No se sabe se, durante as conversaes com a empresa, essa pendncia teria sido aventada. Restaria alternativa de natureza poltica, se que se pode assim denominar operao em que no cabe poltica. Seriam gestes junto ao Ministrio Pblico, em Belo Horizonte, consultando-o sobre a possibilidade de esse parecer ser antecipado, considerando-se a relevncia da finalidade que o envolve. O municpio e o Estado, institucionalmente, teriam como atuar nesse sentido. O dilema se coloca nestes termos: furar a fila, ou correr o risco de a delonga demasiada comprometer a causa, que nobre. (Waldyr Senna o mais antigo e categorizado analista de poltica em Montes Claros. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 12/8/2011 14:05:16 |
A Polcia est a p Waldyr Senna Batista Manifestao de policial, em apoio a comentrio aqui publicado na semana ada, permite perceber que setores da Polcia Civil divergem quanto estratgia empregada no combate criminalidade. O policial, resguardando-se no anonimato que, no caso, compreensvel -, concorda com o que aqui se tem dito a respeito da segurana pblica e acrescenta que o governo mineiro incorre em equvoco ao privilegiar a linha da polcia de preveno, quando o certo seria nfase maior na de represso. E aponta deficincias imperdoveis na estrutura do sistema policial, a comear pela insuficincia de efetivo e de veculos nas delegacias, indispensveis no trabalho de investigao. Faz referncia ao problema que perdura h dcadas, referente falta de combustvel para as viaturas. Sem gasolina, as investigaes se inviabilizam. Sugere a quem duvida da falta de estrutura nas delegacias que visite uma delas para constatar o estado de indigncia predominante.(Ele no disse, mas sabe-se que, nas delegacias, falta at papel para emisso de certido. Quem precisa desse tipo de documento tem de levar o papel para o computador). Por estar desaparelhada e desestruturada, a instituio no oferece condies de trabalho, no havendo assim como atuar para reduzir os ndices de criminalidade, no Estado e na regio. Enquanto os bandidos utilizam armamentos e carros de boa qualidade, que adquirem de forma ilcita, claro, a Polcia Civil, literalmente, est a p. No temos o mnimo, diz o policial, frizando que, nos estados em que se registra queda nos ndices do crime, os governos investem pesado tanto na polcia de preveno quanto na de represso. Minas Gerais segue na contramo e, por isso, est perdendo essa guerra. Os 64 homicdios registrados em Montes Claros neste ano, em pouco mais de sete meses, comprovam isso. Medidas cosmticos no conseguiro quebrar a espinha dorsal do trfico de drogas, que ps Montes Claros na rota que alimenta o Nordeste. A soluo partir para o confronto. Tem morrido gente demais na cidade em execues sumrias com requintes de crueldade, e a PC se v impossibilitada de apurar esses crimes. Isso alimenta a impunidade, que incentiva a prtica de novos crimes. O resultado, segundo o policial, so pilhas e pilhas de inquritos que se acumulam nos gabinetes dos delegados. Os policiais que se incumbem das apuraes pouco podem fazer, apesar de muitos deles trabalharem at 12 horas por dia. O pessoal que atua nas delegacias est desmotivado, diante do quadro desolador. A populao tem toda razo para reclamar e criticar. Esse no um desabafo. No. Isso a expresso da realidade que, como agente da segurana pblica da regio e tambm ama esta cidade, se v impedido de cumprir seu dever de forma adequada diz. Tambm tenho familiares aqui e temo pela vida deles. Estamos todos, da mais nova criana, ao idoso de maior idade, do mais simples trabalhador ao alto executivo, municipal ou da iniciativa privada, sujeitos a entrar na estatstica desses crimes, acrescenta o policial. Pelo teor da manifestao, d para perceber que se trata de servidor modestamente situado na hierarquia da Polcia Civil. Mas nota-se, tambm, claro sentimento de frustrao diante do agravamento do problema de segurana em Montes Claros, sem que o dispositivo policial possa impedir essa escalada. de se destacar que o policial, que se manifesta de forma to ponderada, em momento algum fez referncia a salrios, como normalmente acontece. Isso surpreendente, levando-se em conta que a classe a que ele pertence saiu recentemente de greve frustrante, sem que o governo do Estado tenha atendido o mnimo das reivindicaes apresentadas, inclusive quanto aos salrios, que so sabidamente aviltantes. O policial preferiu centrar sua manifestao nas deficincias da instituio e que dizem respeito cidadania, porque, como disse, ama esta cidade. (Waldyr Senna o mais antigo e categorizado analista de poltica em Montes Claros. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 5/8/2011 15:11:43 |
A exploso do crime Waldyr Senna Batista Garoto de seis anos entrou no bar vizinho a sua casa para comprar bala doce. Sem saber, estava entrando em um tiroteio. Atingido por uma bala dita perdida, bem diferente da que procurava, morreu antes de chegar ao hospital. Dois homens estavam na entrada do Hospital Aroldo Tourinho aguardando atendimento. Um deles, egresso da cadeia graas nova lei de progresso de penas, ao ser reconhecido por um desafeto, correu para o interior do hospital e foi perseguido pelo inimigo, que entrou no prdio atirando. Por sorte, as pessoas que se encontravam no local no foram atingidas. Numa manh fria, um homem foi encontrado estirado no asfalto da estrada da produo. O corpo dele apresentava ferimentos produzidos por faca, em sete pontos. Ainda respirava, mas faleceu logo que foi removido. Funcionrias de uma agncia lotrica, no centro da cidade, faziam a limpeza do local para iniciar o atendimento, quando dois menores, de 16 e 17 anos, entraram na loja, um deles portando arma, e as renderam. Levaram o que quiseram. A lotrica foi assaltada vrias vezes. Naquela hora, era grande o movimento de pessoas, em frente ao Banco do Brasil, o que no inibiu os bandidos, que foram presos nas proximidades, quando dividiam o produto do roubo com um comparsa. Na avenida Joo XXIII, por sinal bem na esquina do Hospital Aroldo Tourinho, assaltantes explodiram o caixa eletrnico do Bradesco e fugiram sem levar dinheiro, pilotando moto e ameaando atropelar as pessoas que avam por ali. Esses so apenas alguns delitos praticados em plena luz do dia em Montes Claros, no curto perodo de uma semana. No foram os nicos. Na periferia, outros crimes aconteceram, bem ao estilo do que ocorria no Rio de Janeiro, onde se diz agora que reina paz, graas ao da denominada polcia pacificadora, que estaria fazendo a profilaxia nos morros cariocas. Abstrada a dose de propaganda embutida nessa ao policial, no h como negar que a bandidagem diminuiu bastante na bela cidade. H quem imagine que o agravamento da criminalidade em Montes Claros e em outros pontos do Pas se deve a esse rigoroso combate no Rio ,que estaria levando os criminosos a se dispersarem. Mas a tese contestada por integrante do sistema de represso fluminense, segundo o qual os bandidos dificilmente buscam outras reas. Preferem as que lhes so familiares, onde contam com a cobertura de asseclas e dispem de logstica, cujo transporte despertaria a ateno da Polcia. Seja como for, a reduo dos ndices de criminalidade ocorre onde est havendo ao repressora eficiente. Alm do Rio de Janeiro, So Paulo est comemorando bons resultados: na capital, a reduo do nmero de homicdios no primeiro semestre foi da ordem de 28%; no interior, 12%. Em Minas Gerais no se percebe progresso. E as reclamaes se multiplicam, partidas de Belo Horizonte e de regies importantes do Estado. Em Montes Claros, o ms de julho terminou com a marca de 64 assassinatos em sete meses, em marcha batida para chegar aos cem casos ao final do ano, todos com requintes de perversidade, todos atribudos ao trfico de drogas, sem que os autores sejam identificados, presos, processados e julgados. A Polcia continua perdendo a batalha contra o crime e o trfico de drogas, ao ponto de os bandidos j estarem explodindo caixas eletrnicos, modalidade relativamente nova nos grandes centros. Enquanto os governadores do Rio, Srgio Cabral, e de So Paulo, Geraldo Alkimim, festejam resultados concretos, o de Minas Gerais, Antnio Anastasia, esteve em Montes Claros, onde, com pompa e circunstanciam, entregou PM 50 viaturas novas, em substituio s que vinham sendo utilizadas. No mais do que um procedimento istrativo de rotina, cujos resultados ainda no se fizeram sentir. Como diria Millr Fernandes: no nada, no nada, no nada mesmo... (Waldyr Senna o mais antigo e categorizado analista de poltica em Montes Claros. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 29/7/2011 14:25:03 |
Namoro antigo Waldyr Senna Batista Recebida sob aplausos, a notcia da instalao de unidade da Alpargatas em Montes Claros representar investimento de R$ 180 milhes, com a criao de 2.200 empregos diretos e mais de 3 mil indiretos, entre outros benefcios. Antes do final do prximo ano, estaro sendo produzidos aqui, anualmente, 100 milhes de pares de sandlias, que representaro aumento de 35% na produo do grupo, presente em 85 pases. A deciso de se instalar aqui foi tomada pela empresa com base em indicadores econmicos e sociais que atenderam aos seus interesses. Ao que consta, pesou entre eles o crescimento populacional, que atestaria a vitalidade da cidade. Em dez anos, conforme o ltimo recenseamento, ele foi da ordem de 17%, muito superior ao de Belo Horizonte, que se situou em 6,38%. Isso mostraria a tendncia de inverso do fluxo que se processava em direo capital. Atualmente, no Estado, so cerca de dez as cidades de porte mdio, com populao entre 200 mil e 500 mil habitantes. em direo a elas que as coisas aram a acontecer. Montes Claros, em vez de se deixar empolgar em excesso por estar nesse bloco, deve entender o privilgio como advertncia e incentivo para a correo de deficincias estruturais que podem vir a comprometer decises futuras neste sentido. Pela simples razo de que crescimento populacional geralmente se faz acompanhar de efeitos colaterais para os quais as prefeituras no tm mo, a tempo e a hora, remdios eficientes. Isso se deu, aqui mesmo, quando do advento da Sudene, oportunidade em que o boom da industrializao foi explorado para atrair mo de obra no qualificada, gerando desemprego e favelizao, males de que a cidade at hoje no se libertou. Se a nova tendncia favorvel, bom que a Prefeitura cuide de adotar medidas preventivas, levando em conta os complicadores, no bom sentido, j evidentes, que so a explorao do gs natural, em execuo, e a extrao de minrio de ferro, em preparo, que produziro forte impacto em Montes Claros, apesar da grande distncia em que se situam. A Prefeitura, que dar terreno no distrito industrial para a Alpagartas, no pode entender que ter assim cumprido sua misso. Ao contrrio, a concretizao dessa etapa poder significar o incio de complicaes facilmente previsveis. Quando aqui esteve, o governador Antnio Anastasia anunciou projeto de lei que ir conceder incentivos fiscais, apelidado de Sudene mineira e cujo alcance no chegou a ser suficientemente mensurado. Mas que no dever representar muito, em comparao com a verdadeira Sudene, cujos benefcios cobriam dois teros dos empreendimentos, a fundo perdido, cabendo aos empreendedores a frao restante. Essa Sudene foi extinta. Recriada no governo Lula, hoje ela se limita a financiamentos, em moldes iguais aos dos vrios bancos de fomento. O sistema to pouco atrativo que, decorridos alguns anos, no se fala em Sudene e nem se tem notcia de empresrio que se disponha a usar seus supostos atrativos. Mas, em meio s expectativas quanto ao que vir, um registro curioso sobre o ado: a Alpargatas est chegando a Montes Claros com mais de trinta anos de atraso. No auge do ciclo da Sudene, a empresa apresentou projeto, adquiriu terreno no distrito industrial e at iniciou o treinamento de pessoas que iriam compor sua equipe operacional. Uma delas era o engenheiro Lcio Ramos, que foi enviado a So Paulo e ao Rio Grande do Sul para especializao. E, sobre isso, h tambm o testemunho de quem acompanhou de perto o incio do namoro da Alpargatas com Montes Claros. O escritor Manoel Hygino dos Santos, em artigo no jornal Hoje em Dia, de BH, conta que, como chefe de gabinete do presidente da CDI (Companhia de Distritos Industriais de Minas Gerais), participou de reunio com a direo da empresa (por sinal integrada por um filho do escritor Cyro dos Anjos) ocasio em que o assunto foi discutido. Esse namoro antigo. (Waldyr Senna o mais antigo e categorizado analista de poltica em Montes Claros. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 22/7/2011 15:14:14 |
A coisa outra Waldyr Senna Batista Montes Claros tem coisas que outras cidades no tm diz a conhecida msica de exaltao da cidade. Mas a expresso, transcorrido tanto tempo, pode ser tomada em outro sentido: Montes Claros ainda tem coisas que a grande maioria das cidades deixou de usar. Exemplo: veculos de trao animal. Em plena era da velocidade supersnica, as pachorrentas carroas continuam nas estreitas ruas da cidade. Em outra poca, elas prestaram bons servios, mas, de h muito deviam ter sido abolidas ou, quando muito, ter seu uso circunscrito a reas em que no incomodem tanto. Nos anos 1960, quando O Jornal de Montes Claros teve a coragem de sustentar campanha para a eliminao das carroas na rea central da cidade, o cu veio abaixo. A proposta foi tida como desumana, porque levaria fome um dos segmentos mais pobres da populao, alm do que a cidade no poderia prescindir desse meio de transporte para pequenas cargas. De que maneira livrar-se de restos de construo e outras espcies de lixo? No valia o argumento de que os carroceiros o lanavam no primeiro lote vago que encontravam - como, alis, continuam fazendo - dando origem aos lixes que tanto incomodam. Era argumento dos notrios polticos de ento, que procuravam tirar proveito eleitoral do que classificavam como campanha condenvel. Muito tempo depois, quando aquele jornal j havia deixado de circular, a medida foi adotada, sem que gerasse os efeitos previstos. No consta que os proprietrios desses veculos tenham sucumbido e nem que a populao tenha encontrado dificuldades para livrar-se dos entulhos. Para isso surgiram as prticas caambas, que encontram locais adequados para os restos de construes; e, quanto aos carroceiros, no deixaram de existir: recente levantamento revelou que eles seriam cerca de 1.500, envolvendo em torno de 6 mil pessoas dependentes dessa atividade. Outro exemplo de excentricidade de Montes Claros: a ocupao indevida de ruas e caladas com carrinhos para venda de frutas e outros produtos alimentcios e bugigangas. Eles encontram-se instalados em todos os cantos da cidade, principalmente nas portas das agncias bancrias, emporcalhando os locais e atestando que a cidade, que evoluiu tanto em inmeros setores, neste ela continua apegada a hbitos ultraados. Quando o mercado municipal funcionava na praa Doutor Carlos, as ruas adjacentes tinham de ser interditadas, aos sbados, para dar lugar aos bruaqueiros, que vinham da roa para vender seus produtos. Transferido o mercado para as proximidades da Praa de Esportes, o problema agravou-se, pois a interrupo do trnsito ou a ser permanente em dois quarteires da rua Cel. Joaquim Costa. E o problema no foi corrigido nem com a construo do atual mercado, que est em reformas, onde se criou rea livre para a lambana das cascas de pequi, restos de melancias e rejeitos de jabuticabas, alm das moscas que proliferam. dali que partem os carrinhos de mo que vo emporcalhar o centro da cidade, que s recentemente livrou-se da praga dos camels que se apoderavam da praa Dr. Carlos, para vergonha da cidade. O shopping popular e as barracas construdas numa das laterais da Praa de Esportes, devolveram para uso da populao as reas infestadas. Mas bom que a Prefeitura acorde e veja que, no calado da avenida Padre Chico, os eios j esto sendo tomados por rsteas de cebola e alho. Se algo no for feito, com urgncia, logo estar de volta o antigo suplcio causado pelos camels, de triste memria. V-se claramente que carroas e feirantes esto ligados s origens rurais da cidade, que no podem ser negadas jamais. Mas uma coisa uma coisa, outra coisa outra coisa. No que se refere ao comrcio de frutas, trata-se, atualmente, de mera explorao comercial, que nada tem a ver com os bruaqueiros do velho mercado. Eles nunca venderam morangos, mas, peras e outros produtos exticos. (Waldyr Senna o mais antigo e categorizado analista de poltica em Montes Claros. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 15/7/2011 14:00:14 |
Trnsito e segurana Waldyr Senna Batista A grande movimentao produzida em Montes Claros pelo governador Antnio Anastasia foi para marcar o lanamento do Plano Regional Estratgico destinado s microrregies de Gro Mogol, Janaba e Salinas. Uma espcie de contrapartida do Estado aos investimentos de cerca de R$ 7 bilhes que empresas ligadas minerao pretendem realizar na regio. O governo estadual no sabe bem o que esse projeto vai determinar, porque sua elaborao comear em agosto e s ser concluda em junho do prximo ano. A inteno contemplar as reas de sade, educao, defesa social, formao profissional, mobilidade urbana, habitao e saneamento. o Estado se mexendo com o propsito de dotar a rea de condies para receber o impacto que, direta ou indiretamente, a explorao do minrio de ferro ir provocar em 36 municpios localizados no Norte de Minas. Montes Claros no figura entre eles, mas, por ser o municpio mais importante da regio, dever beneficiar-se com os reflexos da transformao prevista nas reas econmica e social. Certamente por ser apenas convidada, a Prefeitura local exerceu papel secundrio na movimentao, que ficou a cargo da Amams(Associao de Municpios da rea Mineira da Sudene). Uma forma diplomtica, considerando-se que o prefeito Luiz Tadeu Leite pertence a partido da oposio e no apoiou o atual governador na eleio do ano ado. Embora ele diga que sabe discernir a poltica da istrao,no h dvida de que outra seria a formatao da programao se o governador fosse Hlio Costa. A movimentao do governador Antnio Anastasia demonstra preocupao com o futuro prximo, na medida em que as empresas nacionais e multinacionais acionarem retroescavadeiras para extrair minrio e instalar gigantescas mquinas para o transporte do minrio que ir transformar por completo as caractersticas da regio. O Governo do Estado quer participar do processo, prestando a colaborao que lhe cabe nele. A Prefeitura de Montes Claros pode muito pouco, mas deveria estar atuando de alguma forma para melhorar as condies da cidade, que certamente ser utilizada como ponto de apoio nesse trabalho de explorao do minrio de ferro da regio. Deveria, para comear, cobrar dos governos aes efetivas para soluo do sistema de trnsito da cidade, que, ao lado da segurana, constitui-se no mais grave problema de Montes Claros no momento. E deve agravar-se na medida em que se concretizar a implantao de grandes empresas, como a So Paulo Alpargartas. O governador, em sua visita, entregou Polcia Militar cinquenta novas viaturas para melhorar o e da segurana pblica. Mas isso muito pouco. A cidade reclama a ampliao estrutural desse sistema, que tem perdido a luta contra o trfico de drogas e a criminalidade dele decorrente. E, quanto ao trnsito, que est beira do colapso total, faz-se necessria a concluso de avenidas, cuja construo foi iniciada h quase dez anos e se encontra paralisada e se deteriorando. Sem essas vias expressas, o trfego na cidade se inviabilizar, a partir do momento em que aqui aportarem executivos e demais funcionrios trazidos por grandes empresas. Prefeitura no compete apenas oferecer terrenos para a implantao de indstrias. Ela tem de atuar junto aos rgos estaduais e federais a fim de reforar a estrutura de servios urbanos, e isso inclui a criao de mais espaos para escoamento do trnsito. A propsito, a implantao do anel rodovirio-norte, obra vital para receber o trnsito pesado que usa o centro da cidade, continua esquecido em alguma gaveta de Braslia. O Governo do Estado deveria influir para a liberao dele. (Waldyr Senna o mais antigo e categorizado analista de poltica em Montes Claros. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 8/7/2011 11:48:09 |
Gente demais na foto Waldyr Senna Batista Se fosse possvel congelar a cena deste momento e dar a partida para a disputa da Prefeitura, a foto revelaria quatro candidatos com reais possibilidades de vitria ( Jairo, Tadeu, Gil e Athos). Seria a primeira vez na histria do municpio em que a eleio se processaria com tantos concorrentes em situao de equilbrio. Em segundo plano apareceriam trs pretendentes (Humberto, Rui e Sapori) com chances relativas; e, ao fundo, pelo menos meia dzia de supostos candidatos, que se insinuam e conseguem ser eventualmente citados em cantos de pgina devido a ligaes que tm com gente da imprensa. Sairo do circuito na primeira peneirada mais rigorosa. No primeiro bloco, percebe-se ligeira vantagem para Jairo Atade, que tem conseguido transformar em vitria a derrota na disputa para a Cmara dos Deputados, onde assumiu como primeiro suplente. Por ter sido o candidato mais votado na cidade, usa os nmeros para mostrar que seria o preferido na eleio municipal. Teria antes de explicar por que, na eleio anterior, aliou-se ao seu adversrio figadal, que agora ter pela frente. Curiosamente, ao deixar a Prefeitura, ao fim do segundo mandato seguido, ele dizia que no voltaria a disputar eleio municipal, pois se considerava injustiado por ter tido seus bens postos em indisponibilidade depois de trabalhar tanto pela cidade. Esta suposta multiplicidade de candidatos s interessa ao prefeito Luiz Tadeu Leite. A pulverizao de votos o beneficia, porque conta com eleitorado cativo, que no o abandonaria nem mesmo em face da m atuao que vem tendo e que ser usada como a principal arma da oposio. candidato reeleio, tendo nas mos a mquina istrativa, que pretende usar no ano que lhe resta, na tentativa de reverter a situao. Como oposio ao Governo do Estado, suas dificuldades tendem a aumentar. Gil Pereira, deputado governista por toda a vida e agora secretrio de Estado, vai tentar usar a seu favor exatamente essa condio de governista empedernido. Ele e Jairo j disseram que s sero candidatos se tiverem o apoio do governador. Num Estado com mais de 850 municpios, o chefe do governo dificilmente ir pronunciar-se a favor de candidatos a prefeito. Provocaria cimes e geraria desgaste desnecessrio. No entanto, Gil Pereira deve estar raciocinando que, se algum pode ter esse privilgio, ser ele prprio, que afinal de contas faz parte do Governo. Mas ele tem se afeioado tanto funo de secretrio, que pode at no ser candidato a prefeito pela terceira vez. No caso, lanaria Cristina, que j disse que no aceitar. Exatamente o que dizia ao tempo em que se cogitava de seu lanamento como candidata a vice, na eleio ada... Athos Avelino tem pela frente a difcil tarefa de provar que pode voltar a disputar a Prefeitura, depois de cumprir a pena de inelegibilidade de trs anos que lhe foi imposta. No seu entender, ela termina em outubro deste ano, com o que estaria livre tambm da lei de ficha limpa. O fiasco da atual istrao o favorece, comparativamente, mas ele ainda ter de superar dificuldades partidrias, pelo fato de pertencer mesma legenda do ex-deputado Humberto Souto, tambm falado como possvel candidato. Humberto, Rui e Sapori. Os trs esto tambm na disputa. Humberto, por enquanto, tem se limitado a dizer, evasivamente, que ningum candidato de si mesmo e espera manifestao do eleitor, a quem acena com longa e correta histria no exerccio da vida pblica. Rui Muniz foi e sempre ser candidato a alguma coisa, perdendo e ganhando eleies. A no ser que mude de partido, desta vez sua candidatura depender de Jairo no disputar a eleio, pois tem a precedncia na legenda. E Antnio Henrique Sapori, revelao da recente eleio parlamentar, com mais de 20 mil votos, candidato e est se organizando, buscando apoio de pequenas legendas para somar tempo na televiso e fazer-se conhecido. Tem forte respaldo no meio empresarial e pretende centrar seu discurso batendo na tecla de que os demais concorrentes esto superados. Ele o novo. Mensagem que, convm lembrar, no nova na poltica de Montes Claros. Resumo da pera, que est nos primeiros acordes: h gente sobrando na foto. (Waldyr Senna o mais antigo e categorizado analista de poltica em Montes Claros. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 1/7/2011 14:40:45 |
Promessas como presente Waldyr Senna Batista Nos bons tempos, os prefeitos elaboravam o cronograma de obras de tal maneira que, pelo menos uma delas a mais importante -, estivesse concluda em fins de junho. Simbolizava o presente populao no Dia da Cidade. Ultimamente, tempos bicudos, o prefeito se limita a reunir a imprensa para anunciar a inteno de realizar algumas obras que, de h muito, vinham sendo cogitadas e que, se tudo correr bem, podero ser entregues no prximo aniversrio da cidade, por mera coincidncia, vspera de campanha eleitoral. Vrias promessas feitas pelo prefeito Luiz Tadeu Leite no ano ado no foram concretizadas. A Prefeitura estava tentando sair de um perodo difcil, provocado pelo empreguismo eleitoreiro que comprometeu seriamente a istrao. Esse perodo s agora est sendo superado, mas ainda prevalecem atrasos no pagamento de pessoal e no de fornecedores. Principalmente os pequenos empresrios queixam-se de prejuzos devido aos lances reduzidos nas licitaes, para pagamento vista, e cuja quitao se estende, comprometendo o capital de giro. Muitos manifestam disposio de no mais participar dos leiles. Com dificuldades dessa ordem, a Prefeitura no consegue empenhar-se em realizaes de maior monta. Limita-se ao trivial, que em ocasies especiais, como agora, acabam ganhando destaque. Assim, a festa de aniversrio da cidade, a cargo da Prefeitura, vai se resumir a show no Parque de Exposies e a depoimentos, na televiso, de montesclarenses ilustres que vivem fora h muito tempo e esto sendo apresentados a uma Montes Claros melhor a cada dia. Na lista de intenes do ano ado constaram obras que foram discretamente descartadas da relao deste ano. Exemplo: a pretendida construo do centro de convenes, com projeto de Oscar Niemeyer, que seria erguido no bairro Interlagos. Devido a essa proposta, a cidade perdeu o projeto que estava em implantao no Distrito Industrial, porque o dinheiro, j depositado na Caixa Econmica, teve de ser devolvido a Braslia. O plano de urbanizao do arquiteto Jayme Lerner teve melhor sorte: estava na lista anterior e foi reafirmado agora. A Prefeitura anunciou o incio das obras de padronizao de eios em ruas centrais. Se na prtica for o que ficou parecendo, trata-se de estreitamento das pistas de rolamento, objetivando privilegiar os pedestres, a exemplo do que se fez nas ruas So Francisco e outras h quase trinta anos, na primeira gesto do atual prefeito. O que equivale reduo de espaos para os veculos, que j no cabem nos espaos existentes. A reforma do prdio do mercado central, que no saia do papel, ressurgiu agora, com recursos disponveis de R$ 7 milhes, prevendo inovaes que iro embelezar o local. Outra campeonssima em promessas, a retificao do crrego Cintra, mereceu citao na coletiva, mas sem muita nfase. Ao contrrio de outro veterano, com mais de quarenta anos de lista, o estdio de futebol moco, que no foi nem citado. E nem precisava, porque o imenso buraco que marca a presena dele continua no mesmo lugar, imponente. Para compensar, a Prefeitura pretende construir campo de futebol na chcara Joo Botelho. Constaram tambm da lista, a concluso de conjunto de casas populares e o incio da controvertida urbanizao do complexo Feijo Semeado. E para no ficar parecendo que aqui s se fala em promessas no concretizadas, destaque para duas realizaes bem sucedidas: a terceirizao da coleta de lixo, que abrangeu 30% da rea, proporcionou visual bem mais civilizado ao centro da cidade; e a implantao de grades de metal ao longo da avenida Sanitria, complementando a grandiosa obra. Mas, entre promessas novas e promessas requentadas, o prefeito anunciou a construo de novo cemitrio, no Vilage do Lago-II. Um tema que virou tabu: depois da novela televisiva, poucos prefeitos tm tido a coragem de desafi-lo. Montes Claros no tem mais como contemporizar, pois no h mais lugar para enterrar seus mortos. E isso problema dos vivos. (Waldyr Senna o mais antigo e categorizado analista de poltica em Montes Claros. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 24/6/2011 13:19:40 |
Segurana Insegura Waldyr Senna Batista O recrudescimento da onda de assassinatos atribudos ao narcotrfico, que chegou a 53 casos nos cinco primeiros meses do ano, fez com que o alto comando do sistema de segurana pblica fosse convocado para rever sua estratgia de combate ao crime. A medida no rotineira, o que sugere que o sinal amarelo foi acionado, advertindo que a situao ameaa fugir ao controle. O grupo compe a 11 Regio Integrada de Segurana Pblica, com representaes do Judicirio, do Ministrio Pblico, das polcias Militar, Civil e Federal, da Prefeitura e de entidades de classe. Formou-se fora-tarefa que entrou em ao e, em poucas horas, efetuou a priso de 13 bandidos tidos como integrantes dos dois grupos que disputam o trfico de drogas na cidade a partir de penitenciria de segurana mxima localizada em Catanduvas, Paran. Coincidncia ou no, a onda de execues cedeu. O jornalista Benedito Said registrou em sua coluna declarao do chefe da Polcia Federal, Eduardo Maurcio de Arajo, segundo o qual s com a integrao dos rgos de combate criminalidade ser possvel combater o trfico em Montes Claros, devido fragilidade das leis brasileiras, que favorecem a impunidade. E informa que, segundo dados dos setores policiais, em Montes Claros h, hoje, cerca de 300 criminosos considerados de alta periculosidade soltos. Esse dado alarmante. A crtica precariedade do sistema de represso ao crime tem outros adeptos de peso: o promotor Henry Vasconcelos aponta a insuficincia de delegados na cidade, no momento, com quatro deles em licena, devido ao que outros foram deslocados para o planto, o que fragiliza o sistema. Em contrapartida, os traficantes dispem de armas pesadas, adquiridas no Mato Grosso, com as quais sustentam a guerra de grupos sediados na cidade e que seriam responsveis pelos assassinatos em massa. Em entrevista ao reprter Valdemar Soares, o juiz Isaias Caldeira Veloso, da 1 Vara Criminal, extrema opinio semelhante. Para ele, a legislao penal brasileira benevolente e incentivadora da impunidade, a comear pelo Cdigo Penal, que arcaico e precisa ser atualizado com urgncia. O juiz cita como sintomtica a coincidncia do crescimento do nmero de execues registrado no final do ms ado com a libertao de dois perigosos integrantes do crime na cidade. A populao estranhou a medida, que no entanto foi adotada com base na lei, mas que, por ter sido determinada por instancia diferente, no levou em conta a realidade local e a periculosidade dos bandidos. E o juiz acrescenta: Precisamos de leis mais duras, pois todos os que esto matando e manchando nossa cidade de sangue estavam presos e, por fragilidade da lei, hoje esto soltos, zombando da sociedade. O quadro de insegurana no mbito da segurana pblica. Os criminosos desdenham da Polcia que, via de regra, tem comparecido aos locais onde se do as execues sumrias praticamente s para cumprir o ritual e atestar que esses crimes tm ligaes com o trfico de drogas. No se divulga o resultado dos inquritos instaurados e nem se apresentam os bandidos autores das execues. Pouqussimos so os processados que chegam a jri popular. Isso leva a populao a se resguardar com recursos prprios, de forma que as residncias tm sido transformadas em fortalezas. E, o que pior, sem produzir os efeitos desejados. Est entrando na moda agora a construo de prdios, custeada por moradores nos bairros, para a instalao de pelotes da Polcia Militar. Um deles est sendo implantado em terreno da Escola Normal, prevendo investimento de R$ 115 mil, segundo planilha dada divulgao. Outros bairros j se preparam para iniciativa semelhante, o que significa que a populao que paga impostos para ter segurana, acaba pagando em dobro na esperana de vir a ter segurana. E para encerrar esse bordejo pelo noticirio da imprensa, vem a notcia que coloca o assunto em patamar ainda mais preocupante: o consumo de drogas em Montes Claros no prtica restrita periferia, como imaginavam os preconceituosos e/ou ingnuos: traficante preso na semana ada revelou que fornece cocana para pessoas da classe alta, como empresrios, profissionais liberais e outros, que residem em reas nobres da cidade, circulam com carros novos e freqentam boates e restaurantes de luxo. E o pior de tudo isso que ainda no se chegou ao fim dessa tragdia. (Waldyr Senna o mais antigo e categorizado analista de poltica em Montes Claros. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 17/6/2011 13:18:28 |
O outro lado da serra Waldyr Senna Batista Pelo que se havia divulgado at a semana ada sobre a urbanizao da serra do Melo ( ou do Mel), ficou para o pblico a impresso de que as obras ali j comearam e que a qualquer momento mquinas pesadas entrariam em operao, e transformando a paisagem na regio oeste da cidade, onde se pretende demarcar 3 mil lotes. Essa impresso equivocada, fruto certamente de distorcida divulgao. A implantao do projeto, se forem superadas as resistncias, que s esto comeando, dever ser iniciada dentro de alguns anos. No h ainda nem projeto do que se pretende fazer. O que existe at agora apenas um book contendo fotos do matagal existente no local e imagens virtuais, que esto ilustrando a publicidade divulgada na imprensa nos ltimos dias, alm de levantamento topogrfico que definiu a rea que servir de base para a elaborao do projeto. Outros levantamentos sero necessrios, com pareceres de rgos ligados ao meio ambiente e procedimentos nos nveis federal, estadual e municipal, sem falar em eventuais medidas judiciais que podero arrastar-se por muito tempo. O grupo proprietrio do terreno a ser trabalhado constitudo por quatro empresrios de Montes Claros, que se associaram s empresas Construtora Capara e Patrimar Engenharia, com as quais foi firmado contrato de incorporao. Elas contrataram o arquiteto e paisagista Srgio Santana, de renome internacional, para desenvolver projeto de parque ecolgico, inteiramente enquadrado na legislao vigente, condio, alis, essencial para a aprovao junto aos rgos oficiais. H muito cho e muito papel pela frente. O que se sabe que o empreendimento ser implantado no plat da serra, respeitando a rea de preservao nos dois lados , com recuo de cem metros de cada lado, de tal forma que, no futuro, observada da cidade, no se perceber nenhuma modificao na paisagem. Assim, o pr-do-sol ficar intacto, diz Charles Antnio Veloso Pinto, porta-voz do grupo empreendedor, no contato que manteve com o signatrio da coluna, repetindo expresso usada aqui na semana ada. So dele as informaes de que ainda no h projeto, tudo se resumindo, por enquanto, em coordenadas que balizaro o projeto. Ele afirma que no se justificam as preocupaes de ativistas ambientais, de que a interveno pretendida aumentar os riscos de deslizamentos semelhantes aos ocorridos recentemente na regio serrana do Rio de Janeiro, porque o projeto manter intocadas a encosta da serra e grande rea de chapada, que ser transformada em parque de uso pblico. Nas ruas e outras reas de circulao, em vez de asfalto, sero usadas rochas, que garantiro a permeabilidade do terreno. Segundo o representante do grupo empreendedor, so compreensveis os temores de ecologistas, registrados ultimamente, quanto preservao da rea. Mas eles logo sero esclarecidos, porque o empreendimento atender a todos os requisitos de proteo da natureza, at porque, se assim no for, ele se inviabilizar, comercial e socialmente, alm de contrariar a concepo dos tcnicos e empresrios envolvidos no trabalho. A proposta vem sendo objeto de manifestaes h meses, mas o debate ampliou-se depois que esta coluna se ocupou do tema na semana ada. Isso foi bom, porque mostrou o outro lado da questo, com os incorporadores divulgando seus planos, prestando informaes e reforando as juras de bom comportamento ecolgico.Resta saber se os preservacionistas, que so contrrios ao projeto, se deram por satisfeitos. Isso s eles podem dizer. Assim, a pergunta foi dirigida ao mais atuante deles, Ster Magno Carmo, que respondeu de pronto: No satisfez e no mudou nada. Estamos e continuaremos contra esse projeto, que prejudicial cidade e sociedade. Iremos at as ltimas consequncias para impedir a concretizao dele. (Waldyr Senna o mais antigo e categorizado analista de poltica em Montes Claros. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 10/6/2011 13:35:36 |
Ameaa que vem da serra Waldyr Senna Batista Em julho de 2010, a Cmara Municipal aprovou projeto do Executivo, que se transformou na lei 4243, introduzindo mudanas na lei 4198, de uso e ocupao do solo. Pela nova lei, foi ampliado o permetro urbano, que ou a abranger 136 milhes de metros quadrados. Os vereadores aprovaram o projeto praticamente sem ler, e, se houve quem se deu esse trabalho, certamente no entendeu nada, por se tratar de matria para especialistas, tantos so os nmeros, as siglas, os azimutes e as coordenadas. Mas eles poderiam ter contratado assessoria tcnica profissional, ou apelado a rgos estaduais e federais do ramo. E a Prefeitura, por seu turno, no cuidou de obter licena ambiental, antes de enviar a matria Cmara. Na atualidade, rgos ligados proteo do meio-ambiente tm de ser ouvidos nesse tipo de assunto. A ampliao do permetro urbano prerrogativa dos prefeitos e eles a propem a fim de acompanhar ou incentivar o crescimento das cidades e tambm de olho na melhoria da arrecadao de impostos, o que em princpio vlido. No caso da lei aprovada em 2010, sem que tenha havido divulgao, v-se agora que houve o propsito de acolher interesses de empreendedores imobilirios, com a incluso de terrenos localizados a oeste da cidade, alto da Serra do Mel (parece corruptela de Serra do Melo, tradicional denominao). Ali, as construtoras Capara e Patrimar pretendem demarcar 3 mil lotes, a serem ofertados ao preo unitrio de R$ 100 mil, o que significa negcio de, no mnimo, R$ 300 milhes. Foi a esse projeto que o prefeito Luiz Tadeu Leite se referiu em mensagem comentada aqui na semana ada, como sendo de grande importncia para a cidade. O plano prev tambm condomnios de luxo no alto da serra. Os levantamentos topogrficos j esto sendo feitos e o empreeendimento, a longo prazo, mudar o cenrio da cidade ao sol poente. Porm, a iniciativa no tem nada a ver com a poesia do por-do-sol. Ela ocupar cerca de 14% da rea expandida do permetro urbano, proximidades do parque municipal da Sapucaia, que foi a primeira interveno naquela parte da serra. O projeto imobilirio em incio de implantao despertou a ateno de ambientalistas e preservacionistas, que se pam nas ruas e foram aos veculos de comunicao em protestos que contam com a cobertura de pelo menos trs entidades internacionais. Eles entendem que a operao produzir danos ecolgicos e representa ameaa real para a cidade que cresceu ao sop da serra. Ster Magno Carmo, da ong Organizao Vida Verde, um dos lderes da campanha, afirma que no se trata de mera possibilidade, os prejuzos j esto acontecendo. A destruio da avenida Vicente Guimares a prova disso: ela desmoronou durante temporal no dia 2 de novembro de 2010 devido a falhas cometidas quando da implantao da praa dos Jatobazeiros. Naquela noite, choveu em excesso na cabeceira do rio Vieiras, provocando inundaes no bairro Morada do Sol e adjacncias, represando gua na avenida. Ele prev a repetio de desastres da espcie at em maiores propores, se for consumada a urbanizao da Serra do Melo, porque o asfaltamento de ruas e avenidas e a destruio da vegetao impediro a absoro das guas de chuvas, que se dirigiro para a parte baixa da cidade e levaro tudo de roldo. Naquela rea situam-se a bacia hidrogrfica do rio Vieiras e as sub-bacias dos rios Carrapato, Gameleira, Porcos, Bicano, Pai Joo e Vargem Grande. O ambientalista cita como parmetro a tragdia ocorrida, no final do ano ado, na regio serrana do Rio de Janeiro, que destruiu milhares de casas e matou centenas de pessoas: No queremos interferir no desenvolvimento de Montes Claros, mas estamos conscientes de que o mesmo poder acontecer aqui. As condies topogrficas, a qualidade do solo e os tipos de rocha so diferentes , mas os efeitos negativos podero ser semelhantes, diz ele. A advertncia est sendo feita. Resta saber se ainda h tempo de evitar a tragdia que poder vir da serra, porque o projeto avanou muito sem que a populao tenha sido prevenida. Cerca de 120 mil pessoas residem na rea de risco. (Waldyr Senna o mais antigo e categorizado analista de poltica em Montes Claros. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 3/6/2011 15:08:27 |
O placar da autoestima Waldyr Senna Batista A expresso crise de autoestima, utilizada aqui na semana ada, referia-se istrao pblica municipal. Uma forma sutil de dizer que ela ainda no mostrou a que veio. Mas o prefeito Luiz Tadeu Leite, intencionalmente ou no, interpretou-a em sentido amplo, e, para contest-la, alinhou exatos dez procedimentos, em andamento ou em preparao, para provar que Montes Claros nunca esteve to motivada, com a autoestima nas alturas. No seu declogo, ele condena o que classifica como pessimismo do autor e alinha comentrios aqui reproduzidos resumidamente: 1) a cidade a terceira maior geradora de empregos em Minas Gerais, superando at Juiz de Fora e Contagem; 2) ela vai ganhar novo terminal de ageiros e cargas no aeroporto local; 3) poder ser pr-selecionada como sub-sede da Copa de 2014; 4) grandes empresas esto se instalando na cidade, criando milhares de empregos; 5) o setor de construo civil atingiu o pleno emprego; 6) quatro novos condomnios de alto nvel esto sendo implantados, alm de doze novos conjuntos habitacionais; 7) hotel de rede internacional est em fase de concluso e grandes lojas de departamento esto se instalando; 8) nos segmentos de educao superior e de sade, Montes Claros tornou-se referncia regional; 9) a Prefeitura est fazendo o dever de casa, promovendo o maior concurso pblico, fazendo crescer as receitas prprias do municpio e alavancando verbas federais; 10) a cidade o segundo eixo rodovirio do Pas, tem a maior fbrica de insulina da Amrica Latina e a maior fbrica de leite condensado do mundo. Tudo isso verdade. Mas h um componente comum a todas as aes citadas: das dez, apenas uma ( o concurso pblico) de iniciativa da Prefeitura. As demais so patrocinadas pelo setor privado, o que no chega a ser novidade, pois, historicamente, esse segmento em Montes Claros sempre esteve anos-luz frente do setor pblico, o que explica a pujana da cidade. A grande movimentao dos dias atuais, portanto, no seria mrito da atual istrao, se foi essa a inteno do prefeito ao fazer a sua apreciao. Ao contrrio, h motivos para se temer que a superposio de tantos melhoramentos pressione a expanso demogrfica e exija mais dos equipamentos urbanos. O sistema de trnsito, j beira do colapso, sofrer diretamente as consequncias dessa suposta fase de crescimento no planejado. Nessa rea , a atual istrao est colhendo derrota, pois no se conhece qualquer proposta consistente dela para soluo do problema, que se agrava sempre. Ela tem se limitado instalao de semforos em pontos crticos, alguns com acerto, como nos casos dos aparelhos colocados nas proximidades do Parque de Exposio e do 10 Batalho. Mas, semforos so como aspirina para paciente em estado terminal. O mais preocupante no sistema de trnsito da cidade a no criao de espaos para acolher cerca de 700 carros novos postos a circular nas ruas estreitas todos os meses. So 8.400 por ano, que se somaro aos 150 mil j existentes, disputando espaos com motocicletas, bicicletas e at carroas. Todo esse emaranhado produz cenrio pouco digno de cidade que almeja ser sub-sede da Copa do Mundo. As duas istraes anteriores ( Jairo e Athos) realizaram obras importantes nessa rea, com implantao de avenidas e recuperao de ruas centrais. A atual se propunha a minorar o dramtico congestionamento da avenida Joo XXIII, mas, ao que tudo indica, resumir sua ao na aquisio de projeto mirabolante e inexequvel. H duas grandes obras paralisadas, as marginais do Pai Joo e do Bicano. A letargia do poder pblico que gera a crnica crise de autoestima predominante na cidade. A arrecadao da Prefeitura insuficiente at para a manuteno da sua pesada estrutura, o que a faz dependente de recursos externos at para tapar buracos na pavimentao, cujo prazo de validade est vencido h muito tempo. E se a conversa derivar para a insegurana pblica, com o placar de 42 execues sumrias em cinco meses, no haver autoestima que resista. (Waldyr Senna o mais antigo e categorizado analista de poltica em Montes Claros. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 27/5/2011 14:41:44 |
Dever de casa Waldyr Senna Batista Nessa questo da montadora de automveis BMW, jamais se saber com segurana quem de fato deu com a lngua nos dentes, rompendo a clusula de confidencialidade que integrava o acordo da empresa com o Governo do Estado. A secretria Dorotheia Werneck responsabiliza o prefeito Luiz Tadeu Leite pelo deslize e ele jura inocncia, de ps juntos. Mas, a esta altura, ser irrelevante apontar culpados, pois a eliminao de Montes Claros nessa disputa irreversvel. Pode servir apenas como dura lio de que, conforme o antigo brocardo, o segredo ainda a alma do negcio. O prejuzo ser grande para o Estado e maior ainda para o municpio, embora no se tratasse de fato consumado e, sim, de lista que aria pelo confronto com outras ciddes e intensa guerra fiscal. Entretanto, se servir de consolo, s o fato de ter figurado na lista depe a favor da cidade. Para Montes Claros, que atravessa crise de autoestima, a instalao aqui de montadora de automveis, com sua incalculvel capilaridade, seria a salvao da lavoura. A fase to negativa, a dezenove meses do trmino da istrao (a contagem regressiva j comeou), que a Prefeitura se apega a aes que, em situao mais favorvel, seriam contabilizadas na coluna de rotineiras. Como a fase de mar baixa, at a retomada da operao tapa-buracos tem sido destaque, com releases distribudos imprensa. O mesmo aconteceu com a apresentao do projeto de urbanizao do Feijo Semeado, onde se pretende construir conjunto habitacional que, de concreto, s tem a maquete, que, publicada nos jornais, impressionou pelo belo colorido. Estranhou-se que a caprichosa poda de rvores nas ruas centrais no tenha tido igual tratamento, que seria merecido por ter arejado a paisagem. Compreende-se, assim, por que a cogitada possibilidade da instalao da BMW tenha produzido tanto frisson, ao ponto de a notcia ter fugido ao controle, sendo festejada com entrevistas coletivas e referncias entusisticas, aqui e em Belo Horizonte, da se depreendendo que o Governo do Estado acaba tendo parcela de culpa. Seria a notcia do sculo, como o historiador Hermes de Paula classificava a chegada dos trilhos da Central do Brasil, nos idos de 1927, que deu a Montes Claros o status de cidade importante; e, na segunda metade do sculo ado, com o advento da Sudene, que a elevou ao patamar de cidade industrializada, do que ficaram como prova grandes empresas no Distrito Industrial. A ferrovia est virtualmente paralisada, limitando-se a inexpressivo volume de transporte de carga; e a Sudene foi sumariamente desativada. Mas nova fase positiva est despontando, com a anunciada explorao do gs natural no vale do So Francisco e a extrao do minrio de ferro na regio do rio Pardo. Esses dois empreendimentos que, apesar de relativamente distantes, provocaro reflexos em Montes Claros, por ser ela a mais importante cidade do Norte de Minas. Alijada da disputa pela BMW, devido a incontinncias verbais, e, entre outras coisas, por falta de sangue frio, cabe agora ao Governo do Estado e prpria istrao municipal aproveitar esse novo fluxo. No caso, a disputa se processar com o Estado da Bahia, devido proximidade das jazidas do minrio, tendo como principal e o porto de Ilhus; e dos campos de gs, graas s facilidades de navegabilidade do rio So Francisco em territrio baiano. Montes Claros dever usufruir dos reflexos a serem produzidos pelos dois empreendimentos. Porm, ter de fazer o dever de casa, sob pena de explodir por no ar o violento impacto da esperada demanda urbana e social. Nas condies atuais, o que seria a grande noticia deste sculo, poder transformar-se em desastre. (Waldyr Senna o mais antigo e categorizado analista de poltica em Montes Claros. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 20/5/2011 16:03:50 |
Em busca do equilbrio Waldyr Senna Batista O vereador Claudinho da Prefeitura tem usado a tribuna da Cmara Municipal para denunciar a situao irregular da Prefeitura em relao ao Instituto Municipal de Previdncia Social (Previmoc). Ele fala e poucos lhe do ateno, embora o assunto seja de extrema importncia. A atual istrao deixou de pagar parcelas de dvida negociada por istraes anteriores, que se encontravam praticamente em dia (apenas duas parcelas vencidas) e no recolheu as contribuies do seu perodo referentes parte patronal e que descontada dos salrios dos servidores. Essa inadimplncia pe em risco o equilbrio atuarial do Previmoc e cria situao preocupante no s para os j aposentados como tambm para os funcionrios que almejam alcanar o benefcio. Os dbitos agora negociados referem-se ao perodo de 31 de janeiro de 2009 a 31 de dezembro de 2010, sem considerar o saldo devedor anterior. Tudo somado e corrigido pelos ndices oficiais gira em torno de R$ 20 milhes. As denncias do vereador vm de ser confirmadas agora com a remessa de dois projetos de lei, que tramitam sob os nmeros 57 e 58, nos quais a Prefeitura prope saldar a dvida em 240 parcelas mensais (20 anos, portanto), no que se refere parte patronal, e em 60 prestaes (5 anos) a parte relativa aos servidores de cujos vencimentos ela descontou a contribuio e no recolheu. Em termos previdencirios, esse procedimento tem a incmoda denominao de apropriao indbita, e disso que o vereador est falando. Os parcelamentos pretendidos tm por base lei federal, e no h hiptese de os vereadores deixarem de aprov-los, sob pena de inviabilizar a istrao, que necessita do certificado de regularidade para levantar recursos junto ao governo federal. Como a arrecadao prpria da Prefeitura insuficiente para a realizao de obras, o suprimento estadual e federal constitui a nica forma de sobrevivncia. Essa situao reabre a discusso sobre a criao da previdncia nos municpios. Tudo leva concluso de que no foi uma boa medida, porque a maioria das prefeituras usa o rgo como uma espcie de caixa de emergncia, a que recorrem sempre que se veem em dificuldades. Em Montes claros, esta no a primeira vez que esse procedimento adotado. H tempos, houve at caso em que ele se deu de forma ilegal, mediante edio de decreto e no de lei aprovada pela Cmara. Na ocasio, Prefeitura no restava alternativa para tapar rombo nas suas finanas e fechar as contas do exerccio, porque no havia dilogo com a maioria dos vereadores da poca. No o caso de agora, em que a istrao desfruta de folgada maioria. Mesmo assim, preocupa essa nova operao proposta pela Prefeitura, que tem como consequncia a fragilizao continuada do Previmoc, que vai receber a conta-gotas, ao longo de vinte anos, recursos que devia ter recebido de imediato. A receita est sendo protelada, corrigida precariamente, enquanto a tendncia de crescimento paulatino do nmero de pretendentes aposentadoria. A clientela envelhece, a demanda aumenta e os recursos, ao que parece, no acompanham esse processo. (Waldyr Senna o mais antigo e categorizado analista de poltica em Montes Claros. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 13/5/2011 15:20:17 |
Mais vereadores Waldyr Senna Batista A discusso sobre a nova formatao da Cmara Municipal para a prxima legislatura vai chegar ao bvio, previsto desde o incio: ela se compor de 23 membros, acrscimo de 8 em relao ao quadro atual. Isso no significa que, com esse nmero, a Cmara ir prestar o servio de qualidade que a atual no preste. Sero 23 vereadores porque a lei permite e porque, desta forma, atende-se crescente demanda de aspirantes funo, que proporciona salrio generoso, duas reunies semanais, gabinete bem equipado e com quadro expressivo de assessores, status e logstica completa. Na prtica, quase um comit a servio da reeleio do seu titular, por conta do contribuinte. Afirma-se que a discusso em curso a forma legtima de auscultar o povo antes da adoo da mudana. Mas s reunies supostamente com essa finalidade, o que menos se v povo. Comparecem vereadores em pequeno nmero, alguns ex-vereadores e candidatos que no lograram xito em eleies anteriores e esto ansiosos por nova oportunidade. Todos, pessoalmente interessados no assunto. O acrscimo a ser decidido vantajoso para os pretendentes, considerando-se o sistema de voto proporcional, que permite que o eleitor vote em um candidato e eleja outro, que ele no sabe quem . Com 15 cadeiras, a disputa tem sido acirrada; com 23, cada partido poder lanar mais candidatos, e favorece os atuais vereadores, que, teoricamente, contam com razovel acervo de votos por j estarem no exerccio do mandato, gozando de visibilidade e maior participao no bolo que se formar para a fixao do chamado coeficiente eleitoral. Um ou outro, entre os nefitos, poder surpreender, atropelando quem no tenha tido bom desempenho no decorrer do mandato. No entanto, como as cadeiras a serem preenchidas sero mais numerosas, as chances de eleio crescem. Os atuais vereadores so francos favoritos. Essa, por sinal, a maneira mais legtima de avaliao dos representantes do povo: o voto popular. Que, no entanto, no seletivo, no sentido de melhorar o nvel da representao. Ao contrrio, segundo dizia o velho bruxo da poltica brasileira, o deputado Ulysses Guimares, a prxima Cmara sempre pior do que a atual. Exemplo disso a que a est, produto de ampla renovao, mas cujo nvel deixa muito a desejar, mesmo quando comparada s do ado remoto, compostas por pessoas de baixa escolaridade. Eles diferiam dos atuais vereadores porque tinham representatividade partidria e eram dotados capacidade de liderana. Os atuais falam em nome prprio e no dos partidos a que pertencem. Sintomaticamente, a queda de qualidade ocorreu a partir de quando o mandato ou a ser remunerado, alis, regiamente remunerado, ao ponto de se colocar entre os melhores empregos do Pas. Antes, havia esprito pblico, agora, o objetivo principal so as vantagens pessoais. Sob esse aspecto, a lei que permite a ampliao de vagas nas cmaras municipais teve ao menos o mrito de limitar os gastos, estabelecendo percentual sobre a receita prpria do municpio a ser destinado ao custeio das casas legislativas. No mximo 5%, sejam quais forem o nmero de componentes e as mordomias que eles se atribuem. (Waldyr Senna o mais antigo e categorizado analista de poltica em Montes Claros. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 6/5/2011 15:35:36 |
O Rio de Janeiro aqui Waldyr Senna Batista Montes Claros est cada vez mais parecida com o Rio de Janeiro, infelizmente s naquilo que a bela capital fluminense tem de abominvel. Como, por exemplo, na escalada do crime. At a semana ada, faltava aqui o registro de ocorrncia de assalto a mo armada seguido de morte. No falta mais. Ocorreu em pleno centro da cidade, sol a pino, quando egresso do Carandiru e trs comparsas com registros policiais, um deles empunhando revlver, o acionou contra empresrio que se dirigia a agncia bancria, porque ele reagiu, conforme a cnica expresso do frio criminoso. A gangue dispunha de carro e de moto e era monitorada com uso de celulares. A vtima deixou viva, um filho de pouco mais de um ano e outro por nascer. Esse crime eleva para 32 o nmero de homicdios praticados na cidade nos primeiros quatro meses do ano, mdia de 8 por ms. O dado positivo a ressaltar nessa tragdia foi que, desta vez, a Polcia conseguiu prender trs dos quatro integrantes da quadrilha, momentos aps o crime. Para completar a semelhana com o Rio de Janeiro, fica faltando agora assalto a banco. Este, segundo parecer de um especialista, tecnicamente invivel, devido s ruas estreitas e tortuosas da cidade, que impediriam a fuga. O parecer de um assaltante, preso h tempos, explicando por que no age em Montes Claros nessa modalidade de crime. Ruas estreitas tm ao menos essa serventia... A cidade vive um drama nessa questo. Os ndices de assassinatos registrados nos ltimos anos coloca-a entre as mais violentas do Pas, apesar de estatsticas amenas divulgadas pelas autoridades policiais. No entanto, a Organizao Mundial da Sade, rgo patrocinado pela ONU, estabelece como tolervel o ndice de 10 homicdios por grupo de 100 mil habitantes. Com 355 mil habitantes, segundo o censo do ano ado, Montes Claros alcanaria 36 homicdios s no final deste ano. Mas, decorridos apenas quatro meses, est com 32, com possibilidade de chegar aos 100, se mantiver a mdia mensal de 8 mortes. Segundo a OMS, ndice superior a 10 por 100 mil habitantes caracteriza epidemia. Mais do que isso, a classificao a a ser fora de controle. A situao to alarmante e evidente, que no seria necessrio apelar para a OMS a fim de constatar que a situao da criminalidade em Montes Claros gravssima. Basta verificar a conduta de autodefesa dos moradores da maioria dos bairros, que vm procurando se proteger com a instalao de dispositivos cada vez mais ostensivos: comearam com a construo de muralhas e instalao de grades, vindo depois dispositivos eletrnicos que vo de cercas eltricas a alarmes e, ultimamente, rolos de arame farpado sobre as muralhas. Com essa espcie, que nos ltimos dias tem proliferado, os moradores mostram que renunciaram ao belo, ao esttico e ao bom gosto em nome da segurana. At onde isso ir parar, no se sabe. Tudo acontece apesar de as autoridades policiais disporem de instrumentos apropriados para reforo da segurana. Tem havido ampliao do contingente, inclusive com a criao de um segundo batalho, uso de helicptero, rede de vigilncia eletrnica(olho vivo), patrulhamento constante, implantao de guaritas em bairros, construo de novo presdio e tudo o mais que seria de desejar para o atendimento de situao crtica. Mas o problema agrava-se cada vez mais. No final do ano ado, circulou na cidade lista com o nome de 17 pessoas que estariam marcadas para morrer. A notcia foi divulgada por jornal de Belo Horizonte e confirmada pelo promotor Henry Wagner Vasconcelos, da Comarca de Montes Claros. Houve certa apreenso, j desfeita, considerando-se que o nmero de homicdios praticados na cidade, daquela data at agora, foi de quase o dobro dos previstos na lista. Isso no deixa dvidas de que, infelizmente, o Rio de Janeiro aqui. (Waldyr Senna o mais antigo e categorizado analista de poltica em Montes Claros. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 29/4/2011 15:44:10 |
Boi de piranha Waldyr Senna Batista Em longo arrazoado divulgado pela internet (montesclaros.diariomineiro.net), o prefeito Luiz Tadeu Leite defende a prerrogativa dos gestores pblicos para ampliar receitas, sem o que estaro impossibilitados de realizar obras. Referia-se ao reajuste da taxa de coleta de lixo, cujos valores considera que eram ridculos e que foram atualizados com base em ndices que o contribuinte classifica como exorbitantes. Certamente porque o foco de sua exposio fosse o aumento de impostos e taxas, o prefeito no se referiu a outra modalidade importante, quando se trata de otimizar as receitas, para utilizar o jargo dos tcnicos da rea, que o controle rigoroso de despesas. Esse eficiente instrumento quase nunca levado em conta pela maioria dos gestores pblicos. Se assim fosse, muito provavelmente a atual istrao no teria sido to prdiga na contratao de pessoal e nem com a reforma do ginsio poliesportivo, para apresentaes de um time de vlei que, de Montes Claros, s tem o nome. Fala-se, sem que tenha sido contestado at agora, que o gasto teria sido em torno de R$ 2 milhes, sem contar a quota mensal de patrocnio. Sobre a taxa de lixo, o prefeito atribui a celeuma em torno do assunto m vontade do montes-clarense em pagar impostos. H antecedentes neste sentido, mas tambm existem registros em contrrio, valendo repetir fato ocorrido na primeira istrao do prefeito Antnio Lafet Rebello, que instituiu a contribuio de melhoria como forma de gerar receita para o asfaltamento de ruas. Era discutvel a constitucionalidade dessa cobrana, mas no houve contestao judicial e a arrecadao foi considerada satisfatria. Donde se conclui que o contribuinte no de todo refratrio ao pagamento de impostos, desde que sinta e veja que eles esto sendo utilizados corretamente. Tambm verdade que os gestores da iniciativa privada aplicam com mais cuidado os recursos de que dispem, por motivos bvios. Sabem eles que, sem o equilbrio financeiro, seu empreendimento estar comprometido e poder at inviabilizar-se. E h maior margem para adequao dos recursos, ao contrrio do setor pblico, engessado pelo contingenciamento das verbas. Em ambos, o que deve prevalecer o bom senso na hora de eleger prioridades. O problema, portanto, no de m vontade, mas de confiabilidade. Nas ltimas dcadas, em que a tecnologia evoluiu em todos os setores, inclusive na istrao pblica ( haja vista a eficincia das fazendas estadual e federal), a Prefeitura de Montes Claros no foi capaz sequer de atualizar seu cadastro para a cobrana do IPTU. Limita-se a aplicar percentuais aleatrios para a majorao do imposto, com guias que apresentam as incorrees de sempre, gerando problemas como os de agora, que ela tenta superar concedendo descontos. E quanto mais ela tenta, pior vai ficando. Ao longo de todo esse tempo a cidade mudou, expandiu-se e complicou-se. A modernizao do cadastro, pelo menos, teria de acompanhar essa evoluo (ou mesmo os retrocessos em algumas reas) para evitar essas discusses primrias se repetem na hora de cobrar os impostos municipais. No seu texto, embora tenha itido a precariedade do sistema, o prefeito insiste em dizer que foi tmido o reajuste do IPTU. Tanto assim que, segundo ele, ningum reclamou, enquanto so visveis os focos de insatisfao para com os novos valores cobrados pela taxa de limpeza. Pode ter se repetido com a taxa do lixo o fenmeno que a sabedoria do matuto denominava de boi de piranha: nessa alquota, os reajustes foram to exagerados, que as atenes do contribuinte concentraram-se nela, relegando a plano secundrio o IPTU... (Waldyr Senna o mais antigo e categorizado analista de poltica em Montes Claros. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 15/4/2011 14:10:38 |
O IPTU em questo Waldyr Senna Batista Nem o reconhecimento da falha, atribuda ao cadastro e ao sistema deficientes, nem a reduo linear dos valores, redimem a Prefeitura do erro cometido nos carns de cobrana do IPTU e da taxa de coleta de lixo. Na confeco desses avisos, a margem de erro itida tem de ser zero, possvel de ser alcanada em tempos de informtica e com controle de qualidade rigoroso, pois se trata de procedimento que atinge a parte mais sensvel do corpo humano, que o bolso, segundo a sbia blague do inefvel Delfim Neto. Neste ano, em especial, devido ao fato de a atual istrao estar sob a mira de forte artilharia por causa do seu mau desempenho e buscando tranquilidade para trabalhar. Esse tumulto tudo o que ela no pretendia. Na esperana de safar-se do ataque, ela lanou-se no gesto extremo de aumentar os tributos em ndices acima do normal. A ordem arrecadar para fazer caixa e realizar obras a fim de aplacar a fria dos crticos implacveis. Como o tempo curto para sanar o erro, ela optou pela forma mais simples, de conceder desconto nas alquotas contestadas e ampliar o prazo para quitao do imposto em parcela nica. Mas, para mal dos pecados, a data coincide com a de entrega das declaraes de renda da Receita Federal, que agrava o estresse dos contribuintes. No entanto, se o problema foi de equipamentos e de registro de dados, a simples concesso de descontos sobre os valores lanados pode no ser adequada. O ideal seria a substituio pura e simples de todos os avisos, devidamente corrigidos. No tm sido poucas as manifestaes de insatisfao contra a forma adotada, tendo em vista que houve aumentos muito superiores aos abatimentos concedidos. Na parcela da coleta de lixo, falou-se at em majorao superior a 800%, caso em que desconto de 35% nada representa. Atravessando situao financeira delicada, devido principalmente isso descontrolada de no concursados para atender compromissos eleitorais, a Prefeitura tem lanado mo de intensa publicidade para incentivar o pagamento do IPTU. Para tanto, utiliza at veculos de comunicao de Belo Horizonte, onde no reside nmero expressivo de proprietrios de imveis construdos em Montes Claros. Nessas peas publicitrias so prometidas obras cujos custos superam em muito a arrecadao presumvel do IPTU, que, historicamente, tem inadimplncia superior a 60% e no representa nem o valor de uma nica folha mensal de salrios do municpio. So obras como a retificao do crrego do Cintra, a recuperao da pavimentao de ruas na rea central, a padronizao de eios, entre outras, com base nas quais alardeada uma cidade cada vez melhor. Os recursos para a realizao dessas obras tero de vir do Estado e da Unio, e parecem cada vez mais incertos, uma vez que o foco da presidente Dilma Roussef, por exemplo, o controle da inflao, que exigiu cortes profundos depois do verdadeiro festival de gastos promovido pelo governo anterior. No municpio, seguramente, no haver reajuste de impostos no prximo exerccio, seguindo a antiga tradio em ano eleitoral. Imagine-se o que seria, em termos eleitorais, alvoroo semelhante ao de agora, em abril do prximo ano, quando o atual prefeito estar buscando a reeleio ou apoiando algum. As campanhas comeam exatamente nessa altura do ano. (Waldyr Senna o mais antigo e categorizado analista de poltica em Montes Claros. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 8/4/2011 12:16:02 |
A agonia do hospital Waldyr Senna Batista O secretrio estadual da Sade, Antnio Jorge de Souza Marques, esteve em Montes Claros na semana ada. Veio oficializar parceria com a Santa Casa para construo de hospital especializado em traumatologia, que ter 150 leitos e custar cerca de R$ 50 milhes. O secretrio liberou R$ 1,5 milho para a elaborao do projeto, estando prevista a doao de terreno, no bairro Ibituruna (pelo dono do loteamento) ou na regio norte da cidade (pela Prefeitura). Previso de concluso da obra: em torno de cinco anos. Muito antes disso, possivelmente nos prximos meses, Montes Claros pode vir a perder um hospital que funciona h quase quarenta anos, sem contar com recursos do Governo do Estado. Oferece 300 leitos, tem 600 empregados, corpo clnico de 160 mdicos e sua dvida acumulada de R$ 10 milhes, que aumenta R$ 150 mil, mensalmente. Em 2010, o hospital prestou atendimento a 20 mil vtimas de traumas por acidentes e no recebeu qualquer remunerao. Por ano, am por ali 80 mil pacientes, sendo 72% do SUS, que paga miseravelmente pelos servios: R$ 8,57 o valor da consulta mdica e a diria cobrada no leva em conta medicamentos, custos de hotelaria(almoo, jantar e lanche), alm de outras despesas. Esta, em resumo, a situao do Hospital Aroldo Tourinho, que est ameaado de fechar as portas antes do final deste semestre, se no obtiver ajuda financeira do Estado e da Unio. Seu provedor, Jos Maria Marques, assumiu a funo h menos de dois meses e se confessa desiludido. Revela que a Prefeitura no garante nem os recursos para a manuteno do servio de pronto-socorro do hospital, que obrigao dela. Nas istraes anteriores, foi acertada ajuda financeira para esse servio, fixada em R$ 180 mil, mas a Prefeitura deixou de pagar nove meses, com o dbito totalizando R$ 1,6 milho. Procurado pelo provedor, o prefeito Luiz Tadeu Leite declarou que se dispe a pagar R$ 120 mil/ms, mas a partir de agora, por entender que o que ficou para trs no devido, por falta de contrato formal. Alm disso, para assumir o compromisso, ele exige que o pronto-socorro atenda cinco clnicas, enquanto o hospital s tem condies de atender trs. O provedor tem audincia marcada com o secretrio da sade em Belo Horizonte, nos prximos dias, para expor a desesperadora situao da instituio e provavelmente anunciar seu fechamento. Ele esclarece que, eventualmente, o Estado e a Unio destinam verbas para o hospital, mas para investimentos, nunca para custeio. No oramento federal deste ano consta verba de R$ 2 milhes, destinada aquisio de aparelho de tomografia computadorizada ( emenda do deputado Humberto Souto). Considerando-se a remunerao irrisria estabelecida pelo SUS, a operao do aparelho se torna invivel, pois agrava o dficit crnico do hospital. Por ser uma fundao a entidade mantenedora do hospital, o Ministrio Pblico tem acompanhado de perto sua lenta agonia e poder intervir na tentativa de evitar o pior. A rea de atuao do HAT abrange todo o Norte de Minas e cidades da Bahia, pelo que a paralisao de suas atividades representaria grave prejuzo de ordem social. A referncia feita ao futuro hospital de traumas, no incio deste texto, no deve ser entendida como desaprovao ao empreendimento. Ao contrrio, o funcionamento dele ser benfico, pois ir desafogar os demais hospitais da cidade e possibilitar assistncia especializada s vtimas de acidentes, principalmente. A demanda nesse setor grande e tende a aumentar, devido ao crescimento vertiginoso da frota de motocicletas transitando em ruas cujas condies mais se assemelham a pistas de motocross. (Waldyr Senna o mais antigo e categorizado analista de poltica em Montes Claros. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 1/4/2011 13:06:57 |
Endereo: geraes futuras Waldyr Senna Batista Vamos melhorar o trnsito de nossa cidade. Respeite a sinalizao, diz a Prefeitura em faixas instaladas em vrios pontos. muito pouco para um problema cuja dimenso exige tratamento de choque. So duas frases que sugerem reflexes. A primeira, com mensagem bvia. No h quem no deseje melhorar o trnsito da cidade. Qualquer cidade. Em Montes Claros, especialmente, onde o trnsito constitui o maior problema da populao na atualidade. Acoplada a ela a segunda frase, fica parecendo que a soluo simples: basta obedecer as regras. Mais: sugere que o problema existe porque no se respeita a sinalizao. Ento a frmula mgica : cumpriu, resolveu. E no bem assim. Alis, no assim. Tomara que essas faixas sejam parte de esquema bem mais consistente de educao da populao para o trnsito. Procedimento que, para surtir efeito, precisa ser, alm de amplo, insistente. Mas que, se no vier acompanhado de investimentos em infraestrutura, no levar a nada. Em Montes Claros, defeitos de origem complicam essa babel do trnsito. As ruas foram feitas para carros-de-bois, muito antes do aparecimento do automvel. E as geraes seguintes no tiveram viso ou meios para adapt-las aos ento novos tempos: as ruas continuaram estreitas, sinuosas e com quarteires muito curtos. Isso explica os engarrafamentos cada vez maiores, aproximando-se do caos total, enquanto os responsveis pelo setor insistem em que a soluo apenas instalar semforos em pontos crticos e fazer a inverso de mo de direo nas ruas mais complicadas. A vez agora da avenida Cel. Luiz Maia, no Cintra. So tantas as mudanas que h ruas que j aram pelo processo vrias vezes(Dr. Santos, Dr. Veloso, Cel. Joaquim Costa, Camilo Prates, So Francisco, por exemplo), subindo e descendo, depois descendo e subindo, enquanto o problema mais se complica. Simplesmente porque, subindo ou descendo, as ruas da cidade no comportam a quantidade de veculos que tentam transitar por elas. Isso j foi dito aqui dezenas de vezes, e continuar sendo repetido at que algum se convena de que j ou da hora de medidas paliativas ou apenas de faz-de-conta. Montes Claros vai parar num engarrafamento total e definitivo, no demora muito tempo. A atual istrao at que comeou bem, mostrando-se aparentemente preocupada com o problema do trnsito. Pagou R$ 600 mil ao arquiteto Jaime Lerner, de fama internacional, por projeto que solucionasse o problema. Em vez de projeto de trnsito, o urbanista produziu um plano de urbanizao ambicioso, como se estivesse trabalhando para Curitiba-PR, considerada a cidade brasileira mais bem servida em matria de trnsito(em parte graas a ele mesmo). Mas sua proposta est distante da realidade local, prevendo a expanso do centro, de forma que, como explicou, sua energia se expandir em todas as direes, at abranger toda a cidade quem sabe uma nuvem benfazeja. Ele batizou o plano de acupuntura urbana, que seria barato e eficaz, evitando a prtica de cirurgia radical. No entanto, sem indicar onde encontrar espaos para os devaneios, imaginou veculos cedendo lugar a caladas amplas, com arborizao, paisagismo e mobilirio urbano exclusivo, que inclui at ciclovias, sem esquecer a despoluio visual e sonora e a criao de corredores para uso de veculos de transporte coletivo. Dois aneis dinamizaro a circulao de carros para a interligao de vrias partes da cidade. Tudo planejado para que o trnsito flua com rapidez, diz ele, advertindo: Este plano um compndio para futuras istraes, que certamente ser adotado por futuras geraes. O problema que a cidade precisava de projeto para dois anos atrs. Como o que foi elaborado destina-se a geraes futuras, certamente foi enviado ao destinatrio. Quanto ao trnsito, a Prefeitura permanece no ponto em que sempre esteve: estampando faixas nas esquinas, enquanto as ruas vo se entupindo de carros que infernizam a vida da populao, conclamada a respeitar a sinalizao. (Waldyr Senna o mais antigo e categorizado analista de poltica em Montes Claros. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 25/3/2011 14:01:27 |
Fato poltico Waldyr Senna Batista Talvez seja exagero dizer que a sucesso municipal j est nas ruas. Mas, no seria de todo imprprio itir que, pelo menos, h preliminares em curso com vistas disputa do prximo ano. da natureza do poltico em atividade pensar todo o tempo na eleio seguinte, e agir em funo dela, seja para a conquista de mandato, seja para renovao do que esteja em vigor. O prprio movimento fora Tadeu se inclui nessa categoria. Inegavelmente, ele tem em vista a prxima eleio, pelo que no demorar a surgir algum reivindicando sua paternidade ou procurando tirar proveito dos possveis dividendos polticos advindos das manifestaes, que, pelo que se viu no ltimo sbado, tendem a crescer. Por enquanto, ele frequenta as vizinhanas da clandestinidade. No entanto, trata-se do fato poltico de maior relevncia surgido na cidade nos ltimos tempos, embora estribado em proposta que os puristas reprovam, pois contesta mandato legitimamente conquistado pelo voto popular. O afastamento sumrio do titular desse mandato s se daria mediante uma das trs hipteses: causa natural, renncia ou impichamento. Expulso, pura e simplesmente, em pleno estado de direito, cheira a golpe. O slogan adotado na verdade serve como poderoso grito de guerra, palavra de ordem que busca constranger o prefeito, cuja istrao no tem correspondido. Mas mau desempenho no pretexto para interrupo de mandato. Assim sendo, tudo leva a crer que o prefeito Luiz Tadeu Leite cumprir o dele, a no ser que no resista presso da sequncia de protestos de rua que devero acontecer cada vez com mais frequncia at o incio da prxima campanha. A personalizao da autoria do movimento importante, para possibilitar a avaliao da credibilidade do que ele oferece em termos istrativos. Afinal, seja como for, o atual prefeito cumpre o terceiro mandato e tem retrospecto a apresentar. Ele ser julgado pelo que fez, e pelo que no est fazendo, atravs do voto popular. Porm, a sucesso ter de acontecer mediante propostas consistentes, que garantam mudana para melhor. Quem est por trs do fora Tadeu ser capaz de operar essa transio ? As preliminares at agora conhecidas no indicam quais seriam os caminhos pretendidos pelos que se preparam para disputar a prxima eleio. Ainda cedo para essa definio, embora seja oportuno que ela comece a se delinear. O PCdoB, que no deixou de ser nanico, esteve reunido para a reorganizao do seu diretrio, e firmou posio: pretende reconquistar a nica cadeira que ocupava na Cmara Municipal. Pretenso realista, equivalente expresso desse partido, que sobreviveu queda do muro de Berlin e extino da Unio Sovitica. O PTB pretende voos mais audaciosos. Reuniu-se e anunciou a pretenso de disputar a Prefeitura em faixa prpria. Tem candidato para isso. E o PT, pequeno e como sempre dividido em trs alas, no sabe o que quer. Nem aps os oito anos do lulismo no poder, e pelo menos mais quatro de Dilma, o diretrio local consegue unificar o discurso. Dominado por parlamentares estranhos poltica local, revelou dois possveis candidatos a prefeito, ao mesmo tempo em que a imprensa noticiava a possibilidade de acordo com o atual prefeito para a disputa da reeleio, cabendo aos petistas a vaga de vice. So preliminares que podem levar a nada. Inclusive porque no envolveram, at agora, os principais atores do espetculo, que so: Jairo Atade, Humberto Souto, Gil Pereira, Rui Muniz, Athos Avelino e Luiz Tadeu. A sucesso s comea a ser discutida, de fato, a partir do momento em que estes comearem a falar. So os de sempre, porque o ciclo de influncia deles ainda no se esgotou de todo. At l, haver espao bastante para protestos e eatas, que podem dar em nada, mas, pelo menos, tentam criar fatos polticos. Waldyr Senna o mais antigo e categorizado analista de poltica em Montes Claros. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 18/3/2011 14:08:09 |
Marola e tsunami Waldyr Senna Batista Uma coisa parece fora de dvida: a marolinha no se transformar em tisunami. Pode se tornar, no mximo, em tremor de terra, como o registrado h dias, que ou despercebido maioria da populao da cidade e, na escala Richter, foi de magnitude reduzida. Alis, nem os prprios organizadores do movimento fora Tadeu parece alimentar a pretenso de mobilizar multides. Quando muito, esperam fugir da classificao de meia dzia de gatos pingados. Para isso, vo insistir com novas eatas, agitando faixas, gritando palavras de ordem e tentando ampliar o desgaste poltico do prefeito. Para este sabado, estava programada mais uma manifestao, da srie que se estender at a eleio do prximo ano. Esta , sim, para valer e com nmeros para avaliao do possvel estrago provocado pelos manifestantes. Para o prefeito Luiz Tadeu Leite o campo de manobra estreito. Cabe-lhe fazer de conta que no com ele, defendendo burocraticamente o legtimo direito de livre manifestao de opinio ou procurando mexer-se para injetar algum entusiasmo na sua istrao, que ainda no decolou. O pacote de obras por ele anunciado ontem pode contribuir nesse sentido, embora tenha se limitado a pequenas obras ou repetio de itens que j figuraram em praticamente todas as propostas dos ltimos prefeitos, como o caso da retificao do crrego do Cintra. Faltou o Moco, cujo buraco est completando quarenta anos... A lista mais pareceu plano de ao de istrao que vai comear quando, ados 27 meses do mandato de 48, seria o caso de estar sendo feita prestao de contas de obras realizadas. E, pela extenso do pacote, h dvidas quanto sua viabilidade. O tempo curto, o desgaste tem sido grande e a campanha para a sucesso j est nas ruas. O pacote foi anunciado como Obras e servios prioritrios a serem realizados em 2011 e 2012, mas, na prtica, no so dois anos. Quando muito restam doze meses, pois de 2011 j se foi a quarta parte e 2012 termina em abril, por causa da eleio. Outras medidas por ele adotadas podem ser catalogadas como visando a eleio, como a recomposio do secretariado, que no teve a amplitude anunciada, limitando-se a remanejamento de pessoas, efetivao de interinos e o retorno de antigos auxiliares. Pelo menos dois dos novos secretrios so ligados a grupos que no integram a istrao, mas no consta que tenham sido a ela agregados com o objetivo de ampliar sua base de sustentao. Equivale dizer que a dana de cadeiras efetuada no pode ser tida como preparatria da campanha. O grande transtorno da atual istrao foi a isso (a vrias mos) em massa de servidores, que tiveram de ser demitidos, levando deteriorao do clima poltico. Esses servidores afastados que esto, em grande parte, reforando o bloco fora Tadeu, que no pretende dar trgua ao prefeito to cedo. Para reduzir os efeitos deletrios dele, a nica arma a realizao de obras, como pretende o pacote dado agora divulgao. Mas no basta publicar lista de boas intenes. O que importa executar o que est no papel. Para isso, necessrio muito dinheiro, que foge capacidade financeira da Prefeitura. Teria ela segurana de que o Estado e a Unio lhe daro o e necessrio? (Waldyr Senna o mais antigo e categorizado analista de poltica em Montes Claros. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 11/3/2011 14:36:20 |
Devagar, quase parando Waldyr Senna Batista Se verdade que istrar bem saber eleger prioridades, a Prefeitura de Montes Claros pode estar incorrendo em equivoco ao anunciar a inteno de instalar equipamentos de controle de velocidade de veculos, os chamados pardais. Essa ,seguramente, no a prioridade quando se trata do sistema de trnsito da cidade. Pela m conservao das pistas, tomadas por buracos e lombadas devido execuo de remendos de pssima qualidade, o trnsito em Montes Claros no tem como fluir razoavelmente. A mdia de velocidade dos veculos, salvo em poucos corredores, no deve ultraar 40 km por hora. Nessas condies, o controle eletrnico poder ser de pequena serventia, em que pese o aspecto preventivo elogivel da medida. A avenida Joo XXIII exemplo dessa precariedade. Em quase toda sua extenso, o trnsito devagar, quase parando. Nos momentos de pico, os veculos param, literalmente, desde a ponte da Vila Braslia at as proximidades do semforo de entrada do bairro Santos Reis. E no era para ser assim, desde que a empresa Matsulfur(ento dona da fbrica de cimento) deu de presente cidade avenida de quatro pistas, asfaltada, de sua sede at o trevo do distrito industrial. A Prefeitura no teve competncia e nem disposio para estender a avenida at o centro, o que exigiria desapropriaes vultosas, mas que compensariam qualquer sacrifcio. Hoje, a obra tornou-se inexequvel, devido ocupao desenfreada dos terrenos marginais. No extremo sul, a avenida Cula Mangabeira outro exemplo lamentvel, que atormenta a vida de quem demanda o terminal rodovirio ou o shopping center. So dois empreendimentos que, ao serem implantados, no ltimo quartel do sculo ado, foram tidos como fadados ao insucesso por se situarem em rea despovoada e de difcil o. Hoje, ambos esto praticamente no centro da cidade, que se expandiu sem que as sucessivas istraes percebessem e adotassem medidas adequadas. Especialmente o alargamento da avenida, hoje estrangulada. Na regio leste, a situao no diferente. O trecho da BR-135, que se transformou na avenida Deputado Plnio Ribeiro, tornou-se difcil. A construo de muretas, dividindo as duas pistas, foi importante para disciplinar o fluxo, apesar de ter reduzido a velocidade, ocasionando grandes retenes. H que se melhorar as vias marginais a fim de reduzir a grande concentrao na BR. Esses trs exemplos bastariam para mostrar que, na cidade de ruas estreitas e de traado difcil, a prioridade absoluta so investimentos macios para a criao de novos espaos, sem o que a cidade vai parar num imenso engarrafamento. Afinal, so quase 150 mil veculos, aos quais se somam 500 a cada ms, ou 6 mil a cada ano, disputando espaos com carroas, bicicletas, motocicletas e pedestres, que sempre levam a pior. H planos para a criao de novas reas de escoamento, como a que prev a implantao do anel rodovirio-norte, que ainda nem foi para o papel porque encontrou pela frente terreno da UFMG ( no antigo Colgio Agrcola) e teve de ser redesenhado, com o que j foram consumidos cinco anos. E h tambm obras iniciadas, mas paralisadas, de implantao de avenidas marginais dos crregos Pai Joo e Bicano, que permitiro a interligao com a Jos Correa Machado, a Sidney Chaves e a Deputado Esteves Rodrigues. Sem a conexo, estas deixam de cumprir plenamente sua finalidade. A rigor, o trnsito da cidade s flui normalmente na sada para Francisco S, com a avenida Magalhes Pinto. Obra expressiva, implantada com recursos do Estado, sua manuteno constitui desafio para a Prefeitura, devido aos amplos gramados, numa cidade onde quase no chove. Nela, os buracos ainda no chegaram. Ainda. (Waldyr Senna o mais antigo e categorizado analista de poltica em Montes Claros. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 25/2/2011 07:49:22 |
Para incio de campanha Waldyr Senna Batista Com o manuseio de equipamentos eletrnicos multifuncionais e discretos, no ter sido difcil aos olheiros da Prefeitura mapear a movimentao de participantes dos protestos de rua contra o prefeito Luiz Tadeu Leite no final da semana ada. Cmaras e celulares documentaram a presena, no esquema, de ex-integrantes da istrao anterior e de servidores municipais demitidos recentemente. A reside a origem das manifestaes. Mas a pea mais valiosa foi flagrante da presena de familiar do ex-prefeito Athos Avelino, transitando com desenvoltura na praa Dr. Carlos entre os pouco mais de trinta gatos pingados na manh de sexta-feira. A imagem preciosa reforou a concluso quanto inspirao do movimento Fora Tadeu, embora a presena de recm-demitidos tenha sido tambm acentuada. O protesto teve reprise na manh de sbado, com participao de pblico mais expressivo, variando entre 400 e 4.000, segundo o gosto do fregus. O dedo do ex-prefeito estava sendo percebido desde antes, mediante mensagens eletrnicas expedidas a integrantes do grupo denominado amigos de Athos, na Internet, em que ele recomendava a participao nos protestos e, depois da realizao deles, textos publicados na imprensa e considerados como favorveis ao movimento popular. A s existncia desse grupo significa que, politicamente, o ex-prefeito ainda respira, preparando terreno para disputar a eleio do prximo ano. Para isso, ele tem informado aos seus seguidores que sua inelegibilidade expirar antes de iniciada a campanha. E como ningum pode ser punido duas vezes com base na mesma acusao, ele se considera imune lei da ficha limpa que tolheu seus os na campanha ada, cujos resultados esto pendentes de deciso do Supremo Tribunal Federal, a esta altura irrelevante. No entanto, pode vir a ser prejudicado por alguma das dezenas de aes que seu sucessor vem propondo, sempre que algum seno constatado na papelada da Prefeitura, travando a liberao de recursos destinados ao municpio. Ele se defende como pode, com o que o atual prefeito alcana outro objetivo, que o de faz-lo permanentemente ocupado nos tribunais e nos rgos de fiscalizao do governo federal. So escaramuas que se desenvolvem longe das vistas do pblico, podendo ter efeitos a longo prazo. E agora o ex-prefeito tenta revidar ao apoiar os protestos populares contra seu sucessor, cuja istrao ainda patina, em pleno curso da segunda metade do mandato. Antigos colaboradores do ex-prefeito negam que seja ele o inspirador da campanha Fora Tadeu, mas item que tem havido atuao nos bastidores, de olho nos dividendos eleitorais do prximo ano. Ao que consta, os verdadeiros idealizadores dos protestos seriam grupos populares ligados igreja catlica, discretamente apoiados e incentivados por integrantes ativos da cpula da instituio, fato que jamais ter confirmao. Quanto ao prefeito Luis Tadeu Leite, ele se limitou a comunicados oficiais pela televiso, em horrio nobre, nos quais reconheceu o direito de manifestao e atribuiu o descontentamento a demisses de servidores devido a exigncias legais. Era o mximo que poderia ser feito em face da situao de desgaste, que o deixa carente de respaldo poltico e apegado ao fio de esperana de alguma improvvel obra de apelo popular. Para incio de campanha, uma posio nada confortvel. (Waldyr Senna o mais antigo e categorizado analista de poltica em Montes Claros. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 18/2/2011 14:50:16 |
Quem so os incompetentes ? Waldyr Senna Batista Os adeptos do prefeito Luiz Tadeu Leite, repetindo o que ele dissera no decorrer da semana copiando Lula -, diriam que no ou de marola; os adversrios dele responderiam que os recentes acontecimentos do Egito - cujos smbolos eles copiaram - , que levaram derrubada da ditadura de 30 anos, comearam com pequena manifestao popular em praa da cidade do Cairo, alastrou-se por outros pases rabes e persas e duram at hoje, fazendo tremer nas bases ditaduras poderosas. A manifestao de pequeno porte na manh de hoje, na praa Dr. Carlos, com desfile por ruas centrais e concentrao em frente Prefeitura, alm de buzinao, foguetrio, faixas, cartazes e at vuvuzelas, por ter sido pouco numerosa, no significa que deva ser ignorada pelo prefeito, cuja istrao vem tendo desempenho sofrvel, estando na segunda metade do mandato sem ter conseguido decolar. O prprio prefeito reconhece isso, a se julgar por mensagem que inseridu no twitter, em que promete que Agora nossa gesto vai andar a os largos, porque, diz, Os incompetentes no esto mais por perto o que constitui tentativa de transferir culpas, sem chegar a identificar quem seriam essas pessoas que ele prprio designou para o exerccio das funes. Porm, ele assegura ter resolvido os problemas da sade no municpio e promete que vamos atuar em vrias frentes. Por fim, garante: Logo logo vou anuncair o pacote de asfalto nos bairros. A mensagem do prefeito suscita mais interrogaes do que esclarecimentos, especialmente por deixar de nomear os incompetentes de que ele teria se livrado: seriam ex-componentes do primeiro escalo,aqueles anunciados como as melhores cabeas ao serem convocados, ou estariam entre as centenas de annimos contratados sem concurso itidos no incio do governo? Quanto ao pacote de asfalto nos bairros, ele vem sendo anunciado h vrias semanas, e no dever ser muito diferente do que sempre se viu na cidade, toda vez que se aproxima ano eleitoral, como agora. O pacote ser viabilizado com recursos de financiamento de R$ 24 milhes firmado pela Prefeitura, para pagamento a longo prazo, devendo os servios abranger mais de mil ruas, nos bairros, o que provoca certa apreenso, j que a rea central, tomada pelos buracos e pelos remendos mal feitos, mereceria ateno especial. E teme-se que o servio, por ser to abrangente, deixe de atender aos padres tcnicos indispensveis. Afinal, o emprstimo ser pago por futuras istraes. Fica claro que o atual prefeito vai tentar fazer, nos 22 meses que lhe restam, o que no fez nos 26 que j se foram. Ele fala em vrias frentes de trabalho, certamente sem ignorar que, nesse curto perodo, haver turbulncias que podem comprometer seu propsito de reeleio. Uma delas, o reajuste do IPTU, em ndices que alcanam at 100%. Os avisos de cobrana comearo a ser distribudos em maro. Tanto essa tentativa de melhorar o desempenho istrativo, como a manifestao de impacincia popular, prendem-se ao processo sucessrio do prximo ano. Nele, pouco provvel que o pequeno grupo que saiu s ruas venha a ter assento mesa, quando as conversas forem para valer, porque no representa fora eleitoral convencional. Mas, ser um erro ignor-lo, pois, a exemplo dos rabes e dos persas, pode estar a o incio de uma rebelio. (Waldyr Senna o mais antigo e categorizado analista de poltica em Montes Claros. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 11/2/2011 18:57:22 |
No existe, mas incomoda Waldyr Senna Batista No h crise no setor de sade pblica de Montes Claros; h problemas pontuais, segundo o prefeito Luiz Tadeu Leite. Mas os corredores dos pronto-socorros esto lotados, com pacientes alojados em macas e no cho, espera de atendimento; o nmero de mdicos insuficiente; os postos de sade esto superlotados e neles faltam medicamentos essenciais; h demora de meses para realizao de exames laboratoriais; o pagamento a prestadores de servios feito com grande atraso; e postos de sade e farmcias de bairros tm sido desativados. Ou seja, a crise no existe, mas incomoda bastante. No s por isso, mas especialmente por isso, caiu o secretrio da Sade, Jos Geraldo Drumond, que vinha de longo processo de desgaste. E tentativa de discusso do problema em audincia pblica na Cmara Municipal transformou-se em tumulto, a ela se seguindo o enterro simblico do prefeito nas escadarias do casaro da Prefeitura. Dias antes, em reunio convocada pelo Ministrio Pblico, a situao foi considerada to dramtica, que se falou claramente na possibilidade de ser requerida interveno na Prefeitura, que a gestora dos recursos destinados sade, e cuja atuao foi considerada pouco satisfatria. Estavam presentes representantes de prestadores de servios na rea e componentes do Conselho Municipal da Sade, alm do secretrio que horas depois viria a se demitir, alegando motivos de sade. No rdio, a propsito do assunto, o prefeito fez uso de jogo de palavras para repetir que no h problemas no sistema de sade do municpio, o problema era a sade do secretrio. Certamente deixou de ser, agora que ele foi substitudo. Momentos depois o prefeito designaria o novo titular para a pasta, Geraldo dson Guerra, que, segundo consta, teria sido o quarto cogitado desde meados do ano ado. Ele, curiosamente, sempre se destacou como pea importante do esquema poltico do deputado Gil Pereira, que est rompido com o prefeito . (O deputado, previamente consultado, autorizou seu aliado a aceitar o convite). Em seu currculo consta agem pela direo do Hospital Universitrio, onde realizou trabalho considerado de boa qualidade. Vai ser submetido agora a prova em cenrio que beira a calamidade. H dois anos, durante a campanha eleitoral, ningum poderia imaginar que o setor de sade do municpio pudesse transformar-se nessa geleia geral. A impresso que ento se tinha era de que a istrao dispunha de projeto consistente para o setor. E disso ela at hoje faz propaganda, afirmando que est cada vez melhor. Havia at a promessa de instalao de hospital especial para mulheres, de que no mais se cogitou, a no ser para dizer que se tratava de promessa pessoal da candidata a vice-prefeita, Cristina Pereira, com quem o prefeito est rompido. Quanto questo da complementao de receita aos hospitais Santa Casa e Aroldo Tourinho (R$ 180 mil mensais para cada um), de que aqui se tratou h duas semanas, ela tende a ser absorvida. Na Santa Casa, pelas dimenses da instituio, a falta desses recursos pesa pouco. Mas, no HAT, ela se torna expressiva. De qualquer forma, trata-se de compromisso que no pode ser relegado, at porque consta da lei oramentria do municpio. Isso certamente ser assunto para o novo provedor do HAT, o empresrio Jos Maria Marques Nunes, eleito no incio desta semana, com 20 dos 22 votos da mesa istrativa. Ex-governador do Rotary International, ele ocupou a funo anteriormente, a ela retornando em momento bastante difcil, como nome de consenso. O Rotary foi responsvel pela transformao do HAT, hoje referncia na rea hospitalar, em trabalho comandado pelo empresrio Alexandre Pires Ramos, que est retornando funo de superintendente. A origem do hospital remonta ao tristemente famoso hospital municipal, onde ratos devoravam pacientes. Foi terceirizado na primeira istrao do atual prefeito, que instituiu a fundao mantenedora, a que agora nega apoio. (Waldyr Senna o mais antigo e categorizado analista de poltica em Montes Claros. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 28/1/2011 15:15:05 |
Hospital no pronto-socorro Waldyr Senna Batista O servio de pronto-socorro prestado pelos hospitais Santa Casa e Aroldo Tourinho est beira do colapso. No HAT, a situao mais delicada, tendo-se cogitado at da desativao desse servio, caso a Prefeitura mantenha a deciso de no efetuar a complementao financeira que foi feita nas trs istraes anteriores. A atual pagou apenas trs meses, at agora, alegando que no lhe compete esse encargo. O dinheiro destina-se a completar a remunerao dos mdicos que atendem no pronto-socorro pelo SUS e que exigiram a formalizao do vnculo trabalhista. Ao todo, o dbito da Prefeitura com os dois hospitais seria superior a R$ 2,5 milhes. Dos dois, o mais afetado pela inadimplncia do municpio o Aroldo Tourinho, cuja receita com clientes particulares e convnios mal chega a 30% da receita total. Isso o faz extremamente dependente do SUS, que remunera mal os servios prestados. Mas h agravantes estruturais e conjunturais que afetam o desempenho do hospital nesse setor. Um deles que nenhum dos seus trs ltimos provedores concluiu o mandato, inclusive o vereador Atos Mameluque, que renunciou ao cargo na ltima tera-feira, faltando seis meses . Transferiu a funo para o advogado Leonardo Linhares, que j convocou o corpo istrativo da fundao para a escolha do novo provedor, em fevereiro prximo ( o pessoal da imprensa dormiu no ponto quanto a esta notcia). Essa inconstncia istrativa no HAT agravou-se desde quando um grupo de mdicos achou por bem influir na escolha do provedor do hospital. Lanou candidato, que se elegeu, mas cujo desempenho no teria correspondido, tendo ele se afastado para assumir funes em outra esfera. Ao que consta, os mdicos rebeldes decepcionaram-se e no estariam propensos a repetir a atuao no prximo pleito, o que facilitaria a ao dos apagadores de incndio, que estariam empenhados na indicao de soluo conciliatria. Nela estaria includo o compromisso de soluo para o problema do pronto-socorro, que no pode esperar mais. O quadro nesse setor, tanto no Aroldo Tourinho quanto na Santa Casa, catico, com pacientes deixados nos corredores, amontoados em macas ou atendidos sem as mnimas condies. como se ali estivessem vtimas de calamidades semelhantes s mostradas nos ltimos dias pela televiso no Rio de janeiro, com a diferena de que, aqui, trata-se de acontecimento usual. Quando se lanou na disputa da provedoria, o vereador Atos Mameluque parecia contar com o respaldo da Prefeitura. Mas ele logo entrou em rota de coliso com o prefeito Luiz Tadeu Leite, que apoiou outro candidato Assembleia Legislativa, disputada tambm pelo vereador. Assim, se havia alguma possibilidade de respaldo da Prefeitura nessa pretenso dele, ela deixou de existir, at por que a Prefeitura tem demonstrado que prefere lavar as mos no caso desse hospital. Os nmeros do HAT so pouco animadores, mas ele vivel, apesar do prejuzo de R$ 1,4 milho de seu ltimo balano. Para superar a crise atual, a diretoria que saiu levantou emprstimo bancrio de R$ 2,5 milhes para quitao de folha de pessoal e de outros compromissos imediatos; e a que ser eleita em fevereiro ter de atuar em Braslia para a liberao de verba de R$ 2 milhes, includa no oramento da Unio, para aquisio de equipamentos, embora o problema do hospital seja de recursos para custeio. (Waldyr Senna o mais antigo e categorizado analista de poltica em Montes Claros. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 21/1/2011 13:35:50 |
Terceirizao total Waldyr Senna Batista Para retorno ao tema terceirizao, vale reproduzir registro de Nelson Viana, referente a 20 de janeiro de 1917, no livro Efemrides Montesclarenses: s 8 horas da noite, inaugurada a luz eltrica proveniente da cachoeira do Cedro, idealizada e posta em execuo pelo industrial Francisco Ribeiro dos Santos. Esse deve ter sido um dos primeiros servios pblicos dados em concesso pelo municpio. Esse sistema pioneiro funcionou assim durante muitos anos, at que a iluminao produzida, devido ao crescimento do consumo, tornou-se insuficiente. Mas foi um avano para a cidade. Logo a seguir, veio o Servio de Fora e Luz do Estado, explorando a energia produzida na usina de Santa Marta, que em pouco tempo foi substituda pela Cemig, criada no governo Juscelino. Ela assumiu o servio em meio a sria crise, que culminou com o enterro do governador, em 1952. possvel que, antes da luz do Cedro, tenham sido terceirizados os servios funerrios. Deve haver registros nos arquivos da Santa Casa, que assumiu a tarefa como monoplio, provavelmente como forma de garantir a filantropia, que era a caracterstica do hospital. Hoje, no existem nem o monoplio nem a filantropia, pois, vrias empresas atuam no mercado e, com o advento do SUS, desapareceu a figura do indigente, tendo sido eliminada at a expresso de Caridade da denominao da Santa Casa. O abastecimento de gua tambm era operado pela Prefeitura. No incio dos anos 40, o prefeito Alpheu de Quadros, por gestes do escritor Cyro dos Anjos, ento oficial de gabinete do governador Benedito Valadares, conseguiu com o secretrio das Finanas, Ovdio de Abreu, verba para a instalao do sistema de tratamento de gua, com estao no alto do Morrinho. Isso explica o fato de o secretrio ser hoje nome de avenida na cidade, para estranheza do jornalista Benedito Said. A homenagem pode ter sido exagerada, mas a obra foi um grande avano em termos de saneamento bsico. Mereceu. Mas quando a Prefeitura resolveu livrar-se do abastecimento de gua, criou o servio autnomo de gua e esgoto, que foi substitudo pela Caemc, que deu lugar Copasa, que a est transformada em saco de pancadas da populao pouco afeita a pagar pela gua que consome. A telefonia nasceu terceirizada. O servio foi dado em concesso a Hildebrando Mendes, que o manteve funcionando durante dcadas, at o surgimento da Cia. Telefnica, instituda em forma de S.A. Esta modernizou o sistema e prestou bons servios, at ser absorvida pela Telemig devido a monoplio imposto pelos governos militares para o setor. A Telemig foi encampada pela Telemar, que foi adquirida pela Vivo, que acaba de ser engolida pela gigante Oi, que prima pela prestao do pior servio de atendimento ao pblico de toda a histria da telefonia em Montes Claros. Assim aconteceu com outros setores: o matadouro municipal foi absorvido pelo Matadouro Otany, que saiu do mercado com o surgimento do Frigonorte. Com a falncia deste, o servio regrediu em qualidade, com diversos pequenos abatedouros disputando o espao, alm do frigomato, que domina o setor. Na verdade, uma espcie de terceirizao sem lei, sem contrato e sem rosto, mas que existe e desafia a sade pblica. O processo parece no ter fim. A Prefeitura continua transferindo a terceiros o que atribuio dela. Obras, ela h muito no executa diretamente: a-as para a iniciativa privada mediante licitaes; transporte coletivo sempre foi explorado mediante concesso; o controle de trnsito esteve entregue Polcia Militar e ou a empresa pblica municipal; at a merenda escolar foi entregue a terceiros; a coleta de lixo teve 30% transferidos a grupo especializado que veio de fora e acaba de adquirir fazenda para nela manipular os rejeitos; a terceirizao da rodoviria est a caminho; e, de tanto ouvir falar nisso, um vereador achou por bem sugerir na Cmara a terceirizao das estradas rurais, o que leva presuno de cobrana de pedgio, que seria um desastre, principalmente eleitoral (tudo leva a crer que ele pretendia a contratao de mquinas de terceiros para os consertos). Resumo da pera: ao final, ainda sobram para a Prefeitura os setores de educao e sade, que alis vo muito mal, alm dos servios burocrticos, porque, afinal, algum tem de bater carimbos. Se assim for, para que servir esse exercito de funcionrios mantidos pela Municipalidade? (Waldyr Senna o mais antigo e categorizado analista de poltica em Montes Claros. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 14/1/2011 14:09:59 |
Em respeito aos mortos Waldyr Senna Batista Com a terceirizao de parte do servio de coleta de lixo e da pretendida transferncia da explorao do terminal rodovirio para a iniciativa privada, surge a oportunidade de estudar a convenincia de estender a medida (ou assemelhada) a outros setores. O critrio para a terceirizao tem sido o de suprir a deficincia do setor pblico em reas que lhe so afetas. Funcionou mal, terceiriza-se. E h inmeros servios nessa situao. Um deles o cemitrio municipal, em que no se aplica a frmula da terceirizao, pois ele encontra-se com sua capacidade esgotada. No haveria como vender espaos para custear sua manuteno e ampliao. Mas talvez fosse possvel a criao de incentivos que atrassem grupos privados na criao de novos cemitrios. As pssimas condies em que se apresenta o cemitrio do Bonfim constitui verdadeiro desrespeito s pessoas ali sepultadas e s famlias delas. Com as chuvas dos ltimos dias, a rea inteira transformou-se em matagal, que impede at a viso das placas indicativas, sem falar em outros inconvenientes. Mas a chuva alegao pouco consistente, j que a aparncia de abandono ali permanente. O cemitrio s recebe alguma ateno da Prefeitura em vsperas do dia de Finados. No restante do ano, s se percebe sinais localizados de zelo pela presena de pessoas contratadas por famlias para cuidar das sepulturas. Esse trabalho envolve dezenas de homens e mulheres, que se queixam de limitaes impostas principalmente quanto ao o gua para irrigao das plantas. Eles so obrigados a percorrer grandes distncias repetidas vezes empurrando carrinhos de mo at o ponto de abastecimento. Caberia istrao do cemitrio facilitar as coisas, instalando outras torneiras, mas ela parece no ter autonomia para tanto, porque cabe Prefeitura o pagamento da conta. Depende de autorizao superior, que no se sabe se foi solicitada. Quanto ao problema do esgotamento da rea para sepultamentos, a Prefeitura est desapropriando terreno na localidade de Toledo, a dez quilmetros ao norte do centro da cidade, onde existe cemitrio cujas condies so precrias. A rea, na regio rural, poder atender a demanda da cidade durante alguns anos, com a vantagem adicional de no provocar resistncias da vizinhana, j acostumada a esse tipo de empreendimento. Mas h o inconveniente da distncia, que transformar qualquer sepultamento em viagem (a ltima viagem, para o falecido...). Tudo isso vem a propsito das dificuldades que a Prefeitura enfrenta para solucionar o problema do cemitrio, onde no existem mais espaos disponveis para a mdia diria de seis sepultamentos. Nos grandes centros, esse problema foi minimizado com a criao de cemitrios particulares, em que as pessoas adquirem parcela, preparando-se para o inevitvel. Em Montes Claros houve iniciativa mal-sucedida nesse sentido. Famlia proprietria de terreno ao lado do cemitrio do Bonfim implantou projeto de cemitrio moderno, denominado Jardim da Esperana, com infraestrutura completa, composta de velrio, sala para repouso de familiares, estacionamento, lanchonete e capela. Mas a receptividade no correspondeu, resultando em terceirizao ao contrrio: o municpio incorporou o novo cemitrio ao seu, mediante permuta de imveis. Essa municipalizao permitiu protelar por algum tempo o problema da saturao do cemitrio, que chegou agora ao ponto crtico. A Prefeitura, em respeito aos mortos, deveria avaliar se a formula dos cemitrios particulares pode de alguma forma contribuir para minorar o problema, mediante incentivos para atrair empreendedores. Seria medida paliativa, mas melhor do que medida nenhuma. (Waldyr Senna o mais antigo e categorizado analista de poltica em Montes Claros. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 7/1/2011 13:35:59 |
Pacto difcil Waldyr Senna Batista Cumpridos dois anos de mandato, o prefeito Luiz Tadeu Leite mudou sua avaliao a respeito dos tributos municipais. Na semana ada, a propsito de comentrio aqui feito sobre o reajuste de impostos por ele proposto, que em alguns casos ser de cem por cento, ele escreveu: Ora, como historicamente os impostos em Montes Claros so de valores insignificantes, ridculos at, o que esperar de arrecadaes pfias, quando toda a moderna istrao pblica recomenda aumento de receitas prprias, para possibilitar a construo de obras e a prestao de servios de qualidade populao?. No era o que ele pensava h pouco mais de dois anos. No debate na televiso, encerrando a campanha em que se elegeu, provocado pelo ento prefeito Athos Avelino, candidato reeleio, que o acusou de no pagar impostos devidos Prefeitura, ele respondeu mais ou menos nestes termos: Os impostos em Montes Claros so muito elevados. Pago os que considero justos. Quanto aos demais, estou discutindo. Apesar de sua larga experincia com microfone e demais instrumentos de comunicao, o ento candidato foi colhido de surpresa e se embaraou. Poderia ter reagido fazendo aluso ao que constitua flagrante infrao do sigilo fiscal a que todo contribuinte tem direito, mas acabou acolhendo a provocao. Respondeu contrariando o que se sabe ser sua posio desde o exerccio do primeiro mandato, quando fez aprovar cdigo tributrio que elevou os impostos municipais a nveis que s um com altssimos ndices de popularidade poderia ousar, como era o seu caso na poca. (Registre-se, a bem da verdade, que o prefeito regularizou sua situao com os cofres municipais, na vspera de tomar posse). Mudar de opinio nem sempre condenvel. Darcy Ribeiro, em entrevista ao O Jornal de Montes Claros, repetindo Paulo Freire, afirmou que no tenho compromisso com minhas idias, itindo contrari-las sempre que algum o convencesse. O prefeito, de forma cordial, critica o signatrio desta coluna pela persistncia em condenar reajustes de tributos. E indaga qual seria, na opinio do jornalista, qual seria o momento adequado para a adoo da medida istrativa. O que inspira o posicionamento contrrio ou favorvel a reajustes de impostos a percepo de que os recursos arrecadados estejam sendo aplicados em causas nobres. Isso vale para todos os nveis da istrao pblica. No Brasil, excetuada uma dezena, se tanto, os prefeitos tm o pssimo costume de quitar compromissos eleitorais s custas do contribuinte, relegando at o atendimento de servios bsicos. Nestes casos, aumentar impostos no justo. A Prefeitura de Montes Claros, ao final da istrao anterior, tinha oito mil servidores. Com pouco mais da metade disso, ela possivelmente funcionaria melhor, quando nada por ensejar ganho de espao para se trabalhar no casaro que ocupa. Pois a nova istrao, em seus primeiros dias, elevou esse nmero acima de dez mil funcionrios, mediante contrataes procedidas por vrias mos, segundo expresso do atual chefe de Executivo, que, mergulhado em srie crise, tenta super-la com a no renovao de centenas de contratos que esto vencendo. O problema, efetivamente, menos de falta de dinheiro e muito mais por excesso de pessoal. O prefeito Luiz Tadeu Leite teve a humildade de itir o erro, que imperdovel num de trs mandatos. Se erramos, estamos consertando nossos erros, cortando na carne e agindo com total respeito ao interesse pblico, disse ele no texto publicado, em que prope o que denomina de pacto de amor a Montes Claros, na esperana de conquistar apoios para o exerccio do restante de seu mandato. O apelo no chega a especificar os parceiros desse pretendido pacto, que, de qualquer forma, no parece vivel no momento em que o prefeito acaba de romper acordos polticos, perdeu espaos no legislativo onde tinha unanimidade, e se afastou de importantes aliados de campanha. Essa sequncia de acontecimentos o fragilizou politicamente, sendo muito difcil reunir os cacos de esquema que parecia slido, ainda mais considerando-se que o prximo ano ser de eleio municipal. (Waldyr Senna o mais antigo e categorizado analista de poltica em Montes Claros. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |
Por Waldyr Senna - 24/12/2010 10:04:15 |
Notcia ruim tem hora Waldyr Senna Batista Antigo princpio j integrado ao folclore poltico nacional prescreve que, em vspera de Natal e Ano Novo, no se d notcia ruim, que para no estragar a festa de ningum. Essa norma ptrea no escrita foi duplamente infringida pelo prefeito Luiz Tadeu Leite, em encontro com o pessoal da imprensa, na semana ada, quando anunciou reajuste do preo da agem de lotao e a implantao de mini-reforma tributria, eufemismo que disfara aumento do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano). O aumento do imposto foi aprovado pela Cmara, enquanto o das agens, por ser prerrogativa do prefeito, mediante decreto, ser formalizado a qualquer momento. Em tempos idos e esquecidos, o mesmo prefeito de agora criou na Prefeitura o Comutran ( Conselho Municipal de Trnsito ), j extinto, cuja funo era aprovar reajustes de agem de lotao depois de rigoroso pente-fino nos nmeros apresentados pelas concessionrias. Via de regra, os pedidos eram protelados ou sofriam cortes radicais. Na prtica, o papel do Comutran era bater de frente com as empresas e livrar a figura do chefe do Executivo do desgaste poltico provocado pelo reajuste, que, na fase de inflao galopante, ocorria com freqncia. Esse posicionamento permitia ao prefeito a alegao de que estava apenas homologando deciso de rgo de assessoramento. Agora as coisas mudaram. Com a economia estabilizada, ficou bem mais difcil promover reajustes, e o prprio prefeito se atribui a tarefa de anunci-los. Ele at os justifica com o pretexto de que o tempo decorrido longo e que as empresas encontram-se em posio desconfortvel. No importa que o reajuste anterior ainda se encontre sob efeito de liminar em face de contestao apresentada pelo Ministrio Pblico. Quanto ao IPTU, a justificativa a de sempre: defasagem entre o valor venal dos imveis e o fixado pela planta de valores elaborada com assessoria de imobilirias, que so convidadas para esse mister. Nada obstante, ao romper essa avaliao, a Prefeitura desautora as empresas, que acabam cumprindo papel meramente formal, pois a valorizao imobiliria no muda em to curto prazo. O que a Municipalidade parece desejar que o imposto se transforme em tbua de salvao devido situao sufocante com que se defronta. Mas h controvrsias quanto ao poder miraculoso da medida. O que a prtica tem demonstrado que, reajustar IPTU, em vez de incrementar a arrecadao, gera mais inadimplncia. Foi o que se viu em 1983, primeira istrao do atual prefeito, quando ele implantou cdigo tributrio que ps nas alturas as alquotas e estabeleceu medidas que pretendiam forar a ocupao de terrenos vagos. O resultado, em termos de arrecadao, no foi o esperado; e, quanto tributao das reas ociosas, os proprietrios delas sentiram que praticamente teriam de vend-las para pagar o imposto. Seria uma espcie de expropriao indireta. Historicamente, a arrecadao do IPTU em Montes Claros no supera 40% da receita lanada, o que equivale a pouco mais de R$ 10 milhes por ano, insuficiente para quitar uma folha mensal, que est em torno de R$ 14 milhes. Na tentativa de faz-la reagir, a Prefeitura tem decretado anistias, que produzem algum efeito, mas provoca a ira dos contribuintes pontuais, insatisfeitos com o privilgio concedido aos recalcitrantes. A resistncia ao pagamento de tributos em Montes Claros j serviu de bandeira eleitoral, quando um candidato a prefeito se ops ao reajuste do imposto predial lanando a campanha Vamos dar a testa, que na verdade constitua declarada desobedincia civil. Perdeu aquela eleio, mas se elegeu em outra oportunidade, vendo-se tolhido no exerccio do mandato exatamente porque a Prefeitura no dispunha de recursos e ele estava moralmente impedido de aplicar nos eleitores o remdio amargo que condenara. No o caso do prefeito Luiz Tadeu Leite, que aumentou impostos no ado e volta a faz-lo agora, apesar das evidncias de que no seria essa medida mais eficaz para alavancar a receita. (Waldyr Senna o mais antigo e categorizado analista de poltica em Montes Claros. Durante dcadas, assinou a "Coluna do Secretrio", n "O Jornal de M. Claros", publicao antolgica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. mestre reverenciado de uma gerao de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de poltica e da histria poltica contempornea do Brasil) |